MÃE DIZ QUE DANÇARINO
FOI TORTURADO NA UPP
“Tenho certeza absoluta de que ele foi torturado. Ele estava muito
machucado. Alguma coisa perfurou ele no tórax e isso causou uma hemorragia
interna. Tinha muita marca de bota”, disse.
De acordo com Maria de Fátima, moradores relataram ter ouvido Douglas
gritar, como se estivesse sendo torturado, entre o final da noite do dia 21 e o
início da madrugada do dia 22.
Ela mesma só soube da morte do filho no final da tarde de ontem, por
meio de moradores do Pavão-Pavãozinho. Maria de Fátima diz que pessoas da
comunidade viram policiais militares fazer um cordão de isolamento ao redor da
Creche Paulo de Tarso, onde o corpo de Douglas foi encontrado, para que ninguém
se aproximasse do local.
Intrigados com a presença de diversas pessoas no local e ao tentar entender
por quê, moradores descobriram o corpo por volta das 9h de ontem, conforme ela.
De acordo com a mãe do dançarino, policiais militares tentaram modificar a cena
do crime antes da chegada da perícia da Polícia Civil no final da manhã.
"Tem que parar com essa história de as pessoas fazerem as coisas e
varrer o lixo para debaixo do tapete", disse. "O caso dele [do meu
filho] não vai ficar por isso mesmo", acrescentou.
O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel
Frederico Caldas, disse que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h,
mas não foi registrada nenhuma vítima. A Polícia Militar, segundo Caldas, só
tomou conhecimento oficialmente de que havia um corpo na creche por volta das
10h do dia seguinte.
De acordo com Caldas, não há como os policiais militares terem mexido no
corpo, porque eles entraram na creche junto com policiais civis, que estavam na
comunidade para fazer uma perícia do tiroteio ocorrido no dia anterior.
“Segundo o relato dos policiais, não houve qualquer abordagem ou
perseguição no local da troca de tiros. O relato dos policiais é que quando
eles chegaram para checar a denúncia, houve uma troca de tiros muito intensa e
eles decidiram recuar. Eles sequer conseguiram chegar até o local onde havia a
indicação de marginais”, explicou o coronel.
O comandante das UPPs disse que, além da investigação da Polícia Civil,
a Polícia Militar abriu um processo apuratório para entender o que ocorreu no
dia do tiroteio. Pelo menos oito policiais da UPP do Pavão-Pavãozinho que
participaram do tiroteio serão ouvidos tanto pela Polícia Civil quanto pela
Polícia Militar.
Vitor Abdala - Repórter da
Agência Brasil Edição: Talita
Cavalcante
BELTRAME DIZ QUE MORTE SERÁ
INVESTIGADA COM TODO O RIGOR
O
secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse hoje
(23), em coletiva à imprensa, que está acompanhando as investigações sobre
a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, ocorrida na
comunidade do Pavão-Pavãozinho, na zona sul do Rio. Beltrame enfatizou quer
pressa nas investigações.
"Vamos
acompanhar com todo o rigor, apresentar [os resultados] à sociedade com toda
transparência. E quero pressa nessas investigações, porque isso é fundamental
para que nós continuemos esse trabalho, que hoje atende a 9 milhões de pessoas,
com 9 mil policiais que estão em áreas historicamente dominadas pelo
tráfico", disse o secretário.
Beltrame
informou que não foi encontrada cápsula de bala próxima ao corpo do rapaz. Por
isso, não há como fazer um confronto balístico com as armas dos dez policiais
que participaram da operação na comunidade. Quatro deles já foram ouvidos na
Delegacia de Homicídios e nenhum deles terá a arma apreendida.
A Polícia
Civil confirmou hoje que o dançarino foi atingido por um tiro. A informação foi divulgadapelo titular da Delegacia de Ipanema (13ª DP), Gilberto Ribeiro
Segundo
laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Douglas Rafael da Silva Pereira morreu
por causa de uma perfuração no pulmão. No laudo, a causa da morte é descrita de
forma sintética: “Hemorragia interna decorrente de laceração pulmonar
decorrente de ferimento transfixante do tórax, ação perfurocontundente”. (Marcelo Brandão –Agência Brasil)
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