NATAL DE MAIS DE R$ 1 BILHÃO
Na
contramão das pretensões de corte de gastos por parte da nova equipe econômica,
capitaneada por um futuro ministro da Fazenda famoso pelo rigor no gasto
público, parlamentares preparam para si mesmos um “pacote de Natal” que, por
meio de projetos e decisões do Congresso, representará impacto financeiro de ao
menos R$ 1,15 bilhão em despesas anuais extras. Segundo o jornal Folha de
S.Paulo, estão na lista o reajuste da remuneração dos 594 deputados e senadores
e o aumento do valor das emendas parlamentares ao orçamento e dos recursos do
chamado Fundo Partidário.
Apenas
com o aumento dos próprios subsídios os congressistas vão dar ao erário uma
despesa anual mínima de R$ 71 milhões – número subestimado, uma vez que
desconsidera benefícios de parlamentares aposentados. Atualmente, o valor está
em R$ 26,7 mil mensais, mas há em curso uma articulação para que suba para R$
35,9 mil (alta de 34%). Como sempre, espera-se um efeito cascata para deputados
estaduais, vereadores e assessores parlamentares.
A
justificativa para o reajuste foi dada pelo presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN): o regimento interno determina que o comando da atual
legislatura fixe o aumento para os mandatários da próxima, a ser iniciada em 1º
de fevereiro, “para que os parlamentares não atuem em causa própria”.
“Mais da
metade dos congressistas da atual legislatura, porém, continuará em seus postos
na próxima. Além disso, o regimento determina apenas que seja estabelecida a
remuneração, sem falar em reajuste ou valores. Ou seja, nada impede que os
congressistas mantenham os atuais valores dos contracheques para os próximos
quatro anos”, registra a reportagem, lembrando que o reajuste, teto do
funcionalismo, valerá para ministros de Estado e para a presidenta Dilma
Rousseff e seu vice, Michel Temer.
Segundo a
Folha, vem da Comissão Mista de
Orçamento (CMO) a receita para o aumento de gastos: as emendas individuais
devem ser elevadas de R$ 14,7 milhões para R$ 16,3 milhões na peça orçamentária
de 2015 – impacto extra de R$ 977 milhões. Trata-se da verba que cada
parlamentar pode incluir, para a execução de alguma ação pública, no Orçamento
da União.
“Um dos principais capitais eleitorais dos
políticos, as chamadas emendas parlamentares são usadas, geralmente, para
bancar obras e investimentos nos redutos eleitorais dos congressistas”, lembra
o jornal.
Há ainda
a elevação nos recursos que a União reserva todos os anos para financiar os
partidos políticos. Como aumentou o número de siglas com representação no
Congresso, todas com direito ao Fundo Partidário (segundo proporção que leva em
conta o número de votos para seus deputados), há em curso uma pressão na CMO
para que o valor dos repasses mensais seja revisto. Os partidos que reivindicam
o reajuste, maioria na CMO, querem R$ 100 milhões a mais para o fundo, o que
significaria custo de R$ 389 milhões para o governo em 2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário