EMPRESAS DA LAVA JATO TOCAM
DEZ OBRAS DE ENERGIA DO PAC 2
Com o envolvimento das maiores empreiteiras do país, a
mira da operação Lava Jato pode chegar também ao setor elétrico. De acordo com
levantamento do Contas Abertas, as empresas envolvidas no esquema de corrupção da
Petrobrás são responsáveis por pelo menos dez obras do setor de energia do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Usina de Santo Antonio |
Os dez empreendimentos estão localizados nas regiões
Norte e Nordeste, em estados como Piauí, Maranhão, Bahia, Pernambuco, Rondônia,
Pará e Tocantins. Oito obras são referentes a usinas hidrelétricas e duas a
aproveitamentos hidrelétricos. O Ministério de Minas e Energia faz o
acompanhamento do andamento das iniciativas.
A única obra que já está em execução se refere aos
aproveitamentos hidrelétricos a serem realizados na região de Tabajara, em
Rondônia. Para esta obra, as empresas Construtora Queiroz Galvão S/A,
Eletronorte, Endesa Brasil S.A., Furnas Centrais Elétricas S/A são as
responsáveis oficiais. Segundo o levantamento, a obra em execução chegou a
registrar R$ 16,2 milhões já aplicados.
As empreiteiras Queiroz Galvão e Camargo Corrêa são as
encarregadas de realizar obras em nove das dez iniciativas do PAC 2. Dentre os
empreendimentos estão, por exemplo, a usina hidrelétrica de Marabá, que atende
aos estados do Pará, Maranhão e Tocantins, e de Cachoeira, entre o Maranhão e o
Piauí.
Entre as obras, duas são consideradas “Emblemáticas”,
isto é, são mais impactantes e relevantes de acordo com o governo. Mesmo assim,
as obras das usinas hidrelétricas de São Luiz de Tapajós e em Jatobá (PA) ainda
estão em estágio de ação preparatória, ou seja, não saíram do papel.
A Odebrecht, por sua vez, é responsável pela usina
hidrelétrica de Riacho Seco, que será construída nos estados da Bahia e
Pernambuco.
De acordo com o 10° Balanço do PAC 2, o Eixo Energia
realiza ações de geração e transmissão de energia elétrica, exploração de
petróleo e gás natural, fertilizantes, refino, petroquímica e combustíveis
renováveis, além de revitalização da indústria naval.
O eixo tem o objetivo de expandir a geração de energia
limpa e renovável, e ampliar a produção de petróleo e gás para garantir o
abastecimento necessário ao crescimento do País.
De acordo com o jornal O Globo, a suspeita da Polícia
Federal é de que o esquema operado pelo doleiro Alberto Youssef vá além da
Petrobras e envolve o setor elétrico. A suspeita decorre de uma planilha
intitulada “Demonstrativo de Resultado — Obra Jirau”, com a contabilidade da
Camargo Corrêa na obra da hidrelétrica no Rio Madeira, em Rondônia, encontrada
na mesa de João Procópio de Almeida Prado, acusado de ser braço-direito do
doleiro.
A empreiteira foi uma das sócias do consórcio que
arrematou a concessão até 2012, quando vendeu sua participação. Segundo o
Ministério Público Federal, Prado era o elo do esquema de Youssef com a Camargo
Corrêa. Ele é concunhado de João Ricardo Auler, presidente do conselho de administração
da Construções e Comércio Camargo Corrêa, um dos presos na Lava-Jato.
Usina de Belo Monte |
Youssef disse à Justiça que Auler foi seu principal
contato na construtora antes de Eduardo Hermelino Leite, atual vice-presidente
da empresa, preso preventivamente. Leite é o único executivo de empreiteira,
até agora, acusado pelo doleiro de ficar com parte do dinheiro da propina a ser
dividido com os políticos. Procurada, a Camargo Corrêa informou que o Prado
“jamais prestou serviços” para a construtora e que desconhece a planilha
citada.
Segundo um delator na Operação Lava-Jato, as empreiteiras
envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras atuavam de forma articulada, em
um “clube”, como era chamado, com reuniões periódicas e um grupo VIP, formado
pelas gigantes do setor.
As denúncias também podem chegar à Administração Direta.
Confira matéria do Contas Abertas sobre
os valores pagos pela União às empresa envolvidas na Lava Jato.
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