SHOPPING AMEAÇA ÁREA VERDE

NO CENTRO DE DUQUE DE CAXIAS 

Um terreno ao lado da Catedral de Santo Antônio, no centro de Duque de Caxias, que reúne pelo menos 180 árvores (Foto: Google Maps), a maioria frutífera, e é uma das poucos áreas verdes da cidade, está ameaçado por um grupo empresarial, que pretende construir no local um apart hotel com 18 pavimentos, além de um shopping, cujos visitantes desfrutariam de uma garagem que ocuparia 5 pavimentos do complexo. E o mais grave de tudo é que a Secretaria de Obras aprovou, em 2012, quase no final do Governo Zito, o projeto de construção, mesmo sem a apresentação do RIMA – Relatório de Impacto Ambiental. 

A audiência pública para debater justamente o impacto que o empreendimento deverá provocar na região só foi realizada na última quinta-feira (31), na Câmara Municipal, com uma comissão de moradores do bairro que deu nome à cidade, Vila Meriti, denunciando que, com ladeiras íngremes e ruas de apenas 8 metros de caixa de rolamento, ao lado do trecho mais estreito da av. Governador Leonel Brizola, antiga Presidente Kennedy, o novo centro comercial irá provocar um nó no trânsito no centro da cidade.

Um dos participantes da audiência e que foi Secretário do Meio Ambiente até 31 de dezembro de 2012, Samuel Maia, negou que que aquela secretaria tenha sido ouvida antes da concessão da licença de construção, suspensa por decreto do prefeito Alexandre Cardoso em maio último. 

Segundo Samuel Maia, em momento algum o processo de licenciamento circulou pela Secretaria de Meio Ambiente, embora reconhecendo que o impacto será muito grande, principalmente pela destruição de uma área verde no centro da cidade, com árvores centenárias, pois foi sob a sombra de algumas mangueiras que a professora Armanda Álvaro Alberto deu início, em 1923, às atividades da Escola Regional de Meriti, que ganhou do alunos e dos seus pais o carinhoso apelido e “Mate Com Angu”, pois foi a primeira escola da Baixada Fluminense a incluir a merenda escolar na sua metodologia de ensino. O apelido surgiu por conta de uma sopa de fubá, reforçada com pontas de carne e legumes doados pelos comerciantes da então Vila Meriti, hoje transformada na segunda economia do Estado e um das mais fortes do País.

Além do temor de perder uma importante área verde para a especulação imobiliária, os moradores da Vila Meriti temem o agravamento do abastecimento de água, pois a chegada do apart hotel e do shopping irá aumentar o consumo numa região cujo abastecimento é precário pelas condições geográfica. Como a estatal ainda não conseguiu resolver os problemas de saneamento da Barra da Tijuca, dificilmente investiria na melhoria do atendimento à Vila Meriti, o bairro que se transformou no centro de uma cidade com quase um milhão de habitantes.