quarta-feira, 23 de abril de 2014

MÃE DIZ QUE DANÇARINO
FOI TORTURADO NA UPP 
A mãe de Douglas Rafael da Silva – dançarino encontrado morto ontem (22) no Morro do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio de Janeiro – disse hoje (23) que o filho foi torturado. Maria de Fátima da Silva prestou depoimento nesta quarta-feira na Delegacia de Polícia de Copacabana (13ª DP). Segundo ela, Douglas tinha marcas de cortes, agressões e pisadas de bota. O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) mostrou que o rapaz foi morto por causa de uma perfuração no pulmão.
“Tenho certeza absoluta de que ele foi torturado. Ele estava muito machucado. Alguma coisa perfurou ele no tórax e isso causou uma hemorragia interna. Tinha muita marca de bota”, disse.
De acordo com Maria de Fátima, moradores relataram ter ouvido Douglas gritar, como se estivesse sendo torturado, entre o final da noite do dia 21 e o início da madrugada do dia 22.
Ela mesma só soube da morte do filho no final da tarde de ontem, por meio de moradores do Pavão-Pavãozinho. Maria de Fátima diz que pessoas da comunidade viram policiais militares fazer um cordão de isolamento ao redor da Creche Paulo de Tarso, onde o corpo de Douglas foi encontrado, para que ninguém se aproximasse do local.
Intrigados com a presença de diversas pessoas no local e ao tentar entender por quê, moradores descobriram o corpo por volta das 9h de ontem, conforme ela. De acordo com a mãe do dançarino, policiais militares tentaram modificar a cena do crime antes da chegada da perícia da Polícia Civil no final da manhã.
"Tem que parar com essa história de as pessoas fazerem as coisas e varrer o lixo para debaixo do tapete", disse. "O caso dele [do meu filho] não vai ficar por isso mesmo", acrescentou.
O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, disse que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h, mas não foi registrada nenhuma vítima. A Polícia Militar, segundo Caldas, só tomou conhecimento oficialmente de que havia um corpo na creche por volta das 10h do dia seguinte.
De acordo com Caldas, não há como os policiais militares terem mexido no corpo, porque eles entraram na creche junto com policiais civis, que estavam na comunidade para fazer uma perícia do tiroteio ocorrido no dia anterior.
“Segundo o relato dos policiais, não houve qualquer abordagem ou perseguição no local da troca de tiros. O relato dos policiais é que quando eles chegaram para checar a denúncia, houve uma troca de tiros muito intensa e eles decidiram recuar. Eles sequer conseguiram chegar até o local onde havia a indicação de marginais”, explicou o coronel.
O comandante das UPPs disse que, além da investigação da Polícia Civil, a Polícia Militar abriu um processo apuratório para entender o que ocorreu no dia do tiroteio. Pelo menos oito policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho que participaram do tiroteio serão ouvidos tanto pela Polícia Civil quanto pela Polícia Militar.
 Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil Edição: Talita Cavalcante

BELTRAME DIZ QUE MORTE SERÁ
INVESTIGADA COM TODO O RIGOR 
O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje (23), em coletiva à imprensa, que está acompanhando as investigações sobre a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, ocorrida na comunidade do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio. Beltrame enfatizou quer pressa nas investigações.
"Vamos acompanhar com todo o rigor, apresentar [os resultados] à sociedade com toda transparência. E quero pressa nessas investigações, porque isso é fundamental para que nós continuemos esse trabalho, que hoje atende a 9 milhões de pessoas, com 9 mil policiais que estão em áreas historicamente dominadas pelo tráfico", disse o secretário.
Beltrame informou que não foi encontrada cápsula de bala próxima ao corpo do rapaz. Por isso, não há como fazer um confronto balístico com as armas dos dez policiais que participaram da operação na comunidade. Quatro deles já foram ouvidos na Delegacia de Homicídios e nenhum deles terá a arma apreendida.
A Polícia Civil confirmou hoje que o dançarino foi atingido por um tiro. A informação foi divulgadapelo titular da Delegacia de Ipanema (13ª DP), Gilberto Ribeiro
Segundo laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Douglas Rafael da Silva Pereira morreu por causa de uma perfuração no pulmão. No laudo, a causa da morte é descrita de forma sintética: “Hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar decorrente de ferimento transfixante do tórax, ação perfurocontundente”. (Marcelo Brandão –Agência Brasil) 

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