STF
PEDE MAIS INVESTIGAÇÕES
SOBRE CARTEL
NO METRÔ DE SP
O
ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal , determinou o
aprofundamento das investigações do inquérito que apura um suposto esquema de
formação de cartel em licitações do sistema de trens e do metrô de São Paulo. O
ministro atendeu pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e
determinou que somente os secretários de Energia de São Paulo, José Aníbal, e
de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia, continuem respondendo às supostas
irregularidades na Corte.
De
acordo a decisão, com base em declarações de uma testemunha que colaborou com
as investigações, “há indícios do envolvimento dos requerentes Rodrigo Garcia e
José Aníbal. É cedo, muito cedo, para chegar-se à conclusão a respeito da
participação, ou não, dos citados parlamentares. Por ora, é suficiente ao
aprofundamento das investigações o que foi declarado por colaborador 'x'”,
decidiu o ministro.
Na
mesma decisão, Marco Aurélio determinou o arquivamento do inquérito sobre o
senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e
Edson Aparecido, secretário da Casa Civil de São Paulo. O ministro seguiu
entendimento do procurador-geral em relação aos acusados. Segundo Janot, não há
elementos mínimos para instauração de investigação.
O
possível esquema de fraudes no sistema de trens e do metrô de São Paulo começou
a ser investigado na Justiça Federal em São Paulo, mas foi encaminhado ao
Supremo devido à inclusão do nome do deputado federal Arnaldo Jardim. Como o
parlamentar tem foro privilegiado, as acusações só podem ser analisadas pelo
STF.
A
combinação de preços entre as empresas que participaram de licitações para
obras, fornecimento de carros e manutenção de trens e do metrô também é alvo de
investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do
Ministério Público Federal e do Ministério Público Estadual.
O
cartel é investigado pela Operação Linha Cruzada, montada pelo Cade em conjunto
com a Polícia Federal. A investigação teve início após acordo de leniência da
Siemens com o conselho, que permitiu à empresa denunciar as ilegalidades.
Documentos e cópias de e-mails trocados entre funcionários da Siemens são
analisados pelo Cade e pela Justiça Federal.
O relatório anual das contas do governo federal,
produzido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), deu ênfase ao expressivo
montante de ordens bancárias emitidas em dezembro de 2013 para saque em janeiro
de 2014. A postergação dos pagamentos com o intuito de inflar o resultado
fiscal foi ressaltada pelo Contas Abertas já no final do ano passado.
Mesmo com esclarecimentos do Tesouro Nacional, a Corte
destacou que os pagamentos realizados na transição dos exercícios podem ter
afetado os indicadores fiscais de 2013. De acordo com o relatório do TCU, assim
como aconteceu em 2011 e 2012, a prática de postergar um montante materialmente
relevante de saída de caixa de dezembro para janeiro pode ocasionar
superavaliação do resultado primário do governo federal.
Sobre essa análise, a STN argumentou para o TCU que se
deve classificar os pagamentos das OBs em questão em despesas primárias ou não
primárias (financeiras). “Além disso, esclareceu que a apuração do resultado
primário adota o critério de “caixa” para apuração das despesas e receitas e
que, por essa razão, as ordens bancárias emitidas no exercício de 2013 que não
sensibilizaram a Conta Única no mesmo exercício não devem ser computadas no
indicador”.
O Tribunal, no entanto, chamou a atenção para o fato de
que o montante de ordens bancárias emitidas em dezembro, mas sacadas somente em
janeiro, uma espécie de cheque prédatado emitido pelo Governo, aumenta a cada
ano, o que pode afetar os indicadores fiscais dos exercícios considerados.
No dia 17 de janeiro deste ano, o Contas Abertas
encaminhou denúncia ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União,
com o intuito de que a Corte de Contas pudesse quantificar o real superávit
primário de 2013 e tomar as medidas cabíveis em relação às manobras
orçamentária que o governo federal realizou no final do ano passado.
A contabilidade postergada ganhou grandes proporções de
2013 para 2014. Pela primeira vez, desde o início da série histórica do Banco
Central, em 1997, as despesas de janeiro superaram as de dezembro, por exemplo.
De 2013 para 2014 houve crescimento de 27,8% dos restos a
pagar processados (quando só falta o pagamento do serviço prestado), ocasionado
pela emissão de bilhões de reais em ordens bancárias nos últimos dias do ano —
para que fossem sacadas apenas nos primeiros dias de 2014 — e também pela retenção
de receitas estaduais e municipais.
Em dezembro, do dia 1º ao dia 27, a União pagou R$ 2
bilhões em investimentos (obras e equipamentos). No entanto, entre os dias 28 e
31 foram desembolsados R$ 4,1 bilhões. Em resumo, nos quatro últimos dias de
2013, incluindo sábado, domingo e véspera de feriado, o governo emitiu ordens
bancárias no dobro do valor que lançara nos 27 dias anteriores.
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