MAGISTÉRIO: ESTADOS E
MUNICÍPIOS
NÃO TEM COMO GARANTIR NOVO
PISO
Na audiência da Comissão de Educação da Câmara dos
Deputados, nesta terça-feira (19), o representante do MEC, Binho Marques,
reconheceu, que vários estados não pagam o valor mínimo do piso salarial dos
professores da educação básica e que jovens não querem mais seguir a carreira
de magistério. Atualmente, em oito estados brasileiros os professores estão em
greve. Esses e outros temas foram debatidos durante audiência pública da
Comissão de Educação da Câmara sobre os impactos do piso salarial dos
professores nos estados e municípios brasileiros. Binho Marques citou pesquisa
segundo a qual apenas 2% dos alunos de ensino médio manifestaram interesse em
seguir a carreira do magistério.
Apenas 13 estados e o Distrito Federal cumprem a Lei do
Piso (11.738/08), somando-se além dele as horas de atividade dos professores
(extracurriculares). Estados e municípios dizem que não possuem receita para
cumprir a lei.
Ao longo de seis anos (2009-2015), o piso salarial sofreu
reajuste de 87%, com ganho real de 37%. “Poderíamos comemorar, mas esse aumento
não foi para todos. Nem todos cumprem a lei”, disse o secretário de
Articulações com os Sistemas de Ensino do MEC, Binho Marques.
Atualmente, oito estados (SP, PR, SC, PA, SE, GO, PE e MS)
convivem com greve de profissionais do magistério. Com exceção do estado de
Pernambuco, onde a greve está, temporariamente, suspensa, todos os demais
estados estão com estes profissionais parados. A principal bandeira é a
valorização do profissional da educação e reajuste salarial.
Para Binho, a solução poderá ser resolvida com a criação do
Sistema Nacional de Educação, no qual propostas de alocação orçamentária e
discussões sobre melhorias no piso salarial poderiam ser discutidas.
Este ano, o Ministério da Educação anunciou uma atualização
de 13,01% no piso salarial nacional do magistério. Com isso, o vencimento
inicial da categoria passa de R$ 1.697,39 para R$ 1.917,78 em todo o País.
A Lei do Piso estabelece o valor mínimo a ser pago aos
profissionais do magistério público da educação básica, com jornada de 40 horas
semanais. O valor é calculado com base na comparação da previsão do valor
aluno-ano (índice VAA) do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) dos dois últimos
exercícios.
Entre outros elementos que dificultam o cumprimento da lei,
segundo o MEC, estão: reajustes no mês de janeiro, sem o orçamento apurado do
Fundeb pelo governo federal; planos de carreiras inadequados; incompatibilidade
com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); dificuldades na complementação do
orçamento por parte da União; e baixa arrecadação, do ponto de vista da geração
de receita.
Segundo Binho Marques, o Estado deve “garantir qualidade de
ensino em todas as partes do País e, para isso, torna-se necessário a
valorização do profissional e, principalmente, do cumprimento da Lei do Piso”.
Para a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO),
a valorização está também no cumprimento da lei. “Entendo que é preciso fazer
uma racionalidade, sim, mas devemos reconhecer que os estados e municípios
precisam de ajuda também. Precisamos reconhecer isso”, ressaltou Dorinha, que
afirmou que não há tempo para discussões prolongadas em torno do tema.
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