segunda-feira, 14 de abril de 2014

CPI CHAPA BRANCA PODERÁ
REPETIR A CGI DA DITADURA 
Entre os retrospectos feitos pela mídia em torno do Golpe de 64, apelidado de “Revolução, uma reportagem do jornal “O Globo –, que apoiou o golpe e as marchas com Deus e pelas família, idealizadas pelo IBAD, uma Ong criada e financiada pela CIA – revelou os métodos de investigação da Comissão Geral de Investigações – a famigerada CGI – criada pela Ditadura a pretexto de punir os corruptos. Era com base em dados fornecidos pela CGI que eram elaboradas as listas de políticos e servidores que seriam vítimas de cassação e demissão do serviço público, sem que o denunciado tomasse conhecimento dos argumentos da CGI, muito menos apresentasse a sua defesa prévia. Foi assim com a cassação do deputado federal Tenório Cavalcante e do estadual Romeiro Jr., bem como a demissão sumária do cargo que exercia na Cia. de Abastecimento de Água de Duque de Caxias, que morreu sem receber os atrasados a que tinha direito em decorrência da anistia, bem como o professor Nilson Menezes, líder sindical dos petroleiros.
Segundo reportagem de “O Globo”, publicada em 16 de março, o sistema de repressão da ditadura protegeu aliados e perseguiu oposicionistas, com processos sumários que atropelavam qualquer garantia jurídica, ao sabor das conveniências políticas e da necessidade de legitimar o discurso moralizador do regime. Documentos obtidos pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que a Comissão Geral de Investigações (CGI) — órgão criado em 1968 com o objetivo de investigar políticos e servidores suspeitos de corrupção — arquivou sem apurar denúncias contra os governos de Antônio Carlos Magalhães, o famoso ACM, na Bahia, e do hoje senador José Sarney (PMDB-AP), no Maranhão.
Na direção contrária, a mesma CGI devassou a vida do governador Leonel Brizola em busca de indícios de enriquecimento ilícito, repetindo o processo pelo qual tentava provar o envolvimento do presidente João Goulart em irregularidades. A engrenagem montada pelos militares para reprimir atos de corrupção emperrava quando esbarrava em políticos amigos.
Quem acompanhou a ação da CGI na ditadura percebe que, ao incluir obras nos estados governados pelo DEM no DF (Governo Arruda, do DEM), pelo PSDB (SP e MG) e pelo PSB (Pernambuco), os governistas, que terão folgada maioria nessa CPI tamanho famílias, decidirão os alvos das investigações, dando preferência pelas compras de trens em SP e DF, e da construção do porto de Suape, em Pernambuco, deixando o caso da Refinaria de Pasadena, no Texas, e o superfaturamento nas obras das refinarias de Itaboraí (COMPERJ) e Abreu e Lima, em Pernambuco para um futuro que talvez e nunca. Chegue.

Como a campanha eleitoral, começa pra valer, em junho, não haverá número para as reuniões da CPI, salvo para inquirir personagens ligados à oposição. Quanto às ligações do doleiro Alberto Yousseff com diretores da Petrobrás, talvez em 2016, quando teremos eleições municipais, ainda não devem ter sido ouvidos pelos inquisidores do governo. No caso dessa CPI chapa branca, pode se aplicar a opinião debochada de Delúbio Soares sobre o inquérito do mensalão: Vai acabar como piada de salão!

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