PROBLEMAS NA ABREU E LIMA
SÃO PIORES QUE EM PASADENA
A compra de uma
refinaria nos Estados Unidos pela Petrobras por 1,3 bilhão de dólares virou
tema de campanha eleitoral, com a oposição afirmando que a estatal pagou 20
vezes mais que o valor justo pela unidade no Texas e que Dilma Rousseff errou
ao aprovar o negócio quando era presidente do Conselho da empresa em 2006.
A investigação,
porém, está provavelmente mirando na refinaria errada: mesmo que a Petrobras
tenha pago caro, a refinaria de Pasadena, com capacidade para processar 100 mil
barris por dia, pode ter sido o melhor negócio em refino que a petroleira já
fez em pelo menos três décadas, pois a Petrobras está pagando bem mais por
novas refinarias no Brasil. É o caso da Refinaria do Nordeste (Rnest), em
Pernambuco, a primeira a ser construída no Brasil desde 1980. Com capacidade de
230 mil barris por dia, deverá custar 20 bilhões de dólares até ser inaugurada,
dentro de alguns meses.
As informações
sobre o incendiário assunto foram divulgadas num despacho do jornalista Jeb
Blount, da agência de notícias Reuters. Segundo o despacho enviados a toda a
mídia mundial que utiliza os serviços noticiosos da Reuters, cada barril de
nova capacidade de refino da Rnest custará cerca de 87 mil dólares à Petrobras,
sete vezes mais do que em Pasadena, e duas a três vezes mais do que em
refinarias modernas semelhantes que estão sendo construídas em outras partes do
mundo.
A chinesa
Sinopec, por exemplo, planeja concluir em 2015, em Guangdong, uma refinaria
para 200 mil barris diários ao preço de 9 bilhões de dólares (45 mil dólares
por barril), quase metade do custo da refinaria no Nordeste.
Em Port Arthur
(Texas), a Aramco e a anglo-holandesa Royal Dutch Shell gastaram 10 bilhões de
dólares por uma refinaria para 350 mil barris/dia, o que também equivale a um
terço do valor em Pernambuco.
Em nível
mundial, refinarias novas para o processamento de petróleo pesado estão
custando "no máximo" 38 a 45 mil dólares por barril, segundo um
consultor de refino dos EUA que trabalhou em refinarias da América do Norte,
Oriente Médio, América Latina e Ásia.
Esse consultor,
que pediu anonimato, considerou "exorbitante" o preço da refinaria
nordestina, mesmo levando em conta os atrasos habituais em projetos na América
Latina. Uma refinaria semelhante da Ecopetrol na Colômbia teve um a dois anos
de atraso e um aumento de quase 50 por cento no preço, mas mesmo assim não
chegou a custar 35 mil dólares por barril/dia, o que ainda é menos da metade da
Rnest.
As refinarias na
costa norte-americana do Golfo do México, onde fica Pasadena, geralmente lucram
cerca de 10 dólares por barril refinado, segundo Margolin, da Cowan and
Company, e Alen Good, analista de ações de empresas de petróleo e refino na
Morningstar, em Chicago.
Se a Petrobras
conseguir reproduzir essa margem de lucro em Pernambuco, levará mais de 20 anos
para cobrir os custos da refinaria. No entanto, a divisão de refino da
Petrobras perdeu quase 11 dólares por barril refinado no Brasil em 2013 e quase
16 dólares por barril em 2012, segundo o balanço de 2013.
Com base no
desembolso de 1,2 bilhão de dólares, a Petrobras provavelmente conseguiria reaver
o investimento de Pasadena em cinco anos, segundo Good.
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