sábado, 10 de fevereiro de 2007

BAIXADA URGENTE - DENÚNCIA


VIGILÂNCIA SANITÁRIA FECHA
MATERNIDADE DA PREFEITURA DE CAXIAS

Neste domingo (11/02), quando a Igreja Católica celebra o XV Dia Mundial do Doente, os moradores da Baixada, em especial os de Duque de Caxias, não tem o que, nem como celebrar. Desde segunda-feira (05/02), estão fechados, por falta de condições mínimas de funcionamento e por tempo indeterminado, o Centro Cirúrgico e o setor de esterilização da Maternidade de Xerém, que pertence à Prefeitura de Duque de Caxias. Sem o Centro Cirúrgico e a esterilização, a Maternidade não tem mais condições de atender as suas finalidades, permanecendo apenas como ambulatório de obstetrícia. A interdição, determinada pela Vigilância Sanitária do Estado, foi o primeiro resultado da Sindicância aberta pelo Secretário de Saúde do Estado, Sergio Côrtes, depois que a adolescente Joana Gomes de Almeida, de 17 anos, que chegou à Maternidade em trabalho de parto e na boléia de um caminhão, foi transferida para o Hospital Duque de Caxias porque o único anestesista escalado para aquele domingo (29/01), não apareceu para trabalhar. Depois de passar pelo “Duque” e pela Pro Matre, a adolescente acabou tendo o bebê no Hospital do Andaraí, mas já era tarde. Adriana e o seu filho, que deveria se chamar Pedro, morreram lodo depois do parto. Por determinação do Secretário Municipal de Saúde, Oscar Berro, a interdição vinha sendo mantida em segredo, mas a notícia vazou diante da insensibilidade das autoridades com os dramas enfrentados diariamente pela população em busca de socorro médico. Além da falta de profissionais de saúde e de apoio nas unidades do Município, que tem autonomia plena para gerir os recursos do SUS – Sistema Único de Saúde – a Prefeitura acaba de suspender os contratos com hospitais e clínicas particulares, que faziam o atendimento dos mais de 15 mil servidores do Município, inclusive aposentados e pensionistas, obrigados, agora, a pagarem planos de saúde ou entrarem na fila do “Duque”, embora todos descontem 11% nos seus contracheques para a manutenção do IPMDC – Instituto de Previdência Municipal de Duque de Caxias – uma autarquia gerida por pessoal nomeado pelo prefeito.
Por ocasião do falecimento da jovem Adriana de Almeida, o secretário Oscar Berro distribuiu Nota, garantindo que foram absolutamente corretos os procedimentos adotados tanto pela Maternidade de Xerém – onde faltava anestesista para acompanhar a cesariana, já que partos em adolescentes são considerados de alto risco – como pelo “Duque”, onde a adolescentes foi atendida e mandada de volta para casa, pois não era caso para internação. A medida ora adotada pela Vigilância Sanitária estadual é uma prova de que a Maternidade de Xerém não está preparada para atender as parturientes, nem o ex-presidente do Instituto Vital Brazil e agora secretário de Saúde demonstra competência técnica e sensibilidade para lidar com os problemas da população.
O drama da saúde em Duque de Caxias, como em outras unidades da federação, não é decorrente da falta de recursos, mas da incompetência e da corrupção que campeia na área. O escândalo dos sanguessugas, onde milhões foram desviados do Ministério da Saúde na compra de ambulância superfaturas, dá bem um exemplo de como o problema da Saúde não é falta de dinheiro.
A propósito: A Polícia Federal acaba de indiciar mais 7 parlamentares no caso das ambulâncias, entre os quais estão dois ex-deputados da Baixada, o Doutor Heleno, que perdeu as últimas eleições, e Almerinda de Carvalho, que desistiu de fazer o teste das urnas.
Em apenas um mês na Secretaria de Saúde do Estado, o médico Sérgio Côrtes encontrou no Caju um hospital fechado há mais de seis anos, onde cerca de 500 funcionários recebiam salários sem trabalhar, da mesma forma que encontrou tuberculosos “internados” em macas colocadas em corredores do Hospital Estadual Getúlio Vargas, enquanto o Conselho Regional de Medicina tenta pautar a atuação do Secretário, numa atitude meramente corporativa.
Segundo PIB entre os municípios do Estado e sexto do País (superando grandes Capitais) e segundo também na pauta de exportação, só superado pela cidade de São Paulo, Duque de Caxias ainda convive com os mesmos problemas que levaram um grupo de moradores, nos anos 30, a lutarem pela emancipação do então oitavo distrito de Iguassu (grafia da época). Apesar de ter a economia ancorada nas exportações de petróleo da bacia de Campos, Duque de Caxias não tem água canalizada e esgotos em boa parte das residências, apesar dos 300 milhões de dólares investidos pelo Estado no Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, o que incluía estações de tratamento e canalização dos esgotos.
Da mesma forma, o município não tem uma política de habitação e saneamento, apesar de ter milhares de famílias vivendo em situação de risco, como ocorre na Vila Canaã, onde 45 famílias ocupam uma área embaixo das torres de transmissão de Furnas, que levam energia para o Espírito Santo, mas podem desabar a qualquer momento, conforme comprovado na ação de reintegração de posse movido pela estatal e deferia pela Justiça. Outras 250 famílias moram em barracos fincados no leito do canal Calombé, conforme levantamento feito pela Prefeitura, enquanto 1.500 moram na Vila Fraternidade, uma favela numa área de mangue cortada pelo rio Sarapuí, no Gramacho, o que impede a dragagem do curso d’água, responsável pelas enchentes não só no Gramacho, mas também no Jardim Leal e Belford Roxo.
Apesar dos graves problemas sociais e ambientais do município, o prefeito Washington Reis insiste em investir R$ 250 milhões na derrubada do Shopping Center e dos prédios ao seu redor, num fantasioso projeto de revitalização do Centro do Município. Ano passado, quando falou sobre o projeto numa reunião na Associação Comercial, Washington Reis disse que já obtivera o sinal verde do BNDES para um empréstimo de R$ 180 milhões para esse projeto. Em pouco mais de seis meses, o projeto já foi revisto para cima, chegando a R$ 250 milhões. Enquanto isso, as obras de reforma da estação, a um custo de R$ 64 milhões emprestados pelo BID, continuam em compasso de espera por falta de ................ dinheiro! Por isso, sobrou uma cratera no antigo pátio de manobras da estação ferroviária da extinta - Leopoldina (foto de Beto Dias para este blog), onde os mosquitos transmissores da Dengue agora fazem a festa!

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