quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

CONSTRUTORAS VENDEM ATIVOS
PARA ESCAPAREM DA FALÊNCIA 
Sem crédito na praça e com caixa apertado, as construtoras envolvidas na Operação Lava Jato estão pondo à venda seus ativos fora do ramo da construção e podem levar a uma reorganização societária nas recentes concessões de aeroportos. A OAS pretende se desfazer da participação na Invepar, concessionária que administra o aeroporto de Guarulhos, além de negócios de saneamento e de dois estádios de futebol. Hoje a OAS administra diretamente a Arena das Dunas (Natal-RN), Arena do Grêmio (Porto Alegre-RS) e a Itaipava Arena Fonte Nova (Salvador-BA), além de participar do consórcio do Engenhão (Rio de Janeiro-RJ). 
A Arena das Dunas está no pacote
Já a UTC Engenharia está oferecendo ao mercado sua fatia no aeroporto de Viracopos, enquanto a Engevix também está prestes a fechar a venda de sua empresa de energia para seu sócio norueguês, a SN Power.
Segundo reportagem do jornal Estado de S. Paulo, um estudo feito pelo governo mostra que o total das dívidas das empresas envolvidas na operação chegaria a 130 bilhões de reais, ou 10% do mercado de crédito. Em caso de inadimplência em cascata, levaria a uma crise sistêmica no setor bancário.
Sem crédito no mercado, com dívidas vencendo e fluxo de caixa debilitado pela falta de pagamento da Petrobras, as construtoras envolvidas na Lava Jato ainda têm outro problema sério para contornar. Quase todas as operações de crédito têm cláusulas que permitem ao investidor antecipar o vencimento de algum papel - é o que está acontecendo com a OAS. A empresa contratou três escritórios, sendo dois de advocacia e um assessor financeiro, para negociar com os credores.
Outra forma de convencer os detentores de títulos a não acionarem a cláusula seria a venda de ativos para reforçar o caixa. Mas, nem todos os ativos são fáceis de serem vendidos, como a Ecovix, da Engevix, que tem um estaleiro no Rio Grande do Sul que faz plataformas para a Petrobras.
Empresários presos e empresas
com conas bloqueadas
O mesmo ocorre com o Aeroporto Internacional de Natal, em São Gonçalo do Amarante (RN), que teria poucos atrativos em comparação com o Aeroporto de Brasília. A operação de Viracopos, da UTC, também é considerada problemática por investidores e mesmo a de Guarulhos poderia ter dificuldades pelo fato de ser uma participação relevante da OAS, sem a detenção do controle.

Na opinião do sócio da assessoria financeira BF Capital, Renato Sucupira, a operação Lava Jato terá consequências pesadas na infraestrutura, que viverá redução momentânea nos investimentos. Além disso, avalia ele, novos grupos vão surgir. Empresas nacionais de menor porte poderão se unir a companhias estrangeiras para disputar leilões do governo federal e substituir aquelas que estiverem impossibilitadas de entrar em licitações. 

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