LAVA JATO EM SÃO PAULO CHEGA MAIS PERTO DE JOSÉ DIRCEU
Agentes da Polícia Federal (PF) apreenderam hoje (21), na
13ª fase da Operação Lava Jato, 60 quadros e duas esculturas que pertenciam ao
empresário Milton Pascowitch, que teve prisão preventiva decretada na nova fase
da operação. Para a PF e para o Ministério Público Federal, as obras de arte
eram usadas para lavar dinheiro oriundo do esquema de corrupção em contratos da
Petrobras.
Das obras de arte apreendidas hoje, 40 estavam na casa de
José Adolfo Pascowitch, irmão de Milton Pascowitch, e 20 quadros e as duas
esculturas na casa do próprio Milton. “É uma característica que está se
repetindo nos alvos investigados [pela Lava Jato] até agora”, frisou o delegado
da PF Igor Romário de Paula. Milton Pascowitch será levado ainda hoje para a
carceragem da PF, em Curitiba.
Segundo o delegado, há contra o Milton Pascowitch –
apontado como um dos operadores financeiros da organização criminosa que
fraudava contratos entre empreiteiras e a Petrobras – “farta documentação” que
comprova o uso de obras de arte como pagamento de propina. “Ele repassava
recursos de corrupção para Renato Duque [ex-diretor da Petrobras] por meio do
pagamento de obras de arte. Milton Pascowitch está envolvido no esquema de
lavagem de dinheiro dessa forma e se vierem novas fases, isso vai ficar
evidenciado.”
De acordo com procurador da República Carlos Fernando de
Lima, Milton Pascowitch foi citado diversas vezes pelo ex-vice-presidente da
empreiteira Engevix Gerson Almada, em delação premiada, como intermediário do
pagamento de valores do esquema de corrupção na Petrobras para o PT e para o
ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que cumpre prisão domiciliar no Rio de
Janeiro.
“Nesse sentindo, não temos claro o que Gerson Almada chama
de Partido dos Trabalhadores, ou quem eram essas pessoas dentro do partido que
recebiam os recursos. Nesse momento, o único vínculo claro é com a empresa [de
consultoria] JD [do ex-ministro José Dirceu]”, disse Lima.
O procurador acrescentou que o pedido de prisão preventiva
de Pascowitch foi motivado pela “reiteração” das atividades criminosas investigadas
mesmo depois do início da Lava Jato. Pascowitch é dono da Jamp Engenheiros
Associados Ltda, e considerado um dos 11 operadores do esquema na Diretoria de
Serviços da Petrobras, comandada na época por Renato Duque.
“Na verdade, o que temos é uma reiteração criminosa que não
temos dúvidas que será objeto de uma ação penal próxima. Como fizemos o pedido
de prisão, já temos claramente a ideia de que vá ser feita uma denúncia sobre
os fatos. De qualquer maneira, o motivo [do pedido de prisão] foi a garantia da
ordem pública e a própria reiteração criminosa. Esse tipo de conduta tem sido
reiteradamente aceita pelos tribunais como motivação para as prisões
preventivas”, explicou o procurador.
Além das obras de arte, também foram apreendidos documentos,
carros e mídias em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Henry Hoyer
de Carvalho, citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo
doleiro Alberto Youssef como um dos operadores do esquema, foi preso hoje
porque os agentes da PF localizaram na casa dele, onde era cumprido um dos
mandados de busca e apreensão, uma arma de porte restrito sem documentação.
A Polícia Federal cumpriu seis mandados judiciais, sendo
quatro de busca e apreensão - um no município mineiro de Itanhandu, um no Rio
de Janeiro e dois em São Paulo - um de condução coercitiva, cumprido em São
Paulo, e um de prisão preventiva, também na capital paulista.
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