quarta-feira, 21 de março de 2012

DIRETOR DA FGV DEFENDE MAIOR
RIGOR CONTRA OS CORRPUTORES

As licitações para aquisição de bens e serviços pelo Poder Público são fundamentais para garantir a isonomia do processo, oferecendo direitos iguais a todas as empresas participantes. Alguns ajustes no modo como essas concorrências são feitas, no entanto, precisam ser feitos para evitar fraudes e combinações prévias de preços. A avaliação é do professor de direito administrativo da Fundação Getulio Vargas (FGV) Sérgio Guerra, que defende punições efetivas aos agentes públicos que ajudam a viabilizar esquemas fraudulentos.
Para o acadêmico, que atua há 25 anos na análise do direito público, uma medida simples que poderia ser facilmente implementada é a proibição da exigência de retirada física dos editais nos órgãos que promovem licitações por pregão eletrônico. Segundo Guerra, esse pode ser um instrumento de manobra para que servidores públicos mal-intencionados tenham acesso aos nomes das empresas concorrentes.
“O pregão eletrônico, em que o chamamento é feito pela internet, em tese, deveria evitar fraudes. O problema é que, em muitos casos, é exigido que os participantes retirem os editais no local da licitação. Com isso, tem-se o nome dos participantes, possibilitando que eles se organizem e cometam fraudes. A vedação dessa prática, que deveria ser prevista na estruturação dos próprios órgãos, ajudaria a evitar as fraudes porque as pessoas não saberiam quem está participando [do certame], o que garantiria um processo mais transparente e mais democrático”.
O especialista em direito administrativo destacou, ainda, que a falta de punições efetivas ou a demora para aplicação de sanções acabam colaborando para que os esquemas criminosos de corrupção se mantenham ativos. “Não vemos tantos casos de atribuição de sanções a servidores que participam desses esquemas. São, em geral, processos demorados, o que facilita a permanência de pessoas assim no serviço público”, lamentou Guerra.

LEI NÃO PUNE EMPRESAS
EM CASOS DE CORRUPÇÃO
 A denuncia comprovada de fraudes na realização de licitações num Hospital federal do Rio de Janeiro não é um caso isolado, mas uma prática que os próprios envolvidos chamam de "ética do mercado", isto é, as licitações não passam de um jogo de cartas marcadas. E o poder público é convivente com o crime ao não punir, efetivamente, os empresários envolvidos, pois o ato de corrupção é visto, da ótica do nosso caduco Código Penal, como um crime praticado apenas pela pessoa física, não envolvendo a pessoa jurídica, mesmo quando o acusado é dono ou diretor da empresa envolvida. Por isso mesmo, tão logo foi exibida a reportagem no "Fantástico" as empresas envolvidas tomaram duas decisões: demitiram os representantes nas licitações e desautorizaram toda e qualquer manifestação deles em pagar propina.
Agora, o Ministério da Saúde anuncia a abertura de investigações em todos os hospitais para apurar a existência de fraudes em outras contratações. Como sempre, a política governamental é o de colocar uma tranca em casas arrombadas. Nem o Ministério, muito menos o Governo do Estado e as prefeituras que contrataram essas empresas, são inocentes. Bastaria que os encarregados das licitações fizessem uma busca nos cartórios de distribuição da Justiça estadual e federal para descobrirem o passado nada recomendável dessas empresas.
No fim de 2010, por exemplo, o MP denunciou por suspeita de fraude sete pessoas, representantes da Toesa e funcionários da Secretaria de Saúde do estado. A secretaria também mandou abrir uma sindicância para apurar as denúncias. Por conta das denuncias, o subsecretário executivo, César Romero Vianna Júnior, contra parente do secretário Sérgio Côrtes, foi exonerado. De acordo com as investigações do MP, a Toesa receberia por ano quase R$ 5 milhões para cuidar de 111 veículos, dinheiro suficiente para a compra de uma nova frota a cada ano de contrato.
No caso da Locanty, ela responde a processos semelhantes na Justiça Federal acusada de fraudar licitações nas prefeituras de Duque de Caxias e Belford Roxo. Os processos estão paralisados porque alguns dos réus, como Ilmar Moutinho Nunes, ex-Secretário de Obras de Duque de Caxias, ainda não foram localizados e citados para responderem às acusações do MP. Funcionários da mesma empresa, contratada pela Prefeitura do Rio para rebocar e guardar veículos apreendidos, foram presos e acusados de fraudar os registros do DETRAN, apagando multas e adulterando documentos dos veículos, que eram vendidos para terceiros sem conhecimento dos respectivos donos.
Por mera coincidência, as empresas envolvidas são generosas doadores de recursos para as campanhas eleitorais, recursos divididos entre diversos partidos, segundo a máxima de que não se deve por todos os ovos num cesto só. Vai que o candidato vencedor não fora contemplado com uma substancial "ajuda"?

