domingo, 3 de maio de 2015

MINISTRO RECLAMA DE CORTES
EM VERBAS PARA TRANSPORTES
 A demora na aprovação do orçamento e o ajuste fiscal promovido pelo governo federal afetaram os investimentos do Ministério dos Transportes. A Pasta aplicou 37% a menos no primeiro quadrimestre de 2015 em comparação com igual período do ano passado. Na quarta-feira (29), o ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, chegou a afirmar que “várias obras no país vão parar” por falta de recursos neste ano.
Do começo do ano até o dia 28 de abril, R$ 2,4 bilhões foram investidos pelo Ministério dos Transportes. Em período praticamente igual (de janeiro a abril) do ano passado, o valor destinado às obras e compras de equipamentos foi de R$ 3,8 bilhões. Isto é, de um ano para o outro, empreendimentos em rodovias e ferrovias do país perderam cerca de R$ 1,4 bilhão.
Percentualmente, a Valec, responsável pela engenharia e construção de ferrovias, teve a queda mais significativa entre as unidades orçamentárias da Pasta. Os investimentos da unidade caíram quase 45% em um ano. Passaram de R$ 587,3 milhões em 2014 para R$ 327,2 neste ano.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) não ficou atrás. As aplicações da unidade ficaram 35% menores em 2015, passando de R$ 3 bilhões nos quatro primeiros meses de 2014 para R$ 2 bilhões.
Após confirmar a existência de obras paralisadas em decorrência do impacto do ajuste fiscal promovido pelo governo federal e pelas consequências da Operação Lava Jato, o ministro dos Transportes voltou atrás e afirmou que as obras terão seus cronogramas “adequados” e isso não acarretará atraso. Entre as obras paralisadas, segundo a Agência Senado, estão as da rodovia BR-153 no trecho entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO).
De acordo com O especialista em infraestrutura do Ipea, Carlos Campos, é desesperador ver uma aérea tão importante ser menorizada pelo governo.
“Nós patinamos com infraestrutura de transporte entre 1985 e 2005. Depois, recuperamos em 2010. Mas nos últimos quatro anos os investimentos estão estagnados”, explica.

O especialista ressalta que mesmo com os investimentos privados o Brasil desembolsa muito pouco para o setor. Segundo ele, essas aplicações chegam a R$ 30 bilhões por ano, equivalente a 0,6% do PIB. “Isso é muito pouco. Economias de países também emergentes, como Rússia, China, Chile e Colômbia investem, em média 3,4% do PIB no setor. Dá noção de como os recursos são insuficientes e infelizmente, ainda serão menores em razão do ajuste fiscal”.

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