sábado, 29 de dezembro de 2007

BAIXADA URGENTE

OS 64 ANOS DE DUQUE DE CAXIAS
De produtor de laranja a
grande pólo econômico

Um sobrado na Av. Presidente Kennedy, ao lado de um Shopping, serviu de sede da Prefeitura até a mudança para a Praça Roberto Silveira, nos anos 50. Na década de 30, era possível pegar caranguejos na área hoje ocupada pelo Centro Cultural Oscar Niemayer.

Na década de 30, era possível pegar caranguejos na área hoje ocupada pelo Centro Cultural Oscar Niemayer.

Neste 31 de dezembro, quando será ponto facultativo para as repartições públicas, Duque de Caxias estará comemorando 64 anos de emancipação político-administrativa, período em que passou de uma simples Vila – encravada na Baixada Fluminense, região dominada pela Malária e grande produtora de laranja na primeira metade do Século XX – à segunda cidade em importância econômica do Estado do Rio e um dos maiores PIBs do País, superando a maioria das Capitais. Mesmo depois de perder a FNM – a primeira fábrica de automóveis e caminhões do País – nos anos 60, o Município não perdeu a sua vocação para o progresso, atraindo empresas de outros Estados e até do exterior.
Como pólo industrial e exportador e dispondo de uma área de 442 quilômetros quadrados, Duque de Caxias oferece desde a facilidade de acesso por estrada de ferro e rodovias, baixo custo da terra, disponibilidade de energia elétrica – inclusive, uma termoelétrica movida a GNV – mão-de-obra qualificada em cursos profissionalizantes de 2º Grau e diversas Faculdades, inclusive a UERJ, até o acesso fácil a portos e aeroportos, o que garante uma forte participação do município no comércio exterior, gerando divisas importantes para o nosso crescimento econômico.
Alguns pesquisadores e historiadores defendem a tese de que a emancipação da então Vila Meriti não foi uma conquista do seu Povo, resultado de uma campanha comandada pela UPC – União Popular Caxiense – mais tarde transformada na Associação Comercial do Município. Para eles, a emancipação do antigo 8º Distrito de Iguaçu teria sido apenas um ato de força dos governantes da época, tese defendida pela professora Helenita Maria Beserra da Silva num trabalho publicado na revista “Pilares da História”, editada pelo Instituto Histórico da Câmara, em sua edição de dezembro de 2003.
Bacharel em História, com licenciatura plena pela UERJ, e pós-graduação em História do Brasil pela UFF, a pesquisadora, que também é professora de História da rede estadual, discorda de alguns analistas, que apontam a decadência política do Estado Novo (1937-1945) como fator preponderante, preferindo a tese de que, ao atender aos reclamos do povo que pedia mais autonomia para os distritos e vilas, o Governo Vargas estava, na verdade, tentando atrair as simpatias populares e continuar manobrando as lideranças locais, um estilo hoje endossado pelo Governo Luola e as suas “bolsas. E a emérita professora afirma:
“A emancipação do município se deu numa tentativa política de organizar o quadro territorial do País”, pois essa política de redivisão territorial, que abria as portas para novas lideranças locais, foi igualmente aplicada em outras regiões do País.
A propósito da origem do movimento emancipacionista, a professora Helenita Maria da Silva lembra a prisão do jornalista Sylvio Goulart, fundador do “Jornal do Povo” já falecido e um dos subscritores de um abaixo-assinado, firmado em 25 de julho de 1940, a favor da divisão de Iguaçu, sem qualquer referência à Vila Meriti. O documento, que provocou irritação do interventor federal no Rio de Janeiro, Ernani do Amaral Peixoto, que viria a ser sogro do ex-governador Moreira Franco, afirmava:
