RELATÓRIO ADMITE QUE PETROLÃO
PODERIA ENVOLVER DILMA E LULA
Meses antes de Operação Lava Jato ser deflagrada, e-mail
enviado a Paulo Roberto Costa chamava atenção para ‘desmandos’ na gestão da
Petrobrás – revela reportagem do jornal “Estado de São Paulo”. Segundo o diário
paulista, em janeiro, dois meses antes de a Polícia Federal deflagrar a
Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás recebeu um
alerta, via e-mail, de que os “desmandos” na estatal – especialmente nos
negócios ligados às refinarias de Abreu e Lima, em Pernambuco, e de Pasadena,
nos EUA – poderiam comprometer o Palácio do Planalto e transformar a presidente
Dilma Rousseff e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em alvo de ações
judiciais.
“As notórias fragilidades e má administração da
Petrobrás, sempre abafada pelo governo federal, colocam (em risco) diretamente
a atual presidente da República e ex-presidente do C.A. (Conselho de
Administração) da petroleira Dilma Rousseff (…) e o ex-presidente Lula e seu
protegido Sérgio Gabrielli”, informa o texto do e-mail de 13 de janeiro enviado
a Costa, suspeito de comandar um esquema de desvios da estatal que abastecia o
caixa de partidos da base aliada.
O e-mail recebido pelo agora delator da Lava Jato mira,
basicamente, a gestão de José Sergio Gabrielli no comando da Petrobrás. O
petista presidiu a estatal de 2005 a 2012, período em que Costa foi diretor de
Abastecimento.
O documento em duas folhas menciona ainda prejuízos à “blindagem
financeira que hoje existe nas finanças da petroleira” e fraude contábil nos
balanços anuais da estatal. “Ou seja existe um risco, muito grande, de a
presidente da República do Brasil ser acionada judicialmente por vários
desmandos que causaram, vem causando e ainda poderão causar no futuro enormes e
significativos prejuízos aos investidores da Petrobrás”.
O e-mail foi identificado na quebra do sigilo telemático
da empresa Costa Global, aberta pelo ex-diretor de Abastecimento em 2012 e que
era usada para receber propina para partidos e políticos. O texto, em forma de
relatório informal, partiu de alguém que se identifica como “jiconceicao”. Os
investigadores ainda não conseguiram identificar o autor, que, segundo
informações preliminares, escreveu o relatório a pedido de Costa.
Ainda segundo a reportagem do “Estadão”, o conteúdo do
e-mail cita três obras da Petrobrás que são alvo de investigações: além das
refinarias de Abreu e Lima e Pasadena, menciona o Comperj, um complexo petroquímico
que está sendo construído pela Petrobrás em São Gonçalo, Região Metropolitana
do Rio de Janeiro. No texto, o autor diz
que “a possibilidade de denúncias no âmbito internacional, sobre “as condições
de segurança e do meio ambiente das unidades operacionais” da Petrobrás poderão
colocar em risco não só a imagem da estatal no mercado como “toda a blindagem
financeira existente”.
No documento, o remetente escreve: “Investidores da
Petrobrás, principalmente os internacionais, acreditam que as administrações
Gabrielli não resistem às várias ações que deverão ser propostas nas câmaras de
arbitragem internacionais (principalmente Paris e Londres).”
“Também estão em risco as empresas de auditorias que,
durante este período de administração do senhor Gabrielli, forneceram pareceres
sem as ressalvas necessárias nos balanços patrimoniais anuais por eles
auditados”, conclui o texto do e-mail.
Ainda segundo o “Estadão”, Gabrielli não respondeu aos
pedidos de entrevista. Ele já negou, em outra ocasião, envolvimento com
ilícitos. A Petrobrás também não quis comentar o caso.
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