EXECUTIVO REVELA
ESQUEMA
PARA GANHAR AS
LICITAÇÕES
Um dos executivos que aceitaram fazer o acordo de delação
premiada com os investigadores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal,
confessou que havia um "clube" de empreiteiras para ganhar as
licitações da Petrobras. Em depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público
Federal (MPF), Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, diretor da Toyo Setal, disse
que pagou de R$ 50 e 60 milhões em propina ao ex-diretor de Serviços da
Petrobras Renato Duque, um dos presos ontem (14) pela PF, na sétima fase da
operação.
A Refinaria Abreu e Lima é um exemplo dos desmandos na estatal nos últimos 10 anos |
De acordo com denúncia apresentada pelo Ministério
Público ao juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação, as empreiteiras
envolvidas no esquema participavam de um cartel para distribuir entre si os
contratos com órgãos públicos, principalmente oriundos da Petrobras. Segundo os
procuradores, parte dos desvios de recursos públicos eram repassados a partidos
políticos por meio do doleiro Alberto Youssef.
No depoimento de delação, Mendonça Neto ressaltou que
havia entendimento prévio entre Duque, então diretor de Serviços da Petrobras,
de que os contratos que fossem resultantes do clube "deveriam ter contribuições
àquele [o clube]”. O diretor também disse que negociou diretamente com Renato
Duque e "acertou pagar a quantia de R$ 50 e 60 milhões, o que foi feito
entre 2008 a 2011".
Em nota, Alexandre Lopes, advogado do ex-diretor da
Petrobras disse que a prisão "é injustificada e desproporcional",
pois ele não reponde a uma ação penal. De acordo com Lopes, ele se colocou à
disposição da Justiça para colaborar com as investigações.
A sétima fase da Operação Lava Jato foi deflagrada sexta-feira
(14), em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no
Distrito Federal. Os alvos foram diretores das empreiteiras OAS, Camargo
Correa, Engevix, UTC, Mendes Júnior, entre outras. Todos os presos foram
levados, nesta madrugada, em um avião da Polícia Federal, para a
Superintendência da PF de Curitiba, onde devem prestam depoimento hoje.
A reportagem da Agência
Brasil entrou em contato com o Consórcio Camargo Corrêa, mas não obteve
retorno. O consórcio foi responsável pelas obras da Refinaria Abreu e Lima,
principal obra da Petrobras investigada. Em nota, a OAS informou que
todos os esclarecimentos solicitados pela Polícia Federal foram fornecidos
e que continuará colaborando com as investigações. As demais empreiteiras
citadas nas investigações da Lava Jato, Engevix e IESA, não foram localizadas.
(ABr)
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