PETROLEIRO DENUNCIA:
ADITIVOS
ESTÃO NA ORIGEM DO “PETROLÃO”
“A Petrobras e boa parte das empresas públicas e estatais
têm sido vítimas de uma coisa que descobrimos com a Comissão Parlamentar
Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, e que, na verdade, já vinha acontecendo
há muito tempo, que são os aditivos de contratos”. A afirmação é do
secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e do Sindicato dos
Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella,
segundo o qual “já sabíamos que esse negócio de aditivo era uma armação”.
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Cancela admite que greves no Comperj ajudaram as empreieieras com aditivos |
O comentário foi feito em alusão à nota divulgada pela
Petrobras à imprensa, na qual a estatal atribuiu ao ex-diretor de
Abastecimento, Paulo Roberto Costa, a culpa pelos elevados investimentos
na Refinaria Abreu e Lima (RNEST). O ex-diretor, preso durante a Operação Lava
Jato, da Polícia Federal, cumpre prisão domiciliar, graças a acordo de delação
premiada. A operação apura esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo Cancella, o que se vê, no caso, é que obras que, ao
serem aprovadas, apresentavam um valor determinado, acabavam saindo cinco vezes
mais caras, devido aos vários aditivos incorporados. “Isso vem acontecendo em
tudo que é obra pública”, disse o sindicalista. Ele lembrou que a Lei
8.666/1993 prevê a possibilidade de inexigibilidade de licitação em casos
emergenciais. Cancella ponderou que isso é fundamental para a indústria do
petróleo, em especial na área de serviços e material, em situações de
emergência, “porque não precisa fazer uma concorrência e o pedido já é dirigido
para determinada empresa”. Advertiu, porém, que isso virou uma “faca de
dois gumes”.
O secretário-geral da FNP destacou que a CPMI da Petrobras descobriu
que em torno de 70% da compra de equipamentos e das obras da estatal ocorriam
por meio dessa inexigibilidade de concorrência.
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Empreiteiras estão demitindo no Comperj |
“A Refinaria Abreu e Lima não é diferente”, afirmou.
Cancella mencionou que os sindicatos dos trabalhadores foram vítimas dessa
situação, ao apoiarem muitas greves no Complexo Petroquímico do Estado do Rio
de Janeiro (Comperj) porque, ao final da paralisação, “o que ocorria era mais
um aditivo no contrato”. Quem ganhava com aquela greve, completou, eram os
donos das empresas, que estendiam a duração da obra alegando os dias parados e,
em consequência, o orçamento subia.
Para ele, as suspeitas de superfaturamento nas
obras da Petrobras devem servir como exemplo para que novos casos sejam
evitados: “Não pode uma obra como a Abreu e Lima ser orçada por um valor xis e,
no final, sair com três ou cinco xis”. De positivo, em sua opinião, há a
certeza de que a impunidade acabou: “Isso é importantíssimo, tanto para o
corrupto, como para o corruptor”.
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Abreu e Lima deu prejuízo de US $ 3,2 bi |
Na nota divulgada pela Petrobras, a empresa informa que o
projeto da Refinaria Abreu e Lima teve a sua primeira fase, de avaliação
de oportunidade, que definia estimativa de custo preliminar, aprovada em
setembro de 2005. “Com o desenvolvimento das fases 2 (projeto conceitual)
e 3 (projeto básico), foram promovidas revisões relevantes no projeto,
que foram submetidas pela Área de Abastecimento e aprovadas pela diretoria
executiva em dezembro de 2006 e em novembro de 2009”, respectivamente. Nessa
ocasião, houve a decisão final de execução, de acordo com a nota.
A estatal informou que, depois da aprovação da fase 2, foi
aprovado em março de 2007, pela diretoria executiva, o Plano de Antecipação da
Refinaria (PAR), proposto pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. A
Petrobras esclareceu que “com o Plano, houve a antecipação de diversas
atividades e alterações nos projetos e na estratégia de contratação, o que
levou a grande número de aditamentos contratuais”. Em dezembro de 2009, o
projeto foi levado ao conhecimento do Conselho de Administração, que recomendou
esforços no sentido de elevar a rentabilidade do projeto.
A nota esclarece que a
competência para aprovação de
projetos de investimento como o da Refinaria Abreu e Lima, bem como os
projetos que compõem os planos de negócios e gestão (PNG), é da diretoria
executiva da Petrobras, cabendo ao Conselho de Administração a “aprovação
da carteira plurianual de investimentos do PNG e sua financiabilidade. Na
aprovação do PNG, o Conselho de Administração não analisa individualmente os
projetos”. Apesar disso, a empresa informou que os conselheiros recebem,
desde abril de 2012, relatórios mensais de acompanhamento dos principais
projetos em curso, entre os quais o da Refinaria Abreu e Lima.
Com os primeiros escândalos de corrupção na Petrobras,
revelados pela Operação Lava Jato, foi instituída uma comissão interna para
apurar os processos de contratação na refinaria. “A referida comissão não teve
o objetivo de avaliar questões associadas à atratividade econômica do projeto (VPL)”,
ressalta a nota. Os resultados da investigação foram enviados ao Ministério
Público Federal, à Polícia Federal, à Comissão de Valores Mobiliários e à
Controladoria Geral da União. Segundo a nota, a Petrobras quer esclarecer todos os
fatos e vem colaborando com as investigações. (Com Agência Brasil
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