TCE AMPLIA AUDITORIA NO
SETOR DE SAÚDE DA PMRJ
O Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) determinou
que os 19 policiais militares suspeitos de envolvimento no desvio de R$ 7,9
milhões em compras de materiais médico-hospitalares, feitas em 2014 para
unidades de saúde da corporação, apresentem defesa ou recolham aos cofres
públicos o montante do prejuízo causado ao erário. Também foi determinada pelos
conselheiros a ampliação da auditoria para análise das compras nos últimos
cinco anos.
Cópias do relatório, apresentado pelo conselheiro José
Gomes Graciosa, foram encaminhadas ao Ministério Público Estadual e à
Secretaria de Estado de Segurança Pública, para embasar as investigações
criminais que já estão sendo feitas por esses órgãos. O presidente do TCE-RJ,
Jonas Lopes de Carvalho Júnior, solicitou ao secretário de Segurança, José
Mariano Beltrame, proteção para os técnicos do TCE encarregados da auditoria.
"Os servidores da equipe de auditoria estão se sentindo amedrontados em
razão de estarem tratando com maus policiais que desonram a farda que
usam", justificou o presidente.
Técnicos do TCE esmiuçaram sete processos, relativos a
quatro empresas fornecedoras, num total de R$ 13,9 milhões em compras feitas em
apenas um ano. Mais da metade do dinheiro desviado (R$ 4,2 milhões) refere-se à
compra de ácido peracético – utilizado para esterilizar instrumental cirúrgico
–, da empresa Medical West Comércio de Produtos Médico-Hospitalares Ltda.
Constatou-se uma quantidade excedente de 71.190 litros do ácido, uma vez que o
volume pago foi de 71.500 litros, e o consumo, em 2014, pelos hospitais, foi de
apenas 310 litros. Na realidade, somente 100 litros foram entregues, no
Hospital da PM em Niterói (HPM Nit).
A atuação dos acusados se dava, de maneira geral, por meio
de adesão a atas de registro de preços, um instrumento legal, para dar
agilidade ao Poder Público. Esse sistema de compra no setor público funciona da
seguinte maneira: um órgão público faz uma ata de registro de preço, licita e
encontra o menor preço de determinado produto. Existe a possibilidade legal de
outro órgão público aderir à ata para comprar aquele produto pelo menor preço.
Segundo Jonas Lopes, os policiais militares envolvidos "procuravam atas
Brasil afora, com materiais para pedir, e faziam o caminho inverso: ao invés de
primeiro ver o que precisavam, procuravam saber, ou eventualmente eram
procurados pelas empresas habilitadas nessas atas, para a compra de materiais,
muitas vezes desnecessários e em quantidades absurdas".
Durante a execução dos trabalhos de campo, foram
identificadas, dentre outras, as seguintes irregularidades: pagamento indevido
por produtos não entregues; documentos falsificados; inversão cronológica dos
atos de formalização processual; produtos adquiridos em quantidades superiores
às necessárias, produtos adquiridos com especificação incompatível com as
necessidades; atestação falsa; recebimento de produtos por documento diverso da
nota fiscal; recebimento de produtos diferentes dos especificados na nota
fiscal; recebimento de produtos sem cobertura contratual; impropriedades na
formalização dos processos; ausência de registro contábil dos materiais médicos
hospitalares; ausência de registro individualizado dos materiais
médico-hospitalares; excesso de materiais de baixo consumo e falta de materiais
essenciais; ausência de inventário anual e condições inadequadas de
armazenamento dos materiais médico-hospitalares.
As irregularidades e as fraudes causaram prejuízos ao Fundo
de Saúde da Polícia Militar (Fuspom), que é uma das principais receitas do
Fundo Especial da Polícia Militar (Funespom), destinado a promover melhorias
nas condições de trabalho da PM. "Nós vamos ampliar a investigação para
todas as atas de registros de preços e todo o gasto feito com o Funespom. Para
se ter uma ideia do montante de recursos, de uma receita de R$ 194 milhões,
foram empenhados e gastos R$ 144 milhões, só no ano de 2014. É importante
lembrar que essa quadrilha está roubando os próprios policiais militares,
porque são eles que contribuem para esse fundo com 10% do soldo",
ressaltou Jonas Lopes.
A lista dos
investigados é liderada pelo Coronal Décio Almeida da Silva, que ocupou o cargo
de
Subdiretor-Administrativo
da Diretoria-Geral de Saúde no período de 20/12/13 a 06/09/2014.
Já a lista de empresas
envolvias nas fraudes denunciadas pelo TCE é comporta por Gama Med 13 Comércio
e Serviços Ltda. Feruma Comercial Ltda, Vide Bula Importação e Exportação
Produtos Hospitalares Médicos Ltda e Medical West Comércio de Produtos Médico
Hospitalares
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