AMBIENTALISTA ADVERTE SOBRE
RISCOS AMBIENTAIS DO PRÉ SAL
O anuncio pelo governo federal de que onze empresas
estrangeiras* se habilitaram a participar do leilão do Campo de Libra gera
preocupação entre técnicos e especialistas quanto ao elevado risco de aumento
de acidentes ecológicos e vazamentos de óleo no mar, de acordo com alerta
ambiental feito pelo Ecologista e Gestor e Planejador Ambiental Sérgio Ricardo
que é Membro Titular do Comitê de Bacia Hidrográfica da Baia de Guanabara.
Segundo a ANP (Agência
Nacional do Petróleo) 11 empresas estão habilitada, isto é, depositaram valores
de garantia para participar do leilão de Libra: a anglo-holandesa Shell, a
francesa Total, a Repsol-Sinopec (Espanha/China), as chinesas CNOOC e China
National Petroleum, a indiana ONGC, a Petrobras e a colombiana Ecopetrol, a
portuguesa Petrogal, a japonesa Mitsui e a malaia Petronas.
O ecologista Sérgio Ricardo “considera um crime contra a
soberania do país a privatização do Pré-Sal. Segundo ele, “isso comprometerá de
forma irreversível o futuro desenvolvimento econômico e social do pais” e
adverte que “as principais características da indústria petrolífera são as de
uma atividade altamente perigosa e poluente” e, apesar disso, “o Brasil não
está preparado para conter os riscos ambientais da exploração de petróleo, em
especial da camada do Pré-Sal localizada em águas profundas”. De acordo com
ele, “o país precisa dispor de um Plano Nacional de Contingência e Controle de
acidentes por óleo, que deve envolver a atuação de órgãos federais, estaduais,
empresas do setor de petróleo e também as comunidades e municípios que vivem da
indústria do turismo no litoral brasileiro e da economia da pesca”.
E cita o vazamento da petroleira americana
Chevron-Texaco, ocorrido no Campo de Frade, na Bacia de Campos, em Novembro de
2011, como “exemplo do despreparo, incapacidade técnica e da falta de
conhecimento tecnológico das corporações transnacionais para garantir a
exploração ambientalmente segura no Campo de Libra, que tem grande volume de
óleo situado em águas profundas. O prejuízo deste acidente à pesca e ao turismo
foi estimado em R$ 20 bilhões e, no entanto, até hoje a multinacional não pagou
os prejuízos socioambientais e econômicos provocados”.
"Além da entrega
irresponsável ao capital internacional da riqueza do Pré-Sal estimada em R$ 3,5
trilhões por apenas 1% deste valor para empresas estrangeiras, se mantido o
leilão o governo brasileiro estará rasgando seu compromisso internacional de
proteção dos oceanos e dos ecossistemas marinhos, previstos na Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e nos acordos assinados
durante as conferências internacionais Eco 92 e a Rio+20”, afirmou.
Em recente entrevista
à TV Brasil que produziu uma série de programas sobre os 60 anos da Petrobras,
o ecologista alertou que “os pescadores são o lado mais frágil da exploração de
petróleo no litoral brasileiro”.
Como exemplo, ele.
cita o fato de até hoje a Petrobras não ter pago indenização financeira,
estimada pela Justiça em R$ 1 bilhão, aos milhares de pescadores artesanais
impactados pelo vazamento de 1,8 milhões de litros de óleo oriundo de oleoduto
que liga a REDUC (refinaria Duque de Caxias) à Ilha D´Agua ocorrido em 18 de
Janeiro de 2000 que poluiu as águas e ecossistemas da Baía de Guanabara. Este
acidente ecológico, considerado o maior da História do país, provocou a redução
de 90% da produtividade pesqueira na Baía de Guanabara e o consequente
empobrecimento das comunidades pesqueiras tradicionais.
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