A OMISSÃO E A IMPUNIDADE
BENEFICIAM A CORRUPÇÃO

A estarrecedora revelação da Controladoria Geral da União, em matéria distribuída pela agencia oficial do Governo, a EBC, de que a empresa Locanty foi contratada, sem licitação, para coletar lixo na UFRJ, apesar de ter cobrado valor 180% superior em comparação aos ofertados pela empresa concorrente, revela o descaso como é tratado o dinheiro público e a impunidade garantida aos corruptores e corrputos. Segundo um empresário envolvido na fraude documentada pela TV Globo, "eu protejo o contratante e ele me protege". Só num dos itens licitados, a propina seria de R$ 130 mil para um contrato de R$ 1,3 milhão.
Para o diretor do Hospital Infantil que serviu de "laboratório para a reportagem denúnia", a propia que seria paga em apenas 4 contratos seria o suficientes para garantir a alimentação e os medicamentos necessários ao funcionamenteo daquela unidade por um ano. Isto mesmo, num só lance, os envolvidos na fraude ganharaim "por fora", o dinheiro que o Hospital necessita para alimentas e garantir os medicamentos para as crianças ali internadas. Por isso mesmo, ele tem razão ao sugerir que, em camos como esse, envolvendo o desvio de recursos da Saúde, a pena deveria ser aplicada em dobro.
O que temos, infelizmente, uma sórdida programação do tipo "Vale a Pena Ver de Novo". No início de maio de 2006, por exemplo, a Polícia Federal desbaratou uma quadrilha na operação chamada Sanguessuga – cujo montante do roubo alcançaria 110 milhões de reais, na compra de mais de 1.000 ambulâncias para prefeituras de seis estados nos últimos cinco anos. Os sanguessugas agiam no Congresso Nacional, aliciavam parlamentares para incluir emendas de compra de ambulâncias no Orçamento, prefeitos para montar licitações dirigidas e funcionários do alto escalão do governo para liberar rapidamente o dinheiro a ser pago pelas ambulâncias. As propinas eram garantidas com o superfaturamento dos veículos, que chegava a 260% do seu valor.
No final do segundo Governo Zito (2004), o Governo Federal firmou um acordo com o Governo do Estado e a prefeitura do município para a urbanização da Favela do Lixão. O projeto fora avaliado em R$ 8 milhões e resutlaria na construção de casas de alvenaria, com ruas urbanizadas. Quanto estourou em 2007 o escândalo envolvendo a empreiteira Gautama, descobriu-se que a construtora, de propriedade de Zuleido Veras, antigo executivo de outra ampresa baiana, a OAS, já havia recebido do Governo Garotinho, através da Secretaria de Recursos Hídricos, masi de R$ 43 milhões, mais de cinco vezes o orçado, deixando para trás centenas de famílias morando em barracos infectos, além de uma imensa lagoa de esgotos na entrada da Cidade para quem chega pela Linha Vermelha.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: qual a punição para os empresários, políticos e servidores públicos investigados nas operações "Sanguessuga" e "Navalha" da Polícia Federal?

FILHO DE EMPRESÁRIO CULPA
VÍTIMA PELO ATROPELAMENTO
 Acompanhado de cinco seguranças e três advogados, o jovem Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, compareceu à 61ª DP/Xerém, onde prestou depoimento por 5 horas para explicar como o correu o atropelamento que resultou na morte do ajudante de caminhão Wanderson Pereira dos Santos, de 30 anos, na noite de sábado (17).
No depoimento, Thor insistiu que estava a 100 km por hora quando o ciclista atravessou, inadvertidamente, à sua frente. O atropelador vinha de Itaipava, em Petrópolis, a caminho de casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Repete-se neste caso o que ocorreu depois de um atropelamento na porta da Câmara de Duque de Caxias, no dia 9 de maio de 2009, quando uma mulher foi atropelada e morta ao tentar atravessar a Rua Paulo Lins.
O perito que compareceu ao local, distante cerca de 100 metros da 59ª DP/Caxias, garantiu que a vítima "atropelara" o coletivo, isentando o motorista e a empresa de responsabilidade pelo acidente.
A filha única da vítima ingressou com uma ação de indenização por danos morais. Na audiência, a empresa apresentou duas testemunhas, que viajam no coletivo, mas a família da vítima não encontrou ninguém que fosse depor em seu favor. Mesmo isentada pelo perito, a empresa, num gesto de magnanimidade, concordou em pagar R$ 30 mil de indenização.
Se tentar processar o poderoso Thor, a família de Wanderson arrisca-se a ser condenada a indenizar o motorista atropelador, diante dos estragos feitos no Mc Laren do rapaz, que ostenta 51 pontos na carteira de motorista, que conquistou a pouco mais de um ano.

