JUSTIÇA ANULA LAUDO DO INEA
E PROÍBE NOVO LIXÃO EM MAGÉ
Na sessão da última quarta-feira e por unanimidade, os três
Desembargadores da 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
anularam a licença ambiental concedida pelo INEA para a construção de um aterro
sanitário em Magé, semelhante ao do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias e
fechado pela Comlurb em junho de 20130
Os integrantes da 20ª Câmara Cível entenderam que há sérias omissões e
irregularidades no projeto apresentado e na licença concedida pela SEA /INEA
para o tal aterro, pois havia sérios riscos de danos ambientais imensuráveis
caso o aterro, na forma e local em que foi projetado, fosse implantado.
Entre as principais ameaças ao ecossistema da Baía de Guanabara e ao
patrimônio histórico cultural destaca-se o fato de os empreendedores não terem
realizado prévios estudos de arqueologia, obrigatório de acordo com a Portaria
IPHAN no. 230 de 17/11/2002. Segundo o EIA-RIMA (estudo de impacto ambiental) a
área teria "alto potencial arqueológico". No entorno do
empreendimento existem importantes bens de valor arqueológico e cultural como:
Porto da Estrela, leito da Estrada de Ferro de Mauá e Paiol referente à Guerra
do Paraguai e comunidades remanescentes de quilombos.
Também não foi analisado no EIA-RIMA a presença de espécies de peixes
endêmicos (rivulídeos) ameaçadas de extinção que constam da Lista Vermelha do
IBAMA e na lista de espécies ameaçadas do ICMBIO.
O empreendimento provocaria ainda aumento do risco de inundações na
região que é área de recarga de aquíferos e rios, portanto trata-se de uma área
considerada de extrema vulnerabilidade à enchentes.
O mega-aterro sanitário da empresa Terra Ambiental previa o recebimento
de 3.000 toneladas/dia, enquanto o município de Magé gera apenas 200
toneladas/dia, ou seja, a produção de resíduos do município seria inferior a
10% da capacidade diária de recebimento de resíduos do CTR.
O empreendimento também deixou de analisar outras Alternativas
Locacionais e não levou em conta a legislação municipal, nem a existência de
uma Unidade de Conservação da Natureza, a APA (área de proteção ambiental) da
Estrela, primeira Vila erguida na região na época da colonização portuguesa,
sendo uma das 6 primeiras criadas pela Coroa no Brasil Colônia. A vila de
Estrela abrangia toda a Baixada Fluminense, estendendo-se até a bacia do rio
Paraíba do Sul nas proximidades da atual cidade de Juiz de Fora.
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