CVM SAI DA SOMBRA E PROMETE
INVESTIGAR O "PETROLÃO"
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu inquérito
administrativo para aprofundar investigações e estudar possíveis punições a
integrantes do Conselho de Administração e diretores da Petrobras, nos
episódios de corrupção revelados pela Operação Lava Jato e aqueles ligados ao
pagamento de propina feito pela fornecedora SBM Offshore a funcionários da
empresa.
Segundo reportagem publicada nesta sexta-feira pela “Folha
de São Paulo”, a apuração baseia-se na "identificação de indícios de
irregularidade" pelos técnicos da autarquia ao longo de apurações
preliminares abertas no ano passado. Segundo a autarquia, as investigações
verificarão se os administradores deixaram de cumprir os chamados “deveres
fiduciários" –ou seja, de zelar pelos interesses da companhia e dos
investidores, conforme determinam as leis que regem o mercado de capitais. Não
há nomes indiciados, ainda. O objetivo dessa investigação é confirmar os
indícios, trazendo novas provas, e atribuir as responsabilidades. A CVM não
informou quais indícios foram encontrados para embasar a abertura de inquérito.
Os dois casos envolvem irregularidades supostamente
praticadas desde 2006, conforme depoimentos à Justiça do ex-diretor da empresa
Paulo Roberto Costa, no caso da Lava Jato, e desde 2007, de acordo com
investigações internas da SBM. Neste caso, a investigação da CVM vai avaliar a
responsabilidade de pessoas que ocuparam os cargos de conselheiros e de
diretores da companhia nos últimos oito anos.
Considerando esse período, estariam entre essas pessoas
cujas responsabilidades, em tese, serão analisadas nos episódios, a presidente
Dilma Rousseff, que foi presidente do Conselho de Administração da Petrobras
entre 2003 e 2010; o seu sucessor no cargo, o ex ministro da Fazenda Guido
Mantega, além de outros ocupantes e ex ocupantes do Conselho. A atual
presidente da Petrobras, Graça Foster, seu antecessor, José Sérgio Gabrielli e
membros da diretoria também serão investigados.

A abertura dessa investigação tem como base dois processos
administrativos abertos contra a companhia, a partir de pedido do Ministério
Público Federal, no caso da SBM, e da própria CVM, no caso da Lava Jato.
Existem outras 4 apurações relacionadas à Petrobras em
andamento na CVM. Uma delas verifica as irregularidades na construção das
refinarias de Abreu e Lima (PE) e Comperj (RJ). Duas avaliam os possíveis danos
causados à companhia por sua política de não repassar aos preços internos dos
combustíveis as flutuações internacionais. Uma última analisa a interrupção de
uma reunião de conselho de administração da empresa.
As apurações foram deflagradas a pedidos de investidores e
de conselheiros de administração independentes, não ligados ao governo. Essas
apurações ainda não avançaram para a etapa de inquérito.
Procurada, a Petrobras ainda não comentou a decisão da CVM.
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