90% DOS SERVIDORES ADEREM À
GREVE NOS HOSPITAIS FEDERAIS
A greve por tempo indeterminado dos trabalhadores do
setor de saúde dos hospitais federais do Rio de Janeiro, iniciada na
segunda-feira (3), atinge mais de 90% dos servidores no estado, paralisando
quatro unidades hospitalares e dois institutos – a exceção é o Hospital Geral
de Bonsucesso, o único que continua funcionando normalmente.
A informação é da diretora do Sindicato dos Trabalhadores
em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado do Rio de Janeiro
(Sindsprev/RJ), Lúcia Pádua, que disse que a greve foi deflagrada a partir da
decisão do governo de adotar o ponto eletrônico nas unidades de saúde do estado
e, com isto, aumentar a carga de trabalho dos servidores.
“A greve dos trabalhadores da saúde é por tempo
indeterminado e é motivado pela intensão do governo, que quer, por meio do
ponto eletrônico, alterar a carga horária da categoria de 30 para 40 horas
semanais. A decisão representa um ataque muito grande às condições de vida da
categoria, uma vez que aumenta o nível de estresse. Representa para nós,
profissionais de saúde, diminuição do salário, pois não acompanha o aumento da
carga horária”.
Segundo a diretora do Sidsprev, não há a possibilidade de
acordo sem que o governo reveja a decisão de alterar a carga horária. “É uma
conquista da categoria que há mais de três décadas, amparada inclusive por uma
portaria ministerial, trabalha 30 horas semanais. No município também a carga é
30 horas e na rede estadual é ainda menos: 24 horas semanais. Agora na
contramão da humanização do trabalho da saúde, o governo quer aumentar a nossa
carga horária e isto é inaceitável”.
Estão em greve no Rio de Janeiro os hospitais da Lagoa,
de Ipanema, do Andaraí, o Cardoso Fontes e os institutos de Traumatoortopedia e
Nacional de Câncer. Lúcia Pádua, no entanto, ressaltou que a greve na saúde é
um movimento que, pela natureza e objetivo do trabalho, não pode parar todos os
serviços.
“Embora mais de 90% da categoria tenha aderido à
paralisação, há uma parcela que continua trabalhando porque nós não somos uma
fábrica, que é só desligar o motor da máquina e ir para casa. Nós temos que
manter um atendimento mínimo à população”.
Segundo Lúcia, o que a categoria está fazendo “é
reduzindo as atividades nas salas cirúrgicas, mantendo as consultas agendadas
nos ambulatórios e que não foi possível desmarcar. Nós estamos mantendo um
atendimento mínimo - às grandes emergências. Mas os casos menos graves nós
estamos direcionando os pacientes para os postos de saúde e para as UPAs [unidades
de Pronto-Atendimento]”, disse.
A sindicalista procurou deixar claro que o movimento não
é contra o ponto eletrônico, mas em prol da dignidade do servidor da saúde
federal. “O problema é que o ponto eletrônico tem uma programação para 40
horas, o que é inaceitável”.
Em nota divulgada ontem pelo Núcleo Estadual no Rio de
Janeiro (Nerj), o Ministério da Saúde disse que “permanecerá aberto ao diálogo”
com a categoria e que “respeita o direito de greve, mas que exigirá que os
serviços essenciais à população – como atendimentos de urgência, oncológicos,
hemodiálise e diálise – sejam mantidos.
A nota foi criticada pelo Sindsprev, principalmente sobre
a declaração do Ministério da Saúde de que está “aberto à negociações”. “O que
a nota não diz é que os servidores, por meio do Sindsprev-RJ, vêm insistindo no
diálogo e estavam dispostos a suspender a greve caso o governo também
suspendesse a imposição do ponto eletrônico, que está programado para cobrar 40
horas semanais – quando há 30 anos a categoria cumpre a jornada de 30 horas”.
Na avaliação do Sindicato, a ida à greve foi o último
recurso dos trabalhadores. “É o grito de alerta e de socorro de quem tentou de
todas as formas evitar a paralisação por meio da negociação e que continua
aberto ao diálogo, mas não aceita abrir mão da defesa da saúde pública e de sua
dignidade profissional”, diz. (Foto: Sindsprev/RJ) Nielmar de Oliveira – Agência
Brasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário