DESPERDÍCIO DE ÁGUA
CHEGA A 37%
APESAR DA CRISE HÍDRICA
NO PAÍS
Enquanto as concessionárias fazem campanha em favor da
economia no uso da água, levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil e
divulgado no último dia 25, revela que o País desperdiçou 6,53 bilhões de
metros cúbicos (m³) de água devido às perdas na rede de distribuição em 2013.
As concessionárias demoram a fechar os vazamentos |
Esse volume representa 37% de toda a água distribuída e
equivale a 6,5 vezes a capacidade do Cantareira ou 7.154 piscinas olímpicas. Em
termos financeiros, as perdas na distribuição representam 39%, o equivalente a
R$ 8 bilhões. O valor representa 80% dos investimentos feitos em água e esgoto
no período analisado.
O levantamento, com base no Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento (Snis) de 2013, do Ministério das Cidades, mostra que a Região
Norte é a que mais perde água no processo de distribuição. Mais de
metade (50,7%) da água usada no abastecimento é desperdiçada em razão de
vazamentos, falta de hidrômetros ou ligações clandestinas. O Amapá, com uma
população de 734,9 mil pessoas, é o campeão nacional de perdas, com um índice
de 76,54%. Em termos unitários, por ligação ativa à rede de distribuição, o
índice de perda é 2,7 mil litros/dia por ligação.
As perdas também são altas no Nordeste, com 45,03%. O
destaque é Sergipe, com 59,27%. A melhor situação é registrada na Paraíba
(36,18%) e no Ceará (36,52%). O Sudeste têm o menor índice de perdas, com
33,35% na média estadual. Rio de Janeiro é o estado com menos perdas, com
30,82%, seguido pelo Espírito Santo (34,39%). As demais regiões apresentam
índices próximos ao do Sudeste: Sul (35,06%) e Centro-Oeste (33,4%). O Distrito
Federal tem o melhor índice do país, com 27,27%.
Toneladas de lixo soterram o Aqüeduto de Piranema, em Seropédica |
Em comparação com 2004, o Trata Brasil avalia que as perdas
na distribuição não diminuíram a contento. Houve redução de 8,7 ponto
percentual nos últimos dez anos, o que equivale a menos de 1 ponto percentual
por ano. O índice passou de 45,6%, em 2004, para 36,9%, em 2013. “[Os dados]
confirmam a necessidade de acrescentar os esforços na redução de perdas para
atingir níveis condizentes com a situação hídrica atual”, informa nota do
instituto.
O estudo faz uma estimativa de redução das perdas para 2033
considerando três cenários: otimista, base e conservador. Em uma situação
considerada otimista, o país chegaria com 15% naquele ano, uma redução de 62%.
Um cenário base propõe que as perdas na rede de distribuição de água fiquem em
20% e uma posição conservadora sugere um índice de 25%.
Caso o país alcançasse o cenário base, ao longo dos cinco
primeiros anos, isso representaria um ganho financeiro de R$ 2,61 bilhões. Ao
longo de 20 anos, o ganho acumulado chegaria a R$ 26,73 bilhões, o que
equivale, por exemplo, a 9% do investimento planejado pelo Plano Nacional de
Saneamento Básico (Plansab) até 2033 para se conseguir a universalização da
água e esgoto.
Com relação ao criminoso soterramento do Aquífero de
Piranema, em Seropédica, cuja área hoje é ocupada por um aterro sanitário que
recebe o lixo gerado na Capital e na Baixada Fluminense. O novo aterro foi
iniciativa do então governador Sérgio Cabal, diante da impossibilidade da
construção de um aterro na região de Paciência, Zona Oeste do Rio de Janeiro, a
tempo de ser apresentado na Conferência Rio+20, em substituição ao lixão de
Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, explorado pela Comlurb por mais de 35
anos.
Por omissão do Poder Público de Seropédica, antigo Distrito
de Itaguaí, a área do Aquífero de Piranema, um dos maiores depósitos de água
doce da América do Sul com
aproximadamente 200 KM², que está sendo contaminada pelo chorume produzido pelo
lixo depositado no aterro, que é administrado por uma empresa privada.
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