RACIONAMENTO DE ÁGUA NO RJ
DEVERÁ COMEÇAR EM AGOSTO
Há pouco
mais de um mês para o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, a
escassez do recurso preocupa moradores das principais cidades do Sudeste. Em São
Paulo, enquanto o governo estuda um possível racionamento, no Rio de Janeiro,
especialistas alertam para intervenções que podem evitar uma crise de
abastecimento, como o reflorestamento e pequenas obras para facilitar a
penetração da água no solo, que acaba escorrendo para o mar.
O Governo planeja o reflorestamento das margens do Paraíba do Sul, um dos mananciais que abastecem o estado (Agência Brasil/Tomaz Silva) |
O
desabastecimento de água no estado deve ser enfrentado ainda em 2015, alerta o
coordenador do curso de especialização em Engenharia Sanitária e Ambiental da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Adacto Ottoni. Na previsão
dele, se as chuvas não se intensificarem, o risco é que a população sofra um
racionamento a partir de agosto. A Prefeitura do Rio de Janeiro não descarta
medidas para a economia de água e de energia. O estado convive com a pior seca
dos últimos 84 anos, segundo a Secretaria Estadual do Ambiente.
“Se cair pouca chuva [até abril, antes do
período de estiagem], podemos ter um colapso. Se não for neste ano [agosto],
será no ano que vem, quando as Olimpíadas [2016] coincidem com o período de
seca e haverá dezenas de milhares de pessoas no Rio”, destacou Ottoni, que é
também assessor de meio ambiente do Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura (Crea-RJ).
Segundo
ele, apesar de as chuvas serem determinantes para o futuro da população
fluminense, o grande problema de abastecimento hoje é a degradação das bacias
hidrográficas, que não conseguem mais reter a água e infiltrá-la na terra, nos
lençóis freáticos. “Não adianta chover para ter água se não tiver floresta para
reter. A água gera enchente, inundação e depois a população fica sem. Ou seja,
convive com racionamento e com a enchente”, disse, lembrando que a floresta
também amortece enxurradas, que provocam desabamentos.
Essa
também é a avaliação da vice-presidente do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica
do Rio Paraíba do Sul (Ceivap), Vera Lúcia Teixeira, que desde 2013 alerta para
a situação dos rios que abastecem São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. “O que a gente não vê é como
recuperar e revitalizar essa bacia", ressaltou. A seu ver faltam propostas
concretas tanto do governo federal quanto do governo estadual. O comitê só faz
recomendações e depende de políticas municipais e estaduais, como o saneamento.
“Precisamos retirar o esgoto dos rios e os investimentos são poucos”, ressalta.
A ministra
do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou na segunda-feira (9), a liberação
de R$ 360 milhões dos R$ 930 milhões previstos para um plano de segurança
hídrica até 2050, ainda em elaboração. O governo estadual planeja obras de
saneamento básico da Região Metropolitana, incluindo a Baixada Fluminense -
região que frequentemente sofre ora com torneiras secas, ora com enchentes -,
além do reflorestamento das margens dos rios Paraíba do Sul e Guandu.
Para
evitar uma crise de desabastecimento, nos últimos dias a Prefeitura do Rio de
Janeiro criou um grupo de trabalho. O prefeito, Eduardo Paes, não descarta
medidas para a economia de água e energia. “Talvez, vamos fazer isso depois do
carnaval”, declarou. “O Brasil tem uma cultura de natureza abundante e isso
acaba em muito desperdício”, completou. (Com Agência Brasil)
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