RACIONAMENTO DE ÁGUA JÁ AFETA
30% DAS INDÚSTRIAS
FLUMINENSES
Embora a
Cedae e o Governo do Estado neguem, o racionamento de água no Estado do Rio já
começa a afetar a produção industrial. Pesquisa divulgada hoje (21) pela
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) com 487
empresas do setor revela que 30,6% estão enfrentando problemas devido ao baixo
nível nos reservatórios de água. Essas indústrias empregam 59.849
trabalhadores. O gerente-geral de Meio Ambiente da Firjan, Luis Augusto
Azevedo, disse à Agência Brasil
que o resultado reflete a indústria fluminense como um todo, integrada por mais
de 20 mil companhias.
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Já surgiram ilhas no leito do rio Paraíba do Sul por conta da seca |
Não há
ainda uma percepção generalizada de falta de água, disse Azevedo. Ele observou,
porém, que algumas regiões, como a da Bacia Hidrográfica do Médio Paraíba do
Sul; a foz do Rio Paraíba do Sul, localizada no norte do estado; e a
região final da Bacia do Rio Guandu, na zona oeste da capital, têm
historicamente dificuldade de abastecimento nos períodos mais secos. “[Essas
regiões] estão sofrendo bastante este ano. Por isso, a maioria das empresas
situadas nessas regiões já está apontando aumento de custos e problemas de
operação.”
Entre as
empresas afetadas, 50,3% disseram que o principal efeito sentido foi o aumento
do custo de produção. A pesquisa revelou que muitas companhias vêm tomando
medidas para reduzir o consumo de água. Nesse sentido, o controle do consumo
foi apontado por 57% dos entrevistados, enquanto o controle de perdas na rede
de distribuição foi citado por 28,5% e o reuso de água, por 25,8%.
Nos
últimos dois anos, 56,7% das empresas adotaram medidas para reduzir o consumo
de água no setor. Após a implementação dessas medidas, o resultado foi uma
redução média do gasto de água de 25,6%. O gerente-geral de Meio Ambiente
da Firjan disse que, em todo o estado, no período seco, as empresas são
obrigadas a lidar com uma relativa redução do volume dos rios. “As
empresas vêm se preparando há alguns anos para lidar com essa realidade”.
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O único setor da economia a levar vantagem com a seca é dos carros pipas |
Azevedo
destacou também o custo da água. “A água fornecida pela concessionária de
abastecimento tem custo crescente”. A isso se soma o custo de captação
direta nos mananciais, pago ao estado ou à Agência Nacional de Águas
(ANA). “A própria escassez, que é recorrente nos períodos secos, e o custo da
água vêm fazendo com que as empresas busquem soluções para reduzir o consumo e
o desperdício”, disse.
Como
especialista em meio ambiente, Azevedo não tem dúvida de que é fundamental a
população participar do esforço de reduzir o consumo de água. “É necessário
sensibilizar a população para economizar água, buscar suas formas de economia,
verificar vazamentos.” Ele lembrou que existem inúmeras cartilhas elaboradas
por órgãos públicos e privados com esse objetivo. “É cada vez mais fundamental
que as pessoas participem. Temos também que adotar medidas de racionalização de
água na agricultura. Enfim, todos os setores têm de reduzir o consumo.”
De acordo
com Azevedo, a crise caminha para o agravamento, uma vez que as chuvas esperadas
para o período de dezembro e janeiro não estão ocorrendo. “Temos que nos
preparar porque os próximos meses e anos serão difíceis em relação à
disponibilidade de água.”
Em
pesquisa divulgada em dezembro pela Firjan, a água era apontada como o quinto
item de infraestrutura mais importante para as indústrias. A água foi citada
por 27% dos entrevistados, à frente de portos (16%), ferrovias (14%) e
aeroportos (6%).
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