segunda-feira, 9 de julho de 2007

BAIXADA URGENTE

CRUZADA CONTRA A IMPUNIDADE
Comece a luta dentro de sua casa. Chame as suas filhas, os seus filhos, tôda a família, para uma conversa, e diga-lhes que não esperem muito senão de si mesmos. Que a impunidade é a resposta que nesta terra se dá a tantos crimes contra a vida, contra a honra, contra o patrimônio. Mata-se no Rio de Janeiro, em um mês, duas vêzes mais que em Londres, em um ano. A vida de um ser humano, na Capital brasileira, é a única mercadoria deflacionária: vale apenas um pedaço de chumbo. Os bandidos cortam a barriga de um pobre chefe de família que volta para casa, roubam-lhe os embrulhos, e, sorrindo, deixam o infeliz estirado numa poça de sangue. Casais são assaltados e levam tiros no rosto. A violência, o latrocínio, a morte fria campeiam impunemente pela cidade - e não se vê uma atitude decisiva, um grito de advertência, como se estivésemos acostumados a isto, como se tudo fôsse natural. A impunidade forja os maus exemplos. Novos bandidos surgem. Novas quadrilhas de marginais se formam - e a impunidade continua. O Chefe de Polícia pode fazer justiça, fazer limpeza, livrar a cidade de assassinos irrecuperáveis - mas, apenas os assassinos que vieram dos morros, que vieram da sarjeta, que vieram do SAM desaparecem. Os abastados ficam.
Os mocinhos, filhos de pais ricos, que se divertem com a honra das meninas inexperientes, que se valem do dinheiro dos pais, do dinheiro que lhes dará a impunidade quando se tornar necessário. (E quase nunca se torna necessário, a não ser quando as coisas se agravam, como no caso Aída Cúri.)

O texto acima foi escrito pelo jornalista David Násser e publicado na revista “O Cruzeiro” de 30/05/1959, numa campanha contra a impunidade dos jovens que brutalizaram e atiraram do alto de um edifício da Zona Sul do Rio de Janeiro a jovem Ainda Cúri. Infelizmente, de nada adiantou a campanha do respeitado jornalista. O Tribunal do Júri acabou absolvendo, no segundo julgamento, os criminosos e condenando, por tabela, Ainda Cúri, a vítima. Será que veremos se repetir o mesmo enredo no caso da doméstica agredida na Barra da Tijuca?

● A crise entre a PM e o Governo do Estado se agravou depois da reunião de quita-feira, com a participação do comando da corporação, dos dirigentes de associações de PMs e do Secretário de Fazenda, Sérgio Rui. O caldo entornou de vez quando Sergio Rui anunciou que as finanças do Estado só permitiram o pagamento de um “abono’” de R$ 100 para todos os PMs, independente da graduação, mas sem beneficiar pensionistas e o pessoal reformado, inclusive por problemas de saúde. Eles já marcaram uma assembléia geral para sábado (14/07), na praia de Copacabana.
● Para complicar o quadro institucional na sensível área da Segurança Pública, um grupo de coronéis da ativa, que ocupam posição de comando na corporação, divulgou um documento, cobrando do governo do Estado o estrito cumprimento da lei. Pede, por exemplo, o retorno dos milhares de Policiais Militares, Oficiais e Praças, que se encontram à disposição de diversos órgãos e autoridades, desviados das funções para as quais foram recrutados, selecionados e formados, e ainda, ganhando gratificações, embora não exerçam funções policiais militares, sobrecarregando os Policiais Militares que continuam trabalhando e arriscando as suas vidas em defesa da Sociedade Fluminense. Hoje existem convênios para a cessão de policiais militares nos seguintes órgãos: Banco Central, Tribunal de Justiça, Ministério Público, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos”. E agora, governador?
● O site Memória Viva
(
http://www.memoriaviva.com.br/) acaba de concluir um projeto importante na história da imprensa brasileira. Trata-se da digitalização de toas as edições da revista “O Cruzeiro”, de Assis Chateaubriand, fundada em novembro de 1930 e que desapareceu no turbilhão que destruiu os “Diários Associados”, que incluíam a TV-Tupi, as rádios Tamoio e Tupi, além dos jornais “Diário da Noite” (vespertino) e “O Jornal’ (matutino), numa época em que os jornais eram ágeis na circulação das noticias, concorrendo com o rádio e a incipiente TV.
● Diante da agressão a uma doméstica na Barra da Tijuca e a impunidade dos grandes criminosos, justificando o “jargão” popular de que a PF prende e a Justiça solta, “O Cruzeiro” mostrava, há quase 50 anos, como ficaram impunes os assassinos da jovem Aída Cúri, que, de vítima, acabou como ré. Talvez a ministra Marta Suplicy tenha se inspirado no martírio da jovem, que foi jogada do alto de um edifício da Zona Sul depois de brutalizada pelos seus algozes, inclusive com o uso de garrafas..
● Para a defesa dos “filhinhos de papai”, Aiída Cúri participou porque quis do “embalo” que resultou na sua morte. Era a época dourada da “Juventude Transviada’, que provocou inúmeras curras de jovens da periferia, inclusive de Duque de Caxias. Nos anos 50/60, o bairro Capivari, por ser deserto, era o local para onde os lambretistas, que se reuniam na Praça do Pacificado, levavam as suas vítimas. Era a tristemente famosa “Turma do Esculacho”. Hoje, muito dos algozes das jovens brutalizadas e até mortas desfilam como amantíssimos pais e importantes políticos ou homens de negócios.
● Apesar da falta de apoio às atividades culturais por parte do Poder Público, o Centro de Pesquisas Teatrais de Duque de Caxias (CPT) acaba de conquistou mais um prêmio para sua coleção, desta vez no Festival de Teatro da Cidade do Rio de Janeiro, cuja premiação aconteceu no último dia 3. O grupo concorreu com outros 21 grupos e o novo prêmio soma-se a outros 25. A peça foi “A farsa do Panelada”, texto de José Mapurunga. O prêmio foi o de “melhor diretor”, para Guedes Ferraz, além de indicações para “melhor espetáculo” e “melhor atriz” (Natália Ramos) e “melhor ator” (Alex Fabiani). Do elenco faziam parte ainda André Salvador, Andréia Chaves, Edilson Sales, Marcelle Fernandez e Natália Ramos, além de Leandro Nunes (contra-regra) e Vicente Júnior (iluminação).
● No ano passado, o CPT conquistou nada menos que seis prêmios no XIII Festival de Teatro de Macaé, com a mesma peça, evento que reuniu grupos de todo o país. O grupo trouxe para Duque de Caxias os prêmios de “melhor espetáculo”, “melhor diretor”, “melhor autor”, “melhor atriz” (Natália Ramos), “melhor ator coadjuvante” (Edílson Sales) e “melhor sonoplastia”. Disputou também indicações para “melhor comunicação com o público”, “melhor atriz coadjuvante” e “melhor cenário”. O grupo foi criado em 1992 com o nome de Tudo Sob Controle, que assim ficou conhecido até 1999. Até hoje, o CPT promoveu a formação de cerca de 1.500 atores mirins e adultos através de cursos promovidos através da secretaria Municipal de Cult
ura.

Um comentário:

Wanderby disse...

Obrigado pela divulgação acerca do tratamento dispensado pelo governo do estado à Polícia Militar.