NO STF CONTRA POLÍTICOS
Em
depoimentos no processo que tramita na Justiça Federal no Paraná, o ex-diretor
de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Yousse afirmaram
que ao menos 1% do valor dos contratos da Diretoria de Abastecimento era
repassado para o PP. A ideia teria sido copiada por PT e PMDB, os dois
principais partidos da coalizão governista. Os nomes
dos políticos estão sendo citados em delações premiadas, cujo conteúdo integral
está sob sigilo.
Com o fim
da contribuição de Youssef, que prestou seu último depoimento na semana
passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pretende começar a
pedir as primeiras aberturas de inquérito ao STF. Para Janot, já há elementos
para que a participação de políticos seja apurada.
De acordo
com a investigação, o esquema organizado por Janene começou em 2004
– ocasião em que o PP emplacou Paulo Roberto Costa na Diretoria de
Abastecimento da estatal – e funcionou ao menos até março deste ano,
quando a Operação Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal. Percorreu,
portanto, dois governos e três legislaturas. Nesse período, o partido se tornou
a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados, com 40 representantes, e contou
com cinco senadores. Atualmente, em bloco com o PROS, é a terceira maior força
do Congresso Nacional.
Conforme
revelou o jornal O Estado de S. Paulo,
nos últimos dias, os investigadores da Lava Jato identificaram um homem
apontado como o segundo operador do PP - além do doleiro Alberto Youssef - no
esquema: Henry Hoyer de Carvalho, que já foi assessor do ex-senador e ex-líder
do PMDB no Senado Ney Suassuna.
No
governo Dilma Rousseff, o PP controla o Ministério das Cidades, uma das pastas
de maior orçamento na Esplanada, responsável por obras de saneamento e pelo
Programa Minha Casa Minha Vida. O irmão do ex-ministro das Cidades Mário
Negromonte, Adarico Negromonte, é um dos investigados na Lava Jato, acusado de
transportar dinheiro da propina para Youssef. Na sexta-feira, após ter a prisão
temporária revogada pela Justiça, Adarico deixou a carceragem da Polícia
Federal em Curitiba para responder ao processo em liberdade.
"O
Congresso todo conhecia o Paulo Roberto (Costa). As evidências estão surgindo e
ninguém mais pode duvidar disso", disse à reportagem Mário Negromonte, que
foi líder do partido na fase pós-Janene. Neste ano, ele se desfiliou do PP para
assumir cargo de conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia. O deputado federal
reeleito Esperidião Amim (PP-SC) também avalia que o partido será atingido, mas
os alvos, para ele, devem ser dirigentes antigos e não atuais da sigla.
O
presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), não quis comentar a declaração de
Youssef sobre o envolvimento do partido no esquema. Nogueira disse que, até o
momento, "não há nada de oficial" que envolva parlamentares da
legenda e que está à disposição das autoridades para colaborar com as
investigações e prestar esclarecimentos. (Com
Estadão Conteúdo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário