PETROBRÁS TENTOU
IMPEDIR
O TCU DE AJUDAR À LAVA
JATO
A Petrobras tentou impedir o repasse de informações, por
parte de Tribunal de Contas da União (TCU), à força-tarefa de investigações
sobre o esquema bilionário de corrupção instalado na estatal. A título de
contribuição para os trabalhos, o TCU pretende repassar à Polícia Federal e ao
Ministério Público Federal (MPF) no Paraná dados sobre um dos projetos de
gasoduto suspeitos de irregularidade. Mas a petrolífera recorreu contra o
despacho do ministro André Luís de Carvalho determinando a remessa de tais informações,
para composição dos autos do processo sobre superfaturamento na construção da
rede de gasodutos Gasene.
O julgamento do recurso da Petrobras se dará em sessão
secreta e estava previsto para esta quarta-feira (21). Mas, segundo informações
da Agência Estado, as informações já foram encaminhadas às autoridades.
O ministro André Luíz, relator do processo, decidiu
encaminhar as informações à força-tarefa no início de dezembro, como
procedimento em caráter de urgência. Para tanto, uma autorização foi pedida ao
plenário do TCU, que agora decidirá sobre o envio do material à PF e ao MPF.
Trata-se do resultado de auditoria, em andamento no tribunal desde 2008, sobre
a rede da Gasene – o trabalho descobriu, entre outras coisas, que houve
sobrepreço de 1.800% em parte das obras, e atualmente apura se houve uso de
empresas de fachada para desviar verbas.
No despacho, o ministro alega que é responsabilidade da
força-tarefa investigar se os recursos usados na construção da rede de
gasodutos abasteceram o esquema de corrupção, uma vez não cabe ao TCU apurar a
ocorrência de crimes. Além do envio de informações, o ministro determina à
Petrobras que disponibilize aos investigadores documentação completa sobre o
projeto Gasene.
O recurso da petrolífera foi apresentado em 2 de janeiro, e
ganhou reforço: o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli também
recorreu contra os despachos, e nos mesmo moldes – anulação do despacho ou,
como alternativa, sustação de todas as suas determinações ainda não cumpridas.
Os recursos, embora constem das normas do tribunal, causaram estranheza.
“O que me causou espanto é que o envio das informações só
vai contribuir para apurar ilícitos na Petrobrás. Tudo o que pode ocorrer a
partir desse e dos demais pedidos é positivo para ela”, disse um interlocutor
da Agência Estado no tribunal.
Entre outros argumentos, os advogados da Petrobras alegam
no recurso que o ministro André Luís extrapolou suas prerrogativas como relator
ao formalizar o despacho, uma vez que o processo foi interrompido por pedido de
vista em 9 de dezembro. A empresa também aponta a não necessidade de urgência
para o repasse de informações, uma vez que as obras da Gasene já foram
concluídas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário