PETROBRÁS NEGA INDENIZAÇÃO
POR VASAMENTO DE ÓLEO NA BAÍA
Até hoje, os pescadores que atuam na Baía de Guanabara
esperam indenização de cerca de R$ 1 bilhão devida pela Petrobrás pelo
derramamento de 1,8 milhão de litros de óleo em 2000. Segundo o Fórum de Pescadores e Amigos do
Mar, o acidente causou uma série de impactos socioambientais e provocou a
redução de 90% da pesca na região. Pelo dano, ocasionado por um problema em
oleoduto da Petrobras, a Justiça condenou a empresa a pagar R$ 1 bilhão de
indenização.
“Até hoje, a empresa não cumpriu a decisão. Os pescadores
são idosos, doentes, empobrecidos, venderam embarcações para pagar dívidas.
Muitos morreram, suas viúvas estão abandonadas e os que sobraram não têm
sustento”, disse o ambientalista Sérgio Ricardo, que integra o fórum. “Há um
drama humano, queremos o diálogo”, completou. Procurada pela reportagem, a
Petrobras não se pronunciou sobre o caso.
Da colônia de pescadores Z-10, de Niterói, Jane dos
Santos, de 71 anos, relembrou os efeitos do vazamento. “[A baía] tinha garça
rosa, garça cinza, tinha mexilhão, peixe-carapicu, maria-preta e cocoroca. A
poluição acabou com tudo”, disse. Ela pescava 0,5 tonelada por dia antes do
acidente. Depois, a média caiu para 200 quilos. “Tirava 40 panos de rede por
dia, pescava muito, conheço todas as colônias do Rio. Parei de pescar pela
idade, aposentei com um salário mínimo. Não dava mais”, completou.
Em recebe protesto, os pescadores alertaram para
existência de óleo remanescente nos manguezais e no fundo da baía, o que tem
afetado a reprodução dos peixes e provocado o
desaparecimento de espécies.
“Todos os berçários de peixe foram consumidos pelo óleo da Petrobras”, disse o pescador Paulo Sérgio, de Niterói.
“Todos os berçários de peixe foram consumidos pelo óleo da Petrobras”, disse o pescador Paulo Sérgio, de Niterói.
“O óleo afundou, mas fica lá, matando. Você joga uma
linha e pode ver, ela volta suja de óleo. Então, todos os peixes que se
alimentavam do limo das pedras, e também o camarão, o boto, não existem mais”,
explicou Paulo Sérgio, que é da Colônia Tubiacanga. Para sobreviver, ele conta
que alguns pescadores driblam a Marinha alugando barcos para o turismo.
Para o Fórum de Pescadores, a expansão da indústria
petroleira tem ocorrido sem “critérios técnicos e sem ouvir as comunidades
impactadas” e ameaça a fauna e o meio de trabalho e vida dos pescadores. Eles
cobram o zoneamento ecológico-econômico e demarcação de territórios pesqueiros
pelo governo do estado.
A Secretaria Estadual do Ambiente também não respondeu
sobre os procedimentos solicitados pelos pescadores.(Agêncua
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