CERVERÓ GARANTE: A PETROBRÁS
COMPROU SONDAS SEM LICITAÇÃO
O
ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse à Polícia
Federal (PF) que a compra de sondas de perfuração sem licitação teve a
aprovação da então diretoria executiva da estatal, em 2006, recebeu parecer do
setor jurídico e foi feita para atender a uma necessidade específica e imediata
da estatal, mas não passou pelo crivo do Conselho de Administração, responsável
pela definição do planejamento estratégico da empresa.
O
ex-diretor prestou depoimento aos delegados na manhã de quinta-feira (15), na
Superintendência da PF em Curitiba, onde está preso. Ele confirmou que mantinha
relação de amizade com o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando
Baiano, acusado de receber propina para intermediar contratos com a Petrobras,
mas negou que tenha recebido “vantagem financeira” durante as negociações para
a assinatura dos contratos. Cerveró também afirmou que não tem contas no
exterior.
Em
depoimento de delação premiada, o consultor Júlio Gerin de Almeida Camargo
afirmou que pagou U$ 40 milhões a Fernando Soares para intermediar a
compra de sondas de perfuração para a Petrobras. No depoimento, o delator
declarou que o valor foi repassado para Soares por meio de contas indicadas por
ele no Uruguai e na Suíça.
Para
fechar o negócio, Camargo disse que procurou o empresário “pelo sabido bom
relacionamento” dele na área internacional e de abastecimento da empresa,
dirigidas à época por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, respectivamente.
Para
tratar do negócio, o delator disse que participou de uma reunião na sala de
Cerveró, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, onde também estavam
presentes o então gerente executivo da área internacional Luiz Carlos Moreira,
o então vice-presidente da Samsung, Harrys Lee, e o gerente da Mitsui no Rio de
Janeiro, Ishiro Inaguage. O ex-diretor confirmou a realização da reunião no
depoimento à PF.
Cerveró
disse à Polícia Federal que tem relação de amizade com Fernando Soares. O
ex-diretor relatou que conheceu o empresário em 2000, quando ocupava o cargo de
gerente executivo de Energia. Segundo Cerveró, Soares representava empresas do
setor de energia térmica interessadas em atuar no mercado brasileiro. A Union
Fenosa, representada por Soares, fechou um contrato a Petrobras. De acordo com
o ex-diretor, posteriormente, o empresário continuou a frequentar a Petrobras,
representando outras empresas, com atuação nas diretorias de Abastecimento e de
Gás e Energia.
Sobre a
acusação de tentar blindar seu patrimônio para evitar a apreensão dos bens,
razão pela qual ele está preso, Cerveró disse que não adquiriu patrimônio de
forma ilícita. Sobre as movimentações financeiras, o ex-diretor declarou que
precisava pagar despesas pessoais com a filha.
De acordo
com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia
16 de dezembro, Cerveró sacou R$ 500 mil em um fundo de previdência privada e
transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do
banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia
transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na
intepretação do Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor tentou blindar
seu patrimônio, e por isso, a prisão foi requerida.
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