Apesar das advertências dos Juízes Eleitorais e do Tribunal, a cidade continua cheia de propaganda eleitoral fora do tempo. Alguns candidatos tentam driblar a lei, registrando empresas com seus nomes, um velho truque que continua sendo usado. O TRE prometeu distribuir câmeras e gravadores pelos Cartórios Eleitorais, para que os funcionários da Justiça Eleitoral recolhem provas contra os sugismundos mas, como sempre, a “turma da fuzarca” não dá muita bola para a Lei. Na “Portelinha” em que se transformaram as cidades da Baixada, cada um faz o que quer e a Justiça que se lixe!
CULTURA, uma palavra
bastarda para o Governo
De acordo com a lei municipal nº. 1.926, de 14 de dezembro de 2005, 20 de março foi escolhido como o “Dia Municipal da Cultura”, numa justa homenagem ao cearense mais caxiense da nossa história, que aqui brilhou e elevou o nome da cidade no cenário cultural do País em companhia de outras figuras do Norte e Nordeste que aqui aportaram e fizeram História. Ao lado de Chico Anísio e seu irmão, o cineasta Zelito Viana, Jararaca e Ratinho, Solano Trindade, Jackson do Pandeiro e Almira, os irmãos Zé e Luis Gonzaga, Francisco Santos (o Chico Santos), criador da produtora “Índio Filmes” e autor do premiado “Amuleto de Ogum”, um outro “cabra arretado” também fez diferença na História Cultural de Duque de Caxias. Trata-se de Francisco Barboza Leite, ou, simplesmente, Barboza Leite.
Em seu blog, o jornalista Josué Cardoso lembra que o velho Barboza Leite era um artista múltiplo. Natural de Uruoca, no Ceará, onde nasceu em 20 de março de 1919, atuou como pintor, poeta, escritor, jornalista, ensaísta, cenógrafo, ator e compositor. Filho de um agente ferroviário, ele saiu de sua cidade natal aos 16 anos para descobrir o mundo. Inicialmente, transferiu-se para Fortaleza, onde se familiarizou com as artes gráficas e com a fotografia. Autodidata, coletava informações, críticas e opiniões que lhes permitiam aprimorar sua habilidade e consciência artística. Casou-se em 1942 e pouco depois já atuava também na imprensa, lançando também o primeiro livro, “Esquema da Pintura do Ceará”. Conheceu o Rio de Janeiro em 1947, chegando a Duque de Caxias, para ficar até os últimos dias de sua vida, por influência de um amigo poeta, Solano Trindade. Continuou mandando trabalhos para Fortaleza, onde recebeu vários prêmios nos anos seguintes. Em 1952, mandou buscar a família no Ceará. A cidade era um pouco mais que uma estação de trens “Maria Fumaça”, cercada de casas humildes em ruas sem calçamento, esgoto ou água encanada. Entretanto, tinha algo que o encantava: uma população emigrada de todas as regiões do Brasil, formando um verdadeiro microcosmo cultural. Aqui, sentia-se em casa, aos domingos passeava na Grande Feira de Duque de Caxias.
A data, que lembra o nascimento do mestre Barboza Leite, deveria ter sido devidamente lembrada na última quinta-feira. Como a Cultura é uma palavra bastarda para nossos governantes, equivalente a um pesado palavrão, que no Século passado era castigado com um gargarejo de molho de pimenta, a data passou sem ser notada, tal e qual os buracos de bala na vidraça da Biblioteca Municipal Leonel Brizola (foto), já que nenhuma programação foi organizada pelo município. É o que determinava o Art. 2º, da referida lei: O PODER EXECUTIVO FICARÁ RESPONSÁVEL PELA ORGANIZAÇÃO, NESTE DIA, DE EVENTOS E DEMAIS ATIVIDADES, QUE VISEM PROMOVER A CULTURA NO MUNICÍPIO”.
Como diria Arnaldo César Coelho, a lei é clara, mas nossas autoridades, que cruzaram os braços para a epidemia de Dengue, preferem se preocupar com coisas mais amenas, como passear no Japão, em Israel, na Disneylândia. O povo brasileiro, como diria a impagável Nádia Maria, “é apenas um detalhe!”.
