CPI CHAPA BRANCA PODERÁ
REPETIR A CGI DA DITADURA
Entre os retrospectos feitos
pela mídia em torno do Golpe de 64, apelidado de “Revolução, uma reportagem do
jornal “O Globo –, que apoiou o golpe e as marchas com Deus e pelas família,
idealizadas pelo IBAD, uma Ong criada e financiada pela CIA – revelou os métodos
de investigação da Comissão Geral de Investigações – a famigerada CGI – criada
pela Ditadura a pretexto de punir os corruptos. Era com base em dados
fornecidos pela CGI que eram elaboradas as listas de políticos e servidores que
seriam vítimas de cassação e demissão do serviço público, sem que o denunciado
tomasse conhecimento dos argumentos da CGI, muito menos apresentasse a sua
defesa prévia. Foi assim com a cassação do deputado federal Tenório Cavalcante
e do estadual Romeiro Jr., bem como a demissão sumária do cargo que exercia na
Cia. de Abastecimento de Água de Duque de Caxias, que morreu sem receber os
atrasados a que tinha direito em decorrência da anistia, bem como o professor
Nilson Menezes, líder sindical dos petroleiros.
Segundo reportagem de “O
Globo”, publicada em 16 de março, o sistema de repressão da ditadura protegeu
aliados e perseguiu oposicionistas, com processos sumários que atropelavam
qualquer garantia jurídica, ao sabor das conveniências políticas e da
necessidade de legitimar o discurso moralizador do regime. Documentos obtidos
pelo GLOBO por meio da Lei de Acesso à Informação mostram que a Comissão Geral
de Investigações (CGI) — órgão criado em 1968 com o objetivo de investigar
políticos e servidores suspeitos de corrupção — arquivou sem apurar denúncias
contra os governos de Antônio Carlos Magalhães, o famoso ACM, na Bahia, e do
hoje senador José Sarney (PMDB-AP), no Maranhão.
Na direção contrária, a mesma
CGI devassou a vida do governador Leonel Brizola em busca de indícios de enriquecimento
ilícito, repetindo o processo pelo qual tentava provar o envolvimento do
presidente João Goulart em irregularidades. A engrenagem montada pelos
militares para reprimir atos de corrupção emperrava quando esbarrava em
políticos amigos.
Quem acompanhou a ação da CGI
na ditadura percebe que, ao incluir obras nos estados governados pelo DEM no DF
(Governo Arruda, do DEM), pelo PSDB (SP e MG) e pelo PSB (Pernambuco), os
governistas, que terão folgada maioria nessa CPI tamanho famílias, decidirão os
alvos das investigações, dando preferência pelas compras de trens em SP e DF, e
da construção do porto de Suape, em Pernambuco, deixando o caso da Refinaria de
Pasadena, no Texas, e o superfaturamento nas obras das refinarias de Itaboraí
(COMPERJ) e Abreu e Lima, em Pernambuco para um futuro que talvez e nunca.
Chegue.
Como a campanha eleitoral,
começa pra valer, em junho, não haverá número para as reuniões da CPI, salvo
para inquirir personagens ligados à oposição. Quanto às ligações do doleiro
Alberto Yousseff com diretores da Petrobrás, talvez em 2016, quando teremos
eleições municipais, ainda não devem ter sido ouvidos pelos inquisidores do
governo. No caso dessa CPI chapa branca, pode se aplicar a opinião debochada de
Delúbio Soares sobre o inquérito do mensalão: Vai acabar como piada de salão!
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