segunda-feira, 4 de setembro de 2006

BAIXADA URGENTE - DENÚNCIA

SEGURADORAS EXCLUIRAM
A BAIXADA DO MAPA DO RJ

► A pretexto do elevado índice de roubos e furtos de automóveis na região, as principais seguradoras do País resolveram excluir a Baixada Fluminense dos seus planos de atuação. A decisão afetou, inclusive, as corretoras de seguro, que tiveram que desativar suas sedes na região, concentrando-se única e exclusivamente na Capital, com a conseqüente perda de ISS para as prefeituras da região. Para dificultar a concessão do seguro, as corretoras - que deveriam ser fiscalizadas pelo Governo através do IRB - estão impondo um sobrepreço ao prêmio cobrado,chegando a 30% do valor do veículo, três vezes maior que o prêmio cobrado em cidades do interior e alguns bairros da Capital. A Baixada Fluminense é, efetivamente, um importante mercado consumidor, reunindo dezenas de revendas autorizadas das principais montadoras do País, além de centenas de lojas de venda de usados, onde a queda nas vendas está levando ao fechamento de dezenas de empresas. Domingo, um cidadão que pretendia comprar uma Fiat Uno, ano 94, em bom estado, por R$ 8.000,00, desistiu do negócio ao ser informado por seu corretor de seguros que o prêmio cobrador pelas seguradoras para veículos desse padrão, cujos proprietários residam na Baixada, seria em torno de R$ 3 mil, isto é, em três anos, ele pagaria de prêmio de seguro um valor superior à compra de um novo carro de mesmo modelo e estado de conservação. Ele desistiu da compra e vai partir para um Zero, pela facilidade de financiamento - em até 72 meses - e pelo custo reduzido do seguro, que pode ser de apenas 10% do valor do veículo de algumas marcas e modelos. O prêmio mais barato, segundo corretores, é cobrado pelo modelo Celta, da GM, ao passo que o prêmio para Uno e Pálio, fabricados pela Fiat, tornou-se inviável.

► As seguradora - que criaram áreas de "exclusão comercial" no Estado do Rio - deveriam ser fiscalizadas pelo IRB, uma das fontes do mensalão como comprovou a CPI dos Correios e controlado pelo ex-deputado Roberto Jéferson desde o início do Governo Lula. Como o IRB perdeu a sua função principal - a de fiscalizar o mercado segurador - o consumidor, principalmente o proprietário de uma modesta Uno modelo 93/94, acaba pagando até R$ 3 mil de prêmio, por ano, ou se arriscar a rodar pelas despoliciadas rodovias federais, como Presidente Dutra, Washington Luis, ou Linhas Vermelha e Amarela.
► Na semana passada, num gesto de desespero, um jovem morador do 25 de Agosto, em Duque de Caxias, tentou enfrentar um bandido armado, que queria o seu carro, um Santana, modelo 2001, avaliado em R$ 19 mil reais. Como não pode pagar o valor cobrado pelo seguro, o rapaz enfrentou o ladrão, que fez diversos disparos, mas, felizmente, errou todos. O roubo foi pela manhã, no Parque Beira Mar, próximo ao local do atentado sofrido pelo vereador Tião do Táxi e os pais do jovem tresloucado estão em estado de choque até hoje.
► Não são apebas os moradores da Baixada que sofrem com a discriminação oportunista das seguradoras. Alguns locais do Rio de Janeiro também foram catalogados como "área de exclusão", como as ruas Ápia e Corinthians, na Vila da Penha. Segundo corretores de seguros, os moradores dessas vias não podem fazer seguro.
► O comandante do 15º Batalhão da PM parece concordar com a posição das seguradoras, ao informar que a culpa pelo elevado índice de roubos e furtos de carros nos bairros 25 de Agosto, Paulicéia e Parque Duque é conseqüência do elevado padrão de vida dos moradores desses bairros, ao invés da ineficiência da Polícia para combater os criminosos, como pensa a maioria da população desprotegida..
► Para o responsável pela Segurança em Duque de Caxias, os moradores afrontam os "pobres ladrões" com a exibição de seus possantes "pálios", "unos", "corsas" e "gols" pelas ruas da cidade. Talvez, por isso mesmo, o comando da PM mantenha uma viatura e policiais na Rua Professor José de Souza Herdy, estrategicamente postados na calçada da Matriz de Nossa Senhora de Fátima. Certamente o comando da PM teme pela segurança da caixinha de esmolas do irrequieto Padre Marcos. Ou será porque a Igreja, por feliz coincidência, fica em frente à residência de uma conhecida autoridade?
► Talvez, por tudo isto, o senador Sérgio Cabral, a poucos dias da eleição, tenha começado a falar mal da Segurança no Estado, tentando, desesperadamente, desvencilhar-se do (agora) inconveniente apoio do casal Garotinho. O prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, que usa toda a sua influência no apoio ao candidato do PMDB, deve colocar as suas barbas de molho. Apesar do senador haver indicado diversos secretários de Caxias - como o de Fazenda e o Procurador Geral - o prefeito só tem tido decepção com o desempenho administrativo e político desses afilhados de Sérgio Cabral.
► Dentro de 40 dias deverá começar a funcionar, na nova sede da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho, ao lado da Justiça do Trabalho, a Funerária Popular, que se responsabilizará pelos sepultamentos gratuitos de pessoas que não possam pagar os preços exigidos pela concessionária dos cemitérios. Só terão direito ao sepultamento gratuito os moradores do Município e a Secretaria de Desenvolvimento Social já foi autorizada a comprar as urnas mortuárias, que serão fornecidas pelo Município.
► Embora simples, serão de boa construção, de maneira a garantir dignidade e segurança no transporte dos corpos entre as capelas e a sepultura. Até lá, o atendimento continuará a ser feito pela Secretaria, que encaminha a família beneficiária para a concessionária, a quem cabe providenciar a remoção do corpo, bem como garantir o sepultamento. Com relação à administração dos cemitérios, a prefeitura deverá assumir este serviço, como era feito até 1971, em face da extinção do contrato de concessão. Para tanto, a Prefeitura deverá recriar o antigo Serviço de Administração dos Cemitérios, com quadros de funcionários para cuidarem dos sepultamentos, em lugar da Funerária, que desde o início dos anos 70 cuida de tudo em forma de monopólio.
► Segundo um jornal do Rio, beneficiário das verbas milionárias de propaganda do Governo do Estado, o ex-governador Antony Garotinho estaria arrependido de ter avalizado a candidatura do senador Sérgio Cabral. Essa seria a verdadeira causa da aparente apatia com que o ex-governador vem se comportando, a menos de 30 dias do pleito, apesar de ter o comando do PMDB/RJ. Segundo uma raposa da política da Baixada, Garotinho tentaria mostrar fôlego político ao transformar no deputado federal mais votado do Estado o insosso Pudim, que disputou as eleições para prefeito de Campos e tantos problemas criou para o ex-governador.