PETROBRÁS USA DECRETO DE FHC
PARA DRIBLAR A LEI DAS LICITAÇÕES
O
presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, defendeu nesta
quarta (19) que a Petrobras passe a fazer licitações para a contratações de
empresas que desempenhem atividades relacionadas à área meio da companhia, como
a construção de refinarias. Segundo Nardes, o tema foi tratado em reunião com o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, já que 19
ações sobre o assunto aguardam julgamento da Corte.
Atualmente,
a Petrobras pode dispensar disputas e firmar contratos de forma mais
simplificada, por meio de carta convite, baseada no Decreto 2.745, de 1998,
baixado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, considerando que a empresa, à
época, era estatal e única compradora desse tipo de serviço e obras. Para o
presidente do TCU, a legislação vigente sobre licitações é que deveria ser
utilizada.
“Teria uma transparência maior e poderia
evitar esse cartelização. Então, eu acho que é uma providência, e a reação do
presidente Ricardo Lewandowski foi muito positiva", disse, acrescentando
que espera "que a Suprema Corte possa se posicionar brevemente sobre essa
questão, porque é um dos grandes gargalos que estão impostos e que levou a essa
situação que atualmente acontece na Petrobras”.
O
presidente do TCU disse ainda que a dispensa de licitação é compreensível no
caso das atividades finalísticas, porque confere à empresa condições de
competir no cenário internacional. Já “na questão das construções das
refinarias, eu entendo que utilizar o decreto não dá transparência porque é uma
carta convite, em que pode se estabelecer cartéis, como já está comprovado”,
avaliou.
As declarações foram feitas após palestra no Superior
Tribunal de Justiça (STJ) sobre a governança pública como elemento para
alavancar o desenvolvimento. Na ocasião, ele elogiou a decisão da presidenta da
Petrobras, Graça Foster, de criar a Diretoria de Governança, como parte das
medidas para melhorar a gestão da companhia.
Nardes também voltou a defender que as obras feitas pelas
construtoras investigadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, não
devem ser paralisadas, porque isso prejudicaria o país e os trabalhadores.
Diante da situação atual, propôs uma revisão dos contratos
já existentes. “Nós temos que penalizar os diretores. Portanto, a minha
proposta é fazer uma repactuação dos contratos, retirar o sobrepreços e
deixarmos para analisar essa questão da inidoneidade mais à frente para não
acabar com a empresa, porque se acabarmos com as empresas, acabamos com a
produção, a geração de empregos e os impostos que mantêm o Estado brasileiro”,
destacou.
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