RECEITA DA UNIÃO CAPOTA COM
OS PARCELAMENTOS ESPECIAIS
Um dos principais fatores que impulsionaram a arrecadação
federal no fim do ano passado, os parcelamentos especiais, estão rendendo bem
menos ao governo neste ano. Segundo a Receita Federal, as renegociações de
dívidas de contribuintes com a União renderam R$ 389 milhões em janeiro, queda
de 98,3% em relação aos R$ 21,786 bilhões arrecadados entre outubro e dezembro
do ano passado.
A maior queda foi observada nos parcelamentos para
instituições financeiras e multinacionais, que refinanciaram o pagamento de
tributos em atraso em troca de desistirem de ações na Justiça. Essas
renegociações, que reforçaram o caixa do governo em R$ 20,363 bilhões no último
trimestre de 2013, renderam R$ 99 milhões à União em janeiro. A redução
totalizou 99,5%.
Em relação à reabertura do Refis da Crise, parcelamento
criado em 2009 que teve novo prazo de adesão entre 21 de novembro e 30 de
dezembro, o governo arrecadou R$ 245 milhões em janeiro, contra R$ 1,247 bilhão
registrado no fim do ano passado. Nessa modalidade, a queda da arrecadação
correspondeu a 80,3%.
No caso dos parcelamentos para grandes empresas, as
próprias regras de renegociação explicam a queda nos valores arrecadados. Para
aderirem ao refinanciamento, os bancos, as seguradoras e as multinacionais
tiveram de quitar 20% da dívida à vista. O restante foi parcelado em até 180
meses (15 anos), com isenção de multas e desconto nos juros.
O sistema de renegociação resultou em pagamentos
bilionários para aderir ao refinanciamento. Somente a mineradora Vale, que
questionava a tributação de lucros de unidades e subsidiárias no exterior,
desembolsou cerca de R$ 6 bilhões no fim de novembro, parcelando o resto da
dívida com desconto nas multas e nos juros.
No Refis da Crise, no entanto, a sonegação está por trás
da maior parte da queda da arrecadação. Como o valor das prestações é constante
e definido no momento da adesão, muitas empresas quitaram apenas a primeira
parcela, obtiveram a Certidão Negativa de Débitos (CND) e desistiram de pagar
as parcelas restantes.
Esse comportamento havia sido observado pela Receita. No
primeiro Refis da Crise, em 2009, dois terços dos contribuintes foram excluídos
por falta de pagamento. Apesar disso, o Congresso Nacional discute uma nova
reabertura do prazo do Refis da Crise, por meio de uma emenda incluída na
Medida Provisória 627.
Apesar da queda das receitas dos parcelamentos especiais,
o Fisco continua otimista. A Receita Federal projeta crescimento real (acima da
inflação) de 3% para a arrecadação neste ano, impulsionado principalmente pelas
receitas previdenciárias e pela maior lucratividade das empresas que declaram
pelo lucro presumido. Somente com as renegociações de 2013, o órgão espera obter
de R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões em 2014, o que equivale a uma faixa entre R$
375 milhões e R$ 417 milhões por mês.
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