BAIXADA URGENTE - DENÚNCIA

A SUCESSÃO DE LULA AGORA
PASSA POR DUQUE DE CAXIAS

No palanque, só o diretor do Hospital, Oscar Berro, Sergio Cabral, o Presidente Lula e o Ministro da Saúde, Jo sé Gomes Temporão (Foto:SECOM/PMDC)

Os amigos do prefeito justificam a decisão de Lula – de participar da inauguração parcial do novo hospital – com a entrada de FHC na campanha de Zito. Para os “queremistas do 15”, só Lula poderia responder, à altura, o desaforo do ex-prefeito ao trazer José Serra (ex-presidente da UNE que ficou escondido na “fortaleza” do então deputado Tenório Cavalcante até conseguir embarcar, como refugiado político, para o Chile) e o ex-presidente da República e um dos fundadores do PSDB. Embora um tanto fantasiosa, essa versão revela que a sucessão de Lula, até agora disputada aos tapas apenas em S. Paulo e Belo Horizonte, desembarcou de vez no Estado do Rio e com Duque de Caxias (onde o PT, coligado ao PMDB, enfrenta o PSDB) transformado-se em “campo de testes”, não só pelos seus 500 mil eleitores e um orçamento de mais de R$ 1 bilhão por ano, mas também e principalmente, pelo fato da polarização entre Washington Reis e Zito, reproduzir no Rio a acirrada disputa entre PT e PSDB, mas sem afetar as bases de sustentação do Governo Federal.
Na Capital fluminense, por exemplo, os partidos que apóiam Lula disputam, palmo a palmo, favela a favela, os votos dos cariocas, mas com candidatos diferentes. O PSB de Alexandre Cardoso preferiu Jandira Feghalli, do PC do B, enquanto o PMDB, de Sérgio Cabral, lançou o ex-tucano Eduardo Paes, que disputa a liderança nas intenções de voto com o Bispo (licenciado) Marcelo Crivella, do PRB, envolvido no escândalo em torno das obras do Morro da Providência, onde três rapazes foram entregues por soldados do Exército a traficantes do Morro da Mineira, que os executaram e jogaram seus corpos no lixão do Jardim Gramacho. Em Nova Iguaçu, o prefeito Lindberg Faria, do PT, disputa a reeleição contra o deputado Nelson Bornier, do PMDB, que apóia Lula. Por exclusão, sobrou Duque de Caxias. Resta saber se a lenda de que, com seu prestígio, Lula será capaz de eleger um poste, não terminará como uma grande “abóbora” nas mãos do atual prefeito, que não entende de agricultura.

VIADUTO DO GRAMACHO, UM
SONHO DE MAIS DE 50 ANOS

Há mais de 50 anos os moradores do Gramacho esperam pelo fechamento da perigosa cancela (Foto:Albrto Ellobo)

Incluído no PAC de Duque de Caxias, o viaduto do Gramacho, que vai ligar as Avenidas República do Paraguai e Governador Leonel Brizola (antiga Rio-Petrópolis), hoje separadas pelos trilhos da ferrovia e por uma perigosa cancela, será a realização de um sonho de mais de 50 anos dos moradores do bairro, surgido nos anos 40. Na metade do Século passado, o Gramacho conseguiu tal nível de desenvolvimento que se tornou ponto de referência para os moradores de Vila Leopoldina (do outro lado da ferrovia), do Olavo Bilac, da Vila São José e do Pantanal. O progresso chegou a tal nível que o bairro ganhou um cinema com tela em Cinemascope, o “Cine Garcia”, que era o mais moderna sistema de exibição na época, uma casa de saúde e maternidade, a Santa Paula do cirurgião e obstetra Sérgio Padilha, que foi personagem de uma série exibida pelo Fantástico, além de filiais de grandes super-mercados, farmácias e padarias. Ainda nos anos 50, uma área na margem direita do rio Sarapuí foi escolhida para sede da maior estação rádio-transmissora dos Correios, inaugurada por Juscelino Kubitschek no mesmo dia em que inaugurou a Refinaria Duque de Caxias.
No bojo desse crescimento populacional e econômico, o Gramacho conseguia eleger vereadores para defender os seus interesses. A eleição de um vereador naquela época resultava da união das lideranças locais. Assim, tivemos Thomé Siqueira Barreto, sucedido por Guilherme da Silva Lopes e Neuber Dutra, que exerceu dois mandatos, entre 1973 e 1983. Neuber Dutra, além de reivindicar a pavimentação e iluminação de ruas e a construção de redes de esgotos no Gramacho, Jardim Leal e Vila Guaíra, sempre defendeu a pavimentação da ligação entre a estação de Gramacho e a Rodovia Washington Luiz, o que só ocorreu no Governo Chagas Freitas, depois da fusão Guanabara-RJ. Na época, era para ser feito um viaduto ligando os dois lados da cidade, mas o DER, que fez a pavimentação da hoje Av. República do Paraguai, não aceitava o ônus da obra, enquanto a Rede Ferroviária Federal se apegava à legislação, que determina que tais obras pertencem a quem chega depois. Como aquele trecho da ferrovia existia desde 1911, antes, portanto, da abertura da Estrada Rio-Petrópolis, cabia ao DER construir o viaduto, o que só agora está sendo feito com os recursos do PAC. Lamentavelmente, líderes do Gramacho como os vereadores Thomé de Siqueira Barreto, Guilherme da Silva Lopes e Neuber Dutra, bem como os primeiros moradores do bairro, não conseguiram ver o sonho realizado. O que será comemorado, com toda a certeza, por seus filhos e netos, que ainda moram no Gramacho. Agora, sem a casa de saúde e sem o seu cinema, transformado em templo religioso.