RÁPIDAS

Ao contrário do que foi anunciado na segunda-feira (19), o fornecimento de alimentos e os serviços realizados pelas quatro empresas flagradas oferecendo propina para ganhar licitações no hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) só serão interrompidos após a contratação de novas prestadoras
O governo do Rio informou que a substituição dos serviços essenciais nas instituições estaduais está sendo decidida caso a caso pela Secretaria da Casa Civil e pela Procuradoria-Geral do Estado. As empresas Bella Vista, Rufolo e Locanty continuam prestando serviços de alimentação, limpeza e apoio administrativo e atividades auxiliares, respectivamente, para a Secretaria de Saúde do Estado. Serão convocadas para os novos serviços as empresas que ficaram em segundo lugar nas respectivas licitações.
A assessoria do Ministério da Saúde informou que o serviço ao Hospital Federal do Andaraí, zona norte, pela empresa Bella Vista só será suspenso quando outra prestadora assumir o serviço, por meio de contratação emergencial. Empresas que prestam serviços para outros hospitais no Rio estão sendo chamadas. A cozinha do Hospital do Andaraí está em obra e a alimentação é fornecida pela Bella Vista há quatro meses, em regime emergencial, após o cancelamento com outra prestadora.
Com relação ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), ao Instituto Nacional do Câncer (Inca) e ao Instituto Nacional de Cardiologia (INC), foi publicada nesta manhã no Diário Oficial a suspensão imediata dos contratos em vigor com as empresas suspeitas de cometer fraudes em processos licitatórios. As três unidades hospitalares federais têm prazo de 30 dias para concluir o processo administrativo e adotar as medidas cabíveis. O Inca, porém, informou que não tem contrato vigente com nenhuma das empresas. 
• Segundo levantamento feito pelo Jornal do Brasil online, o pedido de CPI feito pelo deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) para apurar as fraudes nas licitações reveladas pela Rede Globo no último domingo tem um adversário de peso: o PMDB. O partido do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes recebeu R$ 1,7 milhão da Locanty, uma das empresas denunciadas no esquema de propina que envolve a licitação de contratos públicos.
• No total, a Locanty doou R$ 3,420 milhões para vários partidos nas eleições de 2010. Também foram generosamente beneficiados pela empresa o PSB (R$ 350 mil), o PSC (R$ 250 mil), o PCdoB (R$ 120 mil), o PPS (R$ 50 mil) e o PSDB (R$ 50 mil), que tem longo histórico de irregularidades.
• Em 2011, a Polícia Civil prendeu uma quadrilha de empregados da Locanty que fraudava a liberação de carros rebocados em depósitos da Prefeitura do Rio administrados pela empresa. Na ocasião, 19 funcionários foram presos e o contrato foi cancelado. Em Duque de Caxias e em Belford Roxo, a empresa também se envolveu em irregularidades.
• O Diário Oficial da União publica ontem (20) portaria da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, determinando aos diretores do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), Instituto Nacional do Câncer (Inca) e Instituto Nacional de Cardiologia (INC) o prazo de três dias para a abertura de processo administrativo.
• O objetivo é apurar a ocorrência de irregularidades nos contratos administrativos mantidos com as empresas Bella Vista Refeições Industriais, Locanty Soluções e Qualidade, Rufolo Serviços Técnicos e Construções e Toesa Service.
• A portaria recomenda que sejam adotadas as medidas cabíveis para a aplicação das penalidades e/ou rescisão, respeitado o processo legal.
• O prazo para a conclusão do processo e a adoção das medidas é 30 dias. Os diretores dos institutos deverão, paralelamente, também no prazo de três dias, a partir de hoje, apurar a conduta dos servidores públicos em relação a esses contratos, por meio da instauração de sindicância. Os diretores dos institutos deverão encaminhar relatório detalhado e cópia dos atos praticados para acompanhamento e avaliação.