“Divida-se o município. Sim, porque é obra de alta política administrativa, de perfeita compreensão das possibilidades econômicas e financeiras da terra que governa, porque é DAR A CADA UM SEGUNDO AQUILO QUE PRODUZ’.
Junto com Sylvio Goulart, responderam a processo perante o Tribunal de Segurança Nacional os Srs. Rufino Gomes Jr., Amadeu Lanzeloti, Joaquim Linhares, José Basílio da Silva, Antonio Moreira de Carvalho, Luis Antonio Felix, Mario Pina Cabral (que mais tarde viria a ser um dos fundadores da Cia. Telefônica de Duque de Caxias), Ramiro Gonçalves, Costa Maia e Abílio Teixeira. Além de processado, Sylvio Goulart acabou vendo o seu jornal “A Voz do Povo de Caxias”, pioneiro na imprensa da Baixada Fluminense, fechado pela Ditadura.
A perseguição aos autores do manifesto emancipacionista se repetiria 28 anos depois, quando foi preso, menos de 24 horas depois de editado o famigerado “AI-5” (13-12-1968), o vice-prefeito Ruyter Poubel, advogado e jornalista, transformado em subversivo pela Ditadura apenas por haver elaborado um manifesto, pedindo que Duque de Caxias fosse excluído da lista de Municípios considerados de interesse da Segurança Nacional e, por conseqüência, impedidos de elegerem seus prefeitos a partir das eleições de 1970. O manifesto, subscrito pelas principais entidades de classe e empresariais do Município, inclusive clubes de serviços e a Associação Médica local, foi publicado como matéria paga por um grupo de empresários nos principais jornais do Rio,
Um dos mais fortes indícios de que a emancipação da Vila Meriti foi um ato improvisado, sem qualquer ligação com os movimentos liderados pela UPC – União Popular Caxiense – é que o Decreto-Lei Estadual nº 1.055 foi publicado no dia 31 de dezembro de 1943, às vésperas de um feriado. O decreto desmembrava alguns distritos de Nova Iguaçu, como Meriti, Imbariê (ex-Estrela) e parte de Belford Roxo, e criava o Município de Duque de Caxias. No mesmo dia da sua publicação, foi realizada a cerimônia de instalação do novo Município.
Tanta pressa não podia resultar em coisa boa. Para começar, não havia um local onde pudesse ser instalada a nova Prefeitura. O jeito foi requisitar, às pressas, uma das casas da Vila Meriti, sede do novo Município. A escolhida, não por acaso, foi uma ampla casa na Estrada Rio Petrópolis, a poucos passos da estação ferroviária, que servia de residência do deputado e empresário Tupynambá de Castro, amigo do interventor Amaral Peixoto e que, com a derrubada do “Estado Novo”, surgiu como um dos líderes do Partido Social Democrático – o velho PSD – comandado justamente pelo genro do ex-ditador Getúlio Vargas.
Hoje, a antiga sede da Prefeitura continua de pé, mas funcionando como hotel, em plena zona de prostituição do centro da cidade e pouco distante da casa do ex-deputado Tenório Cavalcante, eterno adversário político e desafeto de Tupynambá de Castro e na mesma calçada onde fica a Catedral de Santo Antonio, sede da Diocese de Duque de Caxias e São João de Meriti, município que herdou o antigo topônimo de Duque de Caxias, São João Batista de Trairaponga. Diante da promessa do atual prefeito, Washington Reis, de duplicar a antiga Rio-Petrópolis até a ponte sobre o rio Meriti, na divisa com Vigário Geral, já há quem defenda a demolição do Hotel Municipal, já que não é considerado por nenhum órgão governamental como patrimônio da História do município.

2 comentários:

Anônimo disse...

ola meu nome e sebastião sou morador de vila de cava estou mandando este mensagem para sabe se realmente vai sair esta estrada.tão esperada e qual sera a situa e qual sera a nossa situação e qual sera as medidas a ser feita por nos moradores

Glaukwpis disse...

Gostei do seu blog!
Vivi em Caxias durante 14 anos e há 14 anos que não a vejo. As alterações são significativas!
Um abraço!