ADVOGADO CONFIRMA SUBORNO
DA SBM NA LOCAÇÃO DE NAVIOS
O
advogado Jonathan Taylor, que durante nove anos trabalhou na empresa holandesa
SBM Offshore, disse em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da
Petrobras, em Londres, que a SBM pode ter pagado 92,6 milhões de dólares em
propinas entre 2003 e 2011 em troca de contratos com a estatal.
Ele
prestou depoimento durante seis horas a uma comissão composta pelos deputados
Antonio Imbassahy (PSDB-BA), Celso Pansera (PMDB-RJ), Leo de Brito (PT-AC),
Efraim Filho (DEM-PB), Andre Moura (PSC-SE), Bruno Covas (PSDB-SP) e Marcelo
Squassoni (PRB-SP).
Taylor
trabalhou na SBM de 2003 a 2012 e participou de uma comissão interna de
investigação destinada a apurar irregularidades, já que a empresa era
investigada por suspeita de pagamento de propina na Holanda e nos Estados
Unidos.
A
estimativa de propina informada por ele à CPI é baseada no percentual de
comissão que a empresa pagava, no período, a seu representante no Brasil, o
empresário Júlio Faerman: 3% sobre o valor dos contratos. Segundo ele, as
comissões de Faerman totalizaram 139 milhões de dólares e um manuscrito
encontrado durante as investigações internas apontava que, dos 3% de comissão,
Faerman ficava com 1% e os demais 2% eram identificados como “outside” (por
fora), que ele interpretou como pagamento de propina.
O
deputado Celso Pansera avaliou que as informações fornecidas por Taylor abrem
uma nova linha de investigação. “Ele alegou não saber para quem era a propina,
mas disse ter apresentado as informações à Controladoria-Geral da União (CGU)
no ano passado e que isso não foi devidamente investigado por causa do período
eleitoral”, explicou Pansera.
Para o
deputado, é importante agora a CPI convocar representantes da CGU para explicar
o andamento das investigações, bem como insistir em ouvir Júlio Faerman ou seus
familiares. Faerman foi convocado a depor pela CPI da Petrobras, mas não foi
localizado e é considerado foragido.
O
deputado Leo de Brito vê com cautela as informações prestadas por Taylor. “Ele
fez uma ilação sobre o pagamento de propina a partir de percentuais e
precisamos ter cuidados também com os documentos que ele entregou à CPI”,
argumentou.
Taylor
entregou à CPI cópias de e-mails e gravações obtidas durante o processo de
investigação interna na SBM. “Mas não ficou claro se o material faz parte da
investigação oficial ou se foi obtido de maneira ilegal. Esse é o cuidado que a
CGU está tendo com as informações prestadas por ele”, disse Leo de Brito.

De 1997 a
2010, Barusco disse ter recebido 22 milhões de dólares em propinas relativas a
contratos entre a Petrobras e a SBM, dinheiro depositado em contas no exterior
operadas por Júlio Faerman.
Segundo
Barusco, quem intermediou a propina na época foi o representante da SBM, Júlio
Faerman. Entre 2000 e 2003, ele admitiu ter recebido quantias mensais que
variavam entre 25 mil e 50 mil dólares.
Em 2007,
foi firmado outro contrato entre a SBM e a Petrobras, dessa vez para o fornecimento
de um navio-plataforma chamado P57, no valor de R$ 1,25 bilhão. Barusco era
então gerente-executivo de Engenharia e recebeu 1% do total entre 2007 e 2010.
Em 2010,
segundo Barusco, Renato Duque (diretor de Serviços da Petrobras, ao qual era
subordinado) pediu a Faerman 300 mil dólares como “reforço” de campanha
eleitoral, “provavelmente” a pedido de João Vaccari Neto, quantia que teria
sido contabilizada como “pagamento destinado ao PT”. Vaccari foi tesoureiro do
PT. Em depoimento à CPI da Petrobras, depois de pressionado por deputados,
Barusco disse que o dinheiro era destinado à campanha eleitoral da presidente
Dilma Rousseff. (Com Agência Câmara)
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