PREJUÍZO DE US $ 3,2 BILHÕES
A obra da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, é a mais
cara em curso no Brasil: deve chegar aos US$ 18,5 bilhões. O custo inicial
estimado era de US$ 2,4 bilhões e seria uma parceria da Petrobrás com a PDVSA,
resultante de um acordo entre o ex-presidente Lula e o falecido presidente venezuelano
Hugo Chaves. Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo deste domingo (18),
a continuidade da obra foi aprovada pelo conselho de administração da estatal,
em junho de 2012, junto ao plano de negócios da empresa de 2012 a 2016. Os
investimentos em Abreu e Lima chegavam então a US$ 17 bilhões.
Em conversas reservadas, membros do conselho da Petrobras
na ocasião afirmam que, na discussão sobre a refinaria, a diretoria da estatal
apresentou a explosão de custos da obra mas não deixou claro o valor estimado
do prejuízo, então em US$ 3,2 bilhões.
Os conselheiros, segundo a Folha apurou, chegaram a
questionar se não seria melhor reduzir o valor pelo qual se registraria a
refinaria no balanço. A área financeira disse que não era preciso.
Segundo especialistas em petróleo, naquele ponto, seria
difícil para o conselho desistir da obra, que já estava 57% concluída. Mas os
conselheiros, ponderam, poderiam ter determinado uma revisão para reduzir o
potencial prejuízo, além de levar adiante a punição dos responsáveis.
Na auditoria feita pela estatal, os técnicos concluem que o
projeto "não passou por reavaliação econômica e aprovação de novos custos,
mesmo apresentando todas as situações para isso".
A Petrobras só criou uma comissão interna para investigar
Abreu e Lima em abril de 2014, depois que a Operação Lava Jato expôs a
corrupção na estatal. Graça já reconheceu publicamente que a refinaria era uma
"lição a ser aprendida e não repetida". Mas nunca admitiu que ela
geraria perda à empresa.
Um dos principais delatores do esquema de corrupção na
Petrobras, Paulo Roberto Costa foi diretor de Abastecimento da estatal quando
Abreu e Lima começou a ser construída. Ele foi acusado de ter superfaturado
contratos da obra. O valor pago a mais teria retornado ao ex-diretor como
propina. Há suspeita de que parte destes desvios tenha sido repassada a
políticos.
A gênese de Abreu e Lima remonta a 2005, quando o
ex-presidente Lula firmou um acordo com Hugo Chávez, da Venezuela, para que a
Petrobras e a petroleira venezuelana PDVSA construíssem uma refinaria no
Nordeste.
A escalada de gastos, segundo a auditoria, foi provocada
por erros de gestão, variação cambial, e mudanças no escopo do projeto, após a
saída da PDVSA. Com a Operação Lava Jato, surgiram fortes indícios de
superfaturamento da obra por um cartel de empreiteiras.
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