PAÍS PERDERÁ 1 MILHÃO
DE EMPREGOS EM 2015
O país deve perder 1 milhão de vagas com carteira assinada
em 2015. Estudo feito pelo Conselho Federal de Economia indica aceleração na
queda de empregos no segundo semestre. Para a entidade, sucessivos aumentos na
taxa básica de juros têm provocado impacto direto na redução de postos de
trabalho.
Com 345 mil postos formais de trabalho extintos nos seis
primeiros meses do ano, a economia brasileira deve acelerar a diminuição de
empregos no segundo semestre. Segundo estudo do Conselho Federal de Economia
(Cofecon) divulgado nesta semana, o país deve encerrar o ano com menos 1 milhão
de vagas com carteira assinada.
Com base no estudo, a entidade recomenda ações de longo
prazo para reativar o mercado de trabalho. Para a entidade, os sucessivos
reajustes da taxa Selic, juros básicos da economia, estão provocando impacto
direto sobre a geração de empregos nos últimos anos. Nos últimos 12 meses, o
efeito intensificou-se, resultando na extinção de postos de trabalho.
De acordo com o levantamento, o início do ciclo de elevação
dos juros básicos, em abril de 2013, coincidiu com a redução da geração de
empregos, conforme as estatísticas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged), divulgadas pelo Ministério do Trabalho. Naquela época, a Selic estava
em 7,25% ao ano, no menor nível da história, e passou a ser reajustada com
alguns intervalos de estabilidade, desde então.
A partir do segundo semestre do ano passado, quando o país
passou a fechar mais postos de trabalho do que criou, a situação agravou-se. Na
época, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) segurou a taxa
básica, deixando para aumentar a Selic somente após o segundo turno das eleições
presidenciais. De lá para cá, foram sete aumentos consecutivos, que elevaram a
Selic para 14,25% ao ano, no maior nível desde outubro de 2006.
No segundo semestre do ano passado, o país fechou 176 mil
postos de trabalho com carteira assinada. Nos seis primeiros meses deste ano, o
fechamento aumentou para 345 mil vagas. Para o Cofecon, a maior extinção de
emprego indica que o reajuste da taxa Selic foi maior que o ideal, passando a
sufocar a economia.
“Os ajustes de curto prazo da política econômica têm tido
reflexo direto nas condições de vida de grande parte da população, concomitante
à ausência de um projeto que contemple políticas capazes de pavimentar uma
trajetória sustentada de crescimento”, destacou o Cofecon em nota.
Para a entidade, a redução da taxa Selic representa apenas
uma parte do processo para revigorar o mercado de trabalho. Entre as outras
medidas defendidas pelo Conselho Federal de Economia estão investimentos em
infraestrutura, com destaque para a retomada do programa de concessões; simplificação
tributária; redução da burocracia; condições favoráveis de crédito a setores
que sejam grandes geradores de emprego; além de incentivos à ciência,
tecnologia e inovação.
O Cofecon também defende o aumento da competição entre os
bancos, com a adoção de medidas que reduzam o spread bancário – diferença entre as taxas pelas quais as
instituições captam recursos e as taxas com que emprestam ao consumidor. O
indicador é considerado a principal fonte de lucro dos bancos. “É recomendável
a adoção de medidas que reduzam o spread
bancário e estimulem a concorrência no setor, na medida em que causa
espécie o aumento dos lucros dos bancos em meio à gravidade da atual crise”,
destaca o comunicado da entidade.
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