CPMI DA PETROBRÁS TERÁ
UM ENTERRO DE TERCEIRA
A
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou irregularidades
na Petrobras, tem reunião marcada para esta quarta-feira (10), às 14h30, quando
será divulgado o relatório final do deputado Marco Maia (PT-RS). Em quase sete
meses de investigação e 23 reuniões, a comissão não conseguiu avançar em
relação às investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, deflagrada
em março. Assim, mais uma CPI para investigar os negócios da Petrobrás chega a
um fim melancólico, num enterro de terceira categoria arquitetado pelo Governo
e cumprido rigorosamente pela base aliada no Congresso.
O
relatório deverá tratar dos quatro eixos de investigação: a compra da refinaria
de Pasadena, nos Estados Unidos; denúncias de pagamento de propina a
funcionários da Petrobras; falta de segurança nas plataformas; e
superfaturamento na construção de refinarias.
Na
opinião do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o relatório final de Marco Maia
será incompleto. “Ele foi colocado pra fazer algo que não produzisse resultado,
vai estar cumprindo uma missão. A gente não pode ser ingênuo”, afirmou.
Para o
deputado Afonso Florence (PT-BA), que está como relator substituto até o
retorno de Maia, a expectativa é produzir um relatório com base nos documentos
que chegaram à comissão. “É mais uma espetacularização dos deputados de
oposição, que não investigam, mas jogam para a plateia o tempo todo”,
respondeu.
Florence
argumentou que é impossível dimensionar o prejuízo resultante da falta da
documentação da delação premiada que a CPI não pôde consultar. Ele lembrou que,
apesar de uma série de tentativas, o Supremo Tribunal Federal não compartilhou
esses depoimentos. “Nós não podemos antecipar se o relatório ficará incompleto
porque não sabemos o conteúdo da delação premiada. A delação premiada diz
respeito à corrupção em cartel não só na Petrobras, mas também à lavagem de
dinheiro em outros espaços da economia brasileira”, afirmou Florence.
O relator
interino assegurou, no entanto, que a comissão conta com material suficiente
para produzir um relatório final consistente. Florence ressaltou que o
Congresso tem responsabilidade com a Petrobras, com os ativos da empresa,
acionistas e com a opinião pública. Ele lembrou ainda que há possibilidade de
uma nova CPI da Petrobras ser instalada no ano que vem.
O doleiro
Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal e acusado de operar esquema de
propina paga por empreiteiras, e mais sete pessoas tiveram seus sigilos
bancário, fiscal e telefônico quebrados, entre eles as filhas e genros de Paulo
Roberto Costa e o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, também teve
seus sigilos quebrados de janeiro de 2005 a maio de 2014. Segundo Costa, ele
seria o responsável no PT por receber propina do esquema que teria desviado R$
10 bilhões da Petrobras. Ao total foram 450 requerimentos aprovados.
Outros
460 pedidos de análise ficaram engavetados. Entre eles está a quebra dos
sigilos telefônico, fiscal e bancário do representante da empresa holandesa SBM
Offshore no Brasil, Júlio Faerman, e de três empresas ligadas a ele. Há a
suspeita de que ele seria o intermediário do pagamento de propina a
funcionários da Petrobras, confirmado pela SBM depois de acordo com o
ministério público holandês.
Florence
ainda não sabe se caberá a ele a tarefa de apresentar o relatório final, ou se
o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT-RS), estará apto a fazê-lo.
Marco Maia sofreu um acidente de moto e está afastado das atividades desde 8 de
novembro. (Com Agência Senado)
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