MP DENUNCIA MAIS QUINZE PMS
ENVOLVIDOS NO CASO AMARILDO
O Ministério
Público Estadual denunciou mais 15 policiais militares por participação na
tortura e morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, na comunidade da
Rocinha, no dia 14 de julho. A informação foi divulgada hoje (22) por
promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco),
do Ministério Público.
Desses 15 agentes,
três tiveram a prisão preventiva decretada: os sargentos Reinaldo Gonçalves e
Lourival Moreira e o soldado Vagner Soares do Nascimento. Eles se somarão aos
dez policiais militares que já foram denunciados e estão presos, entre eles o
major Edson Santos, ex-comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da
Rocinha, e o tenente Luiz Medeiros, ex subcomandante da unidade.
Dos 25 já
denunciados à Justiça, todos estão sendo acusados de tortura e 17 também
responderão por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por
fraude processual.
A nova denúncia de
envolvimento de mais 15 policiais foi obtida depois de cinco depoimentos de PMs
obtidos pelo Ministério Público. As testemunhas permitiram saber o que ocorreu
na noite de 14 de julho. Segundo os promotores, havia 29 policiais militares de
serviço na UPP naquele momento.
O major Edson
Santos mandou prender Amarildo e levá-lo para a UPP. O objetivo era
interrogá-lo para descobrir onde estavam escondidas armas e drogas da quadrilha
que controla o tráfico na Rocinha.
Depois de chegar à
sede da UPP na comunidade, Amarildo foi levado para os fundos e pelo menos
quatro policiais começaram a torturá-lo, de acordo com a promotora de Justiça
Carmen Eliza de Carvalho. “Ele foi torturado por meio de asfixia com saco na
cabeça, saco na boca, choques de arma taser e afogamento em um balde de água.”
De acordo com o
MP, um policial militar ainda tentou tirar os PMs da UPP do foco das
investigações forjando uma ligação. As investigações indicam que o soldado
Marlon Campos Reis ligou para um telefone grampeado pela Justiça fingindo ser
um traficante da Rocinha e assumindo a autoria da morte de Amarildo. Mas uma
perícia do MP detectou que a voz era do soldado e não do traficante.
“Ele e o soldado
Douglas Vital foram para o bairro de Higienópolis [na zona norte] com um
celular apreendido pela polícia na Rocinha e ligaram para um telefone que eles
sabiam que estava sendo interceptado [por investigações da Polícia Civil contra
o tráfico na Rocinha]. As antenas [da empresa de telefone] demonstram que os
celulares de Marlon e Vital estavam naquele local, na mesma data e hora [da
ligação em que Marlon fingiu ser o traficante”, disse a promotora.
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