domingo, 6 de setembro de 2009

BAIXADA URGENTE - especial

LANÇAMENTO DE LIVRO REÚNE
ALUNOS E MESTRES DO AQUINO

Os professores White Abrahão e Josette Campos sendo saudados pelo vereador Mazinho

O Instituto Histórico da Câmara realizou quinta-feira (3), a abertura da III Mostra de Artes Visuais: “Visões 2009”, reunindo trabalhos dos alunos da Unigranrio e, simultaneamente, o lançamento dos livros “Aquino de Araújo: a escola que eu vi crescer”, da Professora Josette de Campos Soares, e “A Ciência Secreta de Holanda Merles”, de Tadeu Fialho. A exposição ficará aberta para visitação diariamente, das 10h às 17h, até o dia 18 de setembro. Ao abrir o evento, o vereador Mazinho, presidente da Câmara, lembrou o Instituto Histórico tem o maior acervo histórico e cultural da Baixada Fluminense. “Estamos procurando um lugar maior para acomodar este acervo. Fomos à casa do falecido Messias Soares, que é histórica, mas trata-se de um lugar com muitas escadas, então estamos avaliando outros espaços. Quero parabenizar aos alunos da Unigranrio pela Mostra e aos autores por terem contribuído escrevendo uma pequena parte da nossa história”, destacou Mazinho.
A III Mostra de Artes visuais reúne trabalhos dos alunos do curso de Artes Visuais da Unigranrio e as linguagens, as técnicas e os procedimentos são os mais diversos e retratam o pensamento crítico, político e filosófico dos futuros professores, artistas e pensadores. Já o lançamento do livro da professora Josette de Campos Soares, “Aquino de Araújo: a escola que eu vi crescer”, que retrata o crescimento do Ginásio Municipal Aquino de Araújo, o primeiro da prefeitura, criado no Governo Francisco Correa, em março de 1956, o qual já foi considerado o melhor colégio público
da história da cidade. A autora, como professora e diretora, ajudou a construir a escola e participou ativamente de seu crescimento. O lançamento do livro foi prestigiado por ex-alunos e professores do Aquino, como White Abraão (na foto, com a professora Josette Campos e o verea, há muitos anos afastado de Duque de Caixas. A professora recebeu das mãos do presidente Mazinho uma “Moção de Aplausos” pelo grande serviço que prestou ao Município.
O livro de Tadeu Fialho, morador de Xerém, é um romance agnóstico, que
conta a história de uma pessoa que se aventura em viagens e descobre na Amazônia uma forma de ajudar o mundo. “O livro está, aos pouquinhos, ganhando espaço no mercado editorial e foi escolhido para estrear um programa literário na Band News”, destacou o autor.
Durante a solenidade o educador Paulo Christiano Mainhard, diretor da UERJ/Caxias (foto) foi agraciado com a medalha “Duque de Caxias”, por sua atuação na defesa da cultura da Baixada, enquanto a professora Josette de Campos recebeu Moção de Aplausos aprovada pelo Legislativo de Duque de Caxias.
Os professores White Abrahão e José Campos sendo saudados pelo vereador Mazinho.



A IMPRENSA DA BAIXADA
TEM ALGUM FUTURO?