• Barboza Leite foi o primeiro artista da Baixada Fluminense e ter um “site” na rede mundial de computadores, por iniciativa do jornalista Josué Cardoso. Assim, em 20 de março de 2000, data em que o artista completaria mais um aniversário, boa parte da obra do artista começou a ser acessada mundialmente, inclusive por seus conterrâneos de Uruoca, no Ceará.
• Por iniciativa do então vereador Laury Villar, o prefeito Zito sancionou a Lei 1.616, de 28 de dezembro de 2003, tornando oficial o hino “Exaltação à Cidade de Duque de Caxias”. A partir de então, passou a ser obrigatória a sua execução em todos os eventos e solenidades cívico-educacionais realizados no município, bem como em todas as escolas municipais, o que, na verdade, não vem ocorrendo. Essa é, portanto, mais uma lei que não pegou em nossa cidade.
• “Exaltação à Cidade de Duque de Caxias” teve sua primeira execução pelo Coral José Maurício, sob a regência do maestro Plínio Armando Baptista, por ocasião do 1º Encontro dos Trabalhadores de Duque de Caxias, realizado no SESI nos anos 60, onde estavam presentes, entre muitos outros convidados ilustres, o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.
• O portal da Câmara de Vereadores disponibilizou a letra, a partitura e uma gravação do hino, http://www.cmdc.rj.gov.br/base.asp?area=simbolos&id=3 que podem ser baixados de graça pelos internautas, principalmente os professores de História e de Canto da rede escolar da Baixada.
• O plenário da Alerj vota, nesta quarta-feira (26/03), em discussão única, o projeto de lei 1389/08, oriundo de Mensagem do Governo, que estende até 2010 a isenção do pagamento de emolumentos cartorários na aquisição de imóveis da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab). A isenção será apenas para os imóveis financiados pelo Sistema Financeiro de Habitação, através da CEHAB-RJ, desde que os compradores apresentem seus títulos para lavratura de escritura e registro em cartório até o dia 07 de janeiro de 2010.
• “A questão assume caráter de urgência uma vez que o benefício em questão é de vital importância para viabilizar a regularização jurídica das habitações populares construídas pela CEHAB-RJ, destinadas à população de baixa renda”, defende o Governo na justificativa do projeto.
• A Alerj também votará nesta quarta o projeto de lei 288/07, do deputado João Pedro (DEM), que proíbe o uso de celulares nas salas de aula das escolas públicas do Estado do Rio. O projeto tem o objetivo de evitar a dispersão entre os alunos causada pelo uso dos telefones durante as aulas. “As escolas particulares, em sua grande maioria, já criaram regras próprias de uso, mas a as públicas não. A intenção desta proposta é assegurar a atenção e o respeito dos alunos ao professor e à matéria que está sendo ensinada”, aposta João Pedro.
Um comentário:
Grande Alberto,
Beléssimo e oportuno este texto sobre o dia da cultura e, especialmente, sobre Barboza Leite.
Nossa cidade precisa conhecer mais esta grande figura humana que praticamente inaugurou a organização das atividades culturais em Duque de Caxias.
Barboza deveria ter sido nosso primeiro Secretário de Cultura, mas a política não nos permitiu isso.
Certamente ele esta em algum lugar do espaço escrevendo, pintando, fotografando ou exercendo algum outro de seus inúmeros talentos, enquanto bate um bom papo e toma uma cervejinha com outros amigos nossos que partiram fora do combinado, como diz o Boldrim.
Deve haver por lá algum bar parecido com era o do Bernadino, ali ao lado dos correios, onde Barboza possa destilar sua arte.
Nós aqui temos saudades. De lá de cima ele deve estar triste com esse desleixo todo, mas certamente esta também indignado e doido para descer e dar uma bronca, não em você, é claro, mas em mim, no Beto, no Canthidio e em tantos outros amigos que aprenderam com ele a amar o belo.
Imagino o velho de dedo em riste dizendo pra gente:
- Tomem coragem, meninos...façam alguma coisa.
Grande abraço
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