EX DIRETOR DA PETROBRÁS CONFIRMA
QUE DENUNCIOU DEZENAS DE POLÍTICOS
Em sessão da CPI Mista da Petrobras nesta terça-feira (2),
na qual participou de acareação com o também ex-diretor da empresa Nestor
Cerveró, Paulo Roberto Costa confirmou tudo o que contou nos depoimentos
prestados à Justiça, ao Ministério Público e à Polícia Federal, acrescentando
que apresentou as provas do que disse. Quando não as tinha, prosseguiu, indicou
onde buscá-las. Paulo Roberto admitiu que nos depoimentos citou nomes de
"algumas dezenas de políticos".
— Provas estão existindo, estão sendo colocadas. Falei de
fatos, falei de dados, falei de pessoas. Na época oportuna, essas pessoas todas
virão a conhecimento público. Não é neste momento. Um dia virão. Eu não sei quando,
não está na minha mão isso, mas tudo o que eu falei eu confirmo — afirmou.
Paulo Roberto Costa disse que casos de corrupção como os
registrados na estatal de petróleo, e sob investigação na CPI Mista da
Petrobras, se repetem em outras áreas do setor público. Segundo ele, se houver
uma investigação, tudo será descoberto.
Ele admitiu ainda à CPI que assumiu a Diretoria de
Abastecimento por indicação política, enfatizando que essa é uma prática
seguida na Petrobras desde o governo Sarney, passando pelas gestões Collor,
Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma.
— Infelizmente aceitei uma indicação política para assumir
a Diretoria de Abastecimento. Estou profundamente arrependido de ter feito
isso. Resolvi fazer a delação de tudo o que acontecia na Petrobras, e não só na
Petrobras. O que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro. Nas
rodovias, nas ferrovias, nos portos, aeroportos, nas hidrelétricas. Isso
acontece no Brasil inteiro. É só pesquisar, porque acontece — declarou.
Paulo Roberto se recusou, porém, a repetir na CPI o que
revelou no processo de delação premiada, cujo teor ele é legalmente obrigado a
manter sob confidencialidade. O ex-diretor também deu a versão dele para o
e-mail que mandou à então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em setembro
de 2009. Disse que, ao contrário do publicado pela revista Veja, não houve quebra de hierarquia,
uma vez que o então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, sabia que a
mensagem seria enviada. Acrescentou que a determinação de enviar o e-mail
partiu da própria Casa Civil.
Na mensagem, Costa alerta Dilma Rousseff que o Tribunal de
Contas da União (TCU) recomendara ao Congresso Nacional a interrupção de três
obras da estatal por ter encontrado irregularidades. O ex-diretor não foi claro
ao explicar o que o levou a mandar a mensagem.
— Eu externei uma preocupação minha muito grande de um
processo que não estava me deixando nada satisfeito. Estava me deixando
enojado. Mostrando que algumas coisas não estavam bem dentro da companhia.
O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) avaliou que o
depoimento de Paulo Roberto foi elucidativo à comissão de inquérito por dois
motivos. O primeiro foi ter ele confirmado o que contou no processo de delação
premiada. O outro foi a denúncia de existência de corrupção em outros setores
da administração pública.
— O segundo ponto importantíssimo da fala dele foi quando
ele confirmou que esse esquema de corrupção existe no transporte, na Eletrobrás
e em todos os meios — afirmou Carlos Sampaio.
O ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor
Cerveró repetiu que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi
um bom negócio para a empresa. Reafirmou também desconhecer a existência de
“esquema de propina” na Petrobras.
— A avaliação que foi feita pelos auditores do TCU contém
alguns equívocos que levaram a essa divulgação fartamente explorada pela mídia
de um prejuízo que inexiste. Inexiste esse prejuízo. (Com Agência Senado - Foto:
Jefferson Rudy)
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