O português Hipólito da Costa (1774-1823) é considerado por muitos historiadores como o fundador do jornalismo brasileiro pela simples fato de ter denominado “Correio Braziliense” ao jornal que fundou em Londres em 1º de junho de 1808. “Noticioso, político, independente”, segundo Juarez Bahia afirma no livro Jornal, história e técnica, o Correio precedeu em três meses à Gazeta do Rio de Janeiro, o jornal oficial lançado em 10 de setembro pela Impressão Régia de Dom João VI. Estudiosos da imprensa portuguesa, como José M. Tengarrinha, e da brasileira, a exemplo de Nelson Werneck Sodré, consideram o Correio Braziliense como um jornal português, embora o Hipólito da Costa tenha justificado a opção por Londres:
“Resolvi lançar esta publicação na capital inglesa dada a dificuldade de publicar obras periódicas no Brasil, já pela censura, já pelos perigos a que os redatores se exporiam, falando livremente das ações dos homens poderosos”. Ao contrário do que muitos pensam, como hoje ocorre em alguns países da América Latina, o “Correio Brasiliense” circulava clandestinamente, tanto em Portugal, onde era tido como um jornal português no exílio, quanto no Brasil.
O panorama da imprensa atual na Baixada Fluminense retrata a mesma situação vivida pelo “Correio Brasiliense” com a vinda da família real para o Brasil. Enquanto os governos tentam controlar a Mídia através de verbas negociadas caso a caso, os políticos em geral insistem em desconhecer o papel e a importância da Imprensa na vida política do País. A enxurrada de denúncias de escândalos nos vários níveis do governo é tratada como resultado de uma campanha sistemática de adversários de olhos voltados para 2010. Circula pela internet, inclusive, uma crônica em que o PSDB e o DEM teriam criado um fabuloso fundo financeiro para patrocinar jornalistas por todo o País, que ganhariam rios de dinheiro escrevendo qualquer coisa contra Lula e o PT. O autor desses escritos calcula que mais de cinco mil jornalistas estariam sendo subvencionados pelo tal fundo. Nem nos idos de 63/64, a CIA conseguiu, através de um tal de IBADI, reunir tantos jornalistas contra o então presidente João Goulart.
A situação da Imprensa é tão extravagante que o Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, o deputado federal Alexandre Cardoso, vem dizendo em entrevistas e palestras que a “Baixada Fluminense não tem Imprensa”. Essa posição é considerada pelos seus críticos como resultado do alheamento do Secretário de Sérgio Cabral dos acontecimentos que sacodem a vida política do País, enquanto outros garantem que essa crítica injusta aos veículos sediados na Baixada é apenas um vezo aristocrático do deputado fluminense, nascido e criado em Duque de Caxias, mas que há décadas deixou de morar na sua cidade natal.
De qualquer maneira, o assunto empolga principalmente quando vemos jornais tradicionais da região, como o “Correio da Lavoura”, de Nova Iguaçu, e a “Folha da Cidade”, de: Duque de Caxias, lutando para não sair de circulação, enquanto outros, renovando a equipe
ou reformulando sua política editorial, seguem em frente, mesmo enfrentando imensas dificuldades, como “O Municipal”, que acaba de comemorar, com uma edição especial, o seu 59º aniversário, da mesma forma que a revista “Caxias Magazine” resiste, teimosa e corajosamente, a ir para o limbo.
Basicamente, dois fatores determinam a extinção de um jornal ou revista:
1) O divórcio com os assuntos de interesse de seus leitores, que buscam novas mídias.
2) O atrelamento a um grupo político, do qual se torna refém e portavoz, com isso perdendo o seu principal capital: a independência crítica em relação aos acontecimentos da região, seja cidade, estado ou País.
No caso específico do “Correio da Lavoura” e da “Folha da Cidade”, foi a vinculação com os prefeitos que tentavam a reeleição que desviou o foco da sua redação. Ao invés de oferecer notícias e repercutir os clamores de seus leitores, os dois jornais se tornaram veículos oficiais dos prefeitos de Nova Iguaçu e Duque de Caxias. No caso do “Correio”, o seu candidato, Lindberg Farias, conseguiu vencer as eleições, mas se esqueceu de pagar o que devia pela publicidade veiculada em 2008. No caso da “Folha da Cidade”, foi a derrota do prefeito Washington Reis que deixou o jornal sem espaço e sem rumo com o novo prefeito.
Tanto lá como cá, as Prefeituras não utilizam os recursos das Assessorias de Imprensa para fazer campanha institucional, mostrando ao público o que o governo está fazendo, preferindo que os veículos publiquem apenas matérias elogiosas aos prefeitos. Na esperança de que, a qualquer momento, serão chamados para fazer uma parceria publicitária, os veículos vão definhando, por falta de apoio de anunciantes e leitores.
A mesma situação se repete a nível estadual, com Sérgio Cabral, e federal, com Lula e o PT. Como a TV tem maior abrangência, embora as notícias não durem mais do que alguns segundos, o narcisismo e a vaidade de nossos governantes falam mais alto e as verbas publicitárias, inclusive de empresas e instituições vinculadas ao governo, como Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Loterj, são direcionadas para as redes de TVs. E a imprensa regional é quem mais sofre com essa distorção na distribuição da verba publicitária do governo, sejam os jornais e rádios da Baixada, sejam do interior do Estado.
E as associações de jornais, que deveriam zelar pela sobrevivência dos veículos independente do seu tamanho ou influência, acabam fazendo coro em torno dos governantes camaradas, que liberam polpudas verbas em troca de apoio opinativo, transformando as redações em meras agências de assessoria pessoal dos nossos governantes.
E onde fica o interesse do cidadão comum, que não tem carro importado? Que anda de ônibus e trem? Que não tem plano de saúde e dorme nas filas dos postos de saúde e hospitais? E os pais cujos filhos não podem pensar no próximo vestibular porque faltaram professores e aulas em seus currículos escolares, preenchidos por força de resoluções e portarias das Secretarias de Educação?
Enquanto isso, os badalados programas sociais não tem a necessária porta de saída, isto é, um projeto de re-qualificação e re-adaptação dos desempregados, ou ensino profissional capaz de preparar a nossa juventude para novas profissões, que surgem a cada novidade tecnológica. Hoje, um jovem com diploma do ensino médio é um candidato em potencial ao desemprego por falta de qualificação profissional e experiência.
Se Zito não fosse prefeito, conseguiria um emprego de guarda da Prefeitura? Se Sérgio Cabral não fosse governador, conseguiria um emprego em algum jornal, rádio ou TV como jornalista diplomado? Se não fosse Presidente da República, Lula conseguiria um emprego de torneiro mecânico em alguma montadora? Se não fosse senador, José Sarney conseguiria passar num concurso para Procurador do INSS? Se não fosse presidente da Câmara, Michel Temer seria aprovado num concurso para o Ministério Público de São Paulo?
O que pensam e escrevem os jornalistas da Baixada, que ficaram furiosos com a decisão do STF de negar a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão? Será que não perceberam que o beneficiário direto dessa decisão foi o Sr. Luis Inácio Lula da Silva, que resolveu se transformar em jornalista para publicar suas crônicas (como matéria paga) nos jornais do interior, insatisfeito com a cobertura que hoje recebe da grande imprensa?

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