quinta-feira, 9 de julho de 2015

PETROBRAS FECHA POLO NAVAL
E GERA EMPREGOS NA CHINA
 Uma comitiva da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados foi ao município de Charqueadas (RS) para investigar os efeitos do fechamento da empresa Iesa, que fabricava módulos de plataformas de petróleo para a Petrobras. A estatal rompeu o contrato com a Iesa no fim do ano passado, em meio a denúncias relacionadas à Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O fim do contrato resultou na demissão de 1,3 mil trabalhadores da Iesa, que também deixou de pagar a fornecedores e prestadoras de serviço, o que prejudicou toda a economia do município, que é a base do polo naval do Jacuí.
Iesa fechada e peças para sondas
abandonadas no fundo do quintal
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Liderada pelo presidente da comissão, deputado Benjamin Maranhão (SD-PB), a comitiva visitou na última sexta-feira (3) a fábrica da Iesa, que hoje possui apenas 30 funcionários que atuam na fiscalização do patrimônio restante. No pátio da empresa, há módulos de plataforma de petróleo incompletos que deveriam ter sido destinados à Petrobras, mas que não ficaram prontos devido ao fim do contrato. Esse material poderá virar sucata caso a estatal não decida pela retomada da fabricação.
A Petrobras rompeu o contrato com a Iesa no ano passado por causa do aumento de custos do projeto de construção dos módulos. A estatal, no entanto, já gastou cerca de R$ 260 milhões com os equipamentos que hoje estão abandonados. Já a Iesa investiu R$ 80 milhões na fábrica.
O fechamento da Iesa criou um efeito dominó, prejudicando as empresas fornecedoras. É o caso da Metasa, também localizada no polo naval em Charqueadas, que produziu equipamentos contratados pela Iesa. “A Metasa tem equipamentos que foram avaliados em R$ 40 milhões sem ter a quem entregar. Enquanto isso, a Petrobras fez essa mesma contratação desses equipamentos na China. É preciso esclarecer isso", disse Benjamin Maranhão.
O prefeito de Charqueadas, Davi Gilmar, quer garantir que, pelo menos, a estatal contrate outra empresa para ocupar o lugar da Iesa. “É uma região de mais de 200 mil habitantes que trabalhou, se envolveu em cima do polo naval do Jacuí e que, hoje, se encontra frustrada", afirmou.
O deputado Marcon (PT-RS), que integrou a comitiva, ressaltou que houve uma vitória quando a Petrobras decidiu voltar a investir em plataformas de petróleo na cidade de Rio Grande (RS). Ele espera que a mobilização da comunidade em Charqueadas resulte no retorno de postos de trabalho para o município.
"Deram um calote nos empresários daqui. Isso não se faz. Aqui é gente séria. O povo que mora aqui é sério e trabalhador", disse o parlamentar.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Charqueadas, Nairo Delfin, afirmou que a Iesa inicialmente gerou enorme expectativa, mas depois provocou um grande desânimo na população do município. “Fornecíamos para a Iesa e ela deixou de pagar muitos colegas empresários, que ficaram com dívidas. Até hoje estamos passando por esse problema”, declarou.

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