• A Controladoria-Geral da União está reunindo provas para impedir que as empresas flagradas pela Rede Globo tentando fraudar uma licitação do hospital pediátrico da (UFRJ) firmem contratos com órgãos públicos federais. A reportagem, que mostra representantes das empresas fazendo acertos prévios para ganhar a licitação, foi veiculada no Fantástico, da TV Globo, no último domingo (18).
•  “A Corregedoria-Geral da União, vinculada à CGU, já iniciou investigações sobre a conduta das empresas denunciadas pelo Fantástico, com vistas a reunir elementos de prova que levem à declaração de inidoneidade de cada uma delas”, informa em comunicado, divulgado ontem (19).
• Uma das empresas citadas, a Toesa Service, está impedida pela CGU de negociar com órgãos da administração pública federal até 2013, por causa de irregularidades em contrato firmado com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro..
• As equipes da CGU já encontraram irregularidades envolvendo as outras empresas citadas. Uma auditoria em fase de conclusão, iniciada em abril de 2011 a pedido do Ministério da Saúde, aponta possível prejuízo de R$ 124 milhões em contratos de seis hospitais públicos federais no município do Rio de Janeiro. Foram fiscalizados R$ 887 milhões em contratos de aluguel de equipamentos hospitalares, obras, reformas e compra de insumos.
• No caso da Rufolo, que presta serviços de conservação e limpeza, o órgão identificou, em 2009, pagamento de aproximadamente R$ 780 mil sem previsão em contrato. No mesmo ano, a empresa Locanty foi contratada, sem licitação, para coletar lixo na UFRJ, apesar de ter cobrado valor 180% superior em comparação aos ofertados pela empresa concorrente.
• A CGU também encontrou indícios de licitações direcionadas nos hospitais, cartel nos serviços de lavanderia, limpeza e conservação de alimentos e valores superestimados para locação de equipamentos.
• Com os dados preliminares da auditoria, o Ministério da Saúde suspendeu, em janeiro, 37 contratos de obras de engenharia nos seis hospitais federais (Andaraí, Lagoa, Ipanema, Cardoso Fontes, Servidores do Estado e Bonsucesso).
• No comunicado, a CGU ainda defende a aprovação de projeto de lei com punições mais duras para empresas envolvidas em fraude de licitações, pagamento de propina a servidores públicos, lavagem de dinheiro ou maquiagem de produtos fornecidos ao governo.
• Uma das penalidades sugeridas no projeto é a aplicação de multa no valor de 1% a 30% do faturamento bruto da empresa, que também ficariam desautorizadas de receber benefícios fiscais e poderia, ainda, ser fechadas temporariamente e, até, extintas.
• A deputada Andréia Zito (PSDB-RJ) conquistou duas vitorias importantes esta semana. No senado, foi aprovado em duas votações o seu projeto, que determina o pagamento de proventos integrais aos aposentados A Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados aprovou ontem (21) a convocação da ministra do Planejamento, Mirian Belchior, para dar explicações sobre a suspensão de concursos públicos federais, determinada no ano passado.
• A segunda vitória foi a convocação da Minitra do Planejametno, Miran Belchior, para dar explicações sobre a suspençao dos concursos já autorizados para 2012. A deputada Andreia Zito (PSDB-RJ), autora do requerimento, disse que, apesar de proibir novos concursos e nomeações de servidores públicos, o governo tem elevado o número de contratos terceirizados. Como o requerimento foi para convocação, a ministra é obrigada a comparecer à comissão, em data a ser marcada.
•  “À vista das proibições, observa-se o quanto cresceu o número de terceirizados na administração pública federal. Somente no Dnit [Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes], há 1,5 mil terceirizados em setores de decisão de maneira irregular. Esse número corresponde aos contratados que trabalham em áreas ligadas à finalidade do órgão, isto é, em vagas que deveriam ser ocupadas por concursados”, disse a deputada.
• No início de 2011, Miriam Belchior suspendeu todas as nomeações de concursados para o serviço público federal. Informou ainda que o governo não iria permitir novos concursos públicos durante o ano, salvo poucas exceções. As medidas faziam parte do pacote de ajuste fiscal do governo.

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