• Para demonstrar a sua eterna gratidão a Lula, tanto pelo repasse da grana do PAC, como pela sua presença na inauguração parcial (o segundo pavimento ainda está em obras) do novo hospital, o prefeito Washington Reis defendeu, semana passada, um terceiro mandato para o presidente da República, assunto que, por enquanto, não entusiasma o inquilino do Palácio do Planalto, que ainda acredita que tem cacife para eleger um(a) poste.
• Vereador do PSB, Waguinho (foto), que apóia Washington Reis e disputa um novo mandato, é um dos muitos moradores do Gramacho a comemorarem a substituição da perigosa cancela ao lado da estação ferroviária, por um moderno viaduto, antiga luta de seu saudoso pai, Neuber Dutra. A promessa do prefeito é de que a obra estará pronta em dezembro. Não custa lembrar quantos anos o DER precisou para reconstruir uma antiga ponte sobre o rio Sarapuí, onde a antiga Rio-Petrópolis foi duplicada no Governo de José Carlos Lacerda.
• Apesar das restrições do TSE, o programa do PMDB no rádio e TV de sexta-feira abriu um generoso espaço para uma “reportagem” sobre a simulação de três acidentes na rodovia Washington Luiz, como teste para os funcionários do novo hospital, que só começaram a ser contratados na última segunda-feira.
• Além de contrariar a legislação, a “reportagem” apresentou o biólogo Oscar Berro como primeiro diretor do Hospital Moacyr do Carmo. Antes, o Conselho Regional de Medicina “engoliu” Berro com o pretexto de que Secretário de Saúde é um cargo político. A Direção de um hospital de grande porte, com 180 leitos e emergência, não é cargo político, mas técnico. O que os diplomados do CRM vão dizer agora?
• Nos corredores da Secretaria de Saúde (entregue às moscas), em Jardim Primavera, corre a versão de que, temendo ser boicotado pelo pessoal da Saúde (que vem sendo perseguido), o biólogo Oscar Berro convenceu o prefeito de que, até segunda ordem, a direção do novo hospital deve ser ocupada por ele, cumulativamente com a Secretaria de Saúde.
• Com os seus nada recomendáveis antecedentes, seria bom que o prefeito arranjasse um “Plano B” para a direção do novo Hospital. Afinal, o biólogo Oscar Berro ainda não explicou, de modo convincente, a morte de uma adolescente de 17 anos e de seu primeiro filho, por falta de atendimento na Maternidade de Xerém, fato que levou a Vigilância Sanitária do estado, comandada por Sérgio Côrtes, a interditar o local até que a Prefeitura realizasse uma ampla reforma no local.
• Depois, foi a maneira grosseira com que se referiu ao desesperado pai de um menino de 8 anos, que ficou tetraplégico depois de uma mal sucedida cirurgia de fimose no hospital Infantil Ismélia da Silveira.
• Por último, o caso da adolescente, moradora no bairro Copacabana, que fez uma operação de transplante de córnea no Hospital dos Servidores, no Rio. Diante dos jornalistas reunidos no novo hospital para uma entrevista coletiva, Oscar Berro prometeu toda assistência à menina, um computador e empregos para o pai e a mãe da jovem. Só o computador foi entregue, mesmo assim só depois de quase um mês de feita a solene promessa.
• O senador Marcelo Crivella recebeu “cartão vermelho” de Lula ao atentar participar, à força, da inauguração do novo Hospital de Duque de Caxias. Temendo a ação dos fiscais da Justiça Eleitoral que “”cobriam a solenidade”, Lula mandou um recado par ao sobrinho do bispo Edir Macedo “vazar” antes que a festa se transformasse num constrangedor flagrante de propaganda eleitoral ilegal.
• A empresa Regina’s saiu na frente e conseguiu autorização para “esticar” a linha “Variante-Periquitos” até o novo hospital. O terminal, no entanto, continua sendo em frente a um hipermercado, por questões de segurança para os funcionários da empresa, já que a Rodovia Washington Luis é recordista de assalto a ônibus em Caxias.
• As outras empresas beneficiadas apenas com ponto de desembarque em frente ao novo hospital, exploram linhas que partem do terminal da Itatiaia, construído no governo Zito com ajuda do Sindicato das Empresas de ônibus, ligando o centro a Xerém, Imbariê, Praia de Mauá, Raiz da Serra e Magé.
• Como não há passarela ligando os dois lados da rodovia em frente ao novo hospital, a entrada e saída de pedestres será sempre uma perigosa aventura.