DILMA REFORMA E DOA USINA
TÉRMICA PARA EVO MORALES
No momento em que a energia elétrica vendida para a
indústria brasileira sobe 48% nos primeiros meses de 2015, a Eletronorte,
subsidiaria da Eletrobrás, gasta R$ 60 milhões para reformar uma usina térmica,
movida a óleo diesel, que adaptada para usar gás natural e será doada ao
Governo da Bolívia. Para evitar que o Senado atrapalhasse a espantosa doação, a
Eletronorte classificou como “inservível” a usina térmica Rio Madeira,
localizada em Porto Velho (RO), inaugurada em 1980 e responsável pelo
abastecimento de energia elétrica aos Estados de Rondônia e Acre.
Com potência de 9 megawatts, a usina é capaz de abastecer
uma cidade de 700 mil habitantes. Ela foi desativada em outubro de quando o
Estado de Rondônia foi conectado por linhas de transmissão ao Sistema Integrado
Nacional (SIN), e passou a ser abastecido com energia produzida por
hidrelétricas, muito mais barata que a gerada por óleo diesel.
A denúncia desse mal ajambrado negócio com a Bolívia foi
feita na edição deste domingo do jornal Estado de S. Paulo, acrescentando que a
“reforma” e o transporte da usina até a Bolívia custarão R$ 60 milhões, já
transferido pelo Governo para os cofres da Eletronorte.
Essa transação contou com a participação da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que em janeiro de 2014, embora desligada
desde 2009, ainda tinha condições de operar parcialmente e seu prazo de
concessão terminaria em 2018. Apesar disso, a Aneel declarou a usina térmica do
Rio Madeira “inservível à concessão de serviço publico”, isto é, por laudo, a
Aneel garantiu que a referida usina era uma sucata, que poderia ser vendia em
leilão como tal. Mas o Governo resolveu dar à velha usina um destino mais
glorioso. Ao custo de R$ 60 milhões, a usina foi adaptada para o uso do gás
natural, abundante na Bolívia.
Ainda segundo a reportagem do “Estado”, uma usina do mesmo
porte, novinha em folha, custaria R$ 100 milhões, o que significa que, além do
desfalque no patrimônio da Eletronorte, a “recauchutagem” ainda vai bater nas
costas do Tesouro com essa despesa nada desprezível de R$ 60 milhões.
Por meio de nota, o Ministério de Minas e Energia informou
que o acordo teve como objetivo "promover a cooperação energética com a
Bolívia". O ministério disse que a transferência de R$ 60 milhões foi
autorizada por meio da Medida Provisória 625/2013.
O ministério informou ainda que os trâmites necessários
para operacionalizar o acordo deveriam ser informados pela Eletronorte. Já a
empresa declarou que o governo deveria se pronunciar sobre o assunto, já que se
trata de uma negociação internacional.
O pedido de doação da termelétrica foi feito diretamente
pelo presidente boliviano, Evo Morales, em uma reunião bilateral com Dilma
Rousseff - a primeira entre os dois - durante a primeira Cúpula da Comunidade
de Estados Latino-americanos (Celac), na Venezuela, em dezembro de 2011.
No encontro, Evo explicou à presidente os problemas de
energia e os apagões constantes enfrentados por seu país e pediu ajuda. Apesar
de ser um dos maiores produtores de gás do mundo, a Bolívia não tem os
equipamentos para transformá-lo em energia elétrica.
Dilma prometeu ceder então à Bolívia a termelétrica Rio
Madeira, que estava sem uso no Brasil, mas que precisava ser reformada. O
contrato seria de empréstimo por 10 anos, renováveis. Na prática, no entanto, o
empréstimo se transformaria em uma doação, já que o custo de devolver a usina
para o Brasil dificilmente compensaria.
A entrega desse caríssimo “mimo” da Presidente Dilma ao
compañero Evo Morales, sem a autorização prévia do Senado, por se tratar de
negócio entre o Governo Brasileiro e um governo estrangeiro, só está dependendo do “entregue-se” do
Ministério de Minas e Energia, agora sob o comando do senador Eduardo Braga, do
PMDB.
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