CANSADO DE SER VICE – PMDB
DECIDE ENCARAR LULA EM
2018
Cansado de ser apenas
vice e ser diariamente hostilizado pelo PT, o PMDB se papara para disputar a
Presidência da República em 2018, mesmo que seja contra Lula. E a essa
disposição – a de se preparar para a guerra em busca do Palácio do Planalto –
já deixou o conforto e a segurança dos corredores palacianos é já é discutida
abertamente nos encontros de suas principais lideranças. Nesse sentido, o
partido já contratou economistas para modernizar o seu programa, que será
discutido durante o encontro nacional do partido em setembro próximo, além e
ampliar a sua ação através das redes sociais.
Nomes também já têm sido discutidos de maneira informal,
incluindo o do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), e do
prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Depois de atuar como simples
coadjuvante na política nacional nos últimos 20 anos, lideranças do partido
estão em busca de uma plataforma que una as várias correntes do PMDB e ajude a
quebrar a resistência de eleitores que associam a legenda com clientelismo e
corrupção.
"Estamos pavimentando a estrada que nos levará a
vitórias em 2018", disse Wellington Moreira Franco, ex-governador do Rio e
atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães e arquiteto do plano de
renovação do partido, em meio a aplausos no Encontro Nacional de Secretários
Gerais do partido, na semana passada, em Brasília.
"Não podemos perder a oportunidade que se coloca de
uma maneira muito mais vibrante e concreta que no passado que é realizar um
grande sonho de nosso partido: eleger o presidente da República."
Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil no primeiro
mandato de Dilma Rousseff, disse em entrevista à Reuters que o PT está em uma
"situação difícil" e que o país enfrenta uma "crise política
muito profunda".
"O vazio de poder hoje é muito forte."
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro, nascido na
ditadura militar há 50 anos como único partido de oposição tolerado, agrega políticos
de todo o Brasil e abre mão deliberadamente de uma ideologia clara. Divisões
internas atrapalharam planos anteriores de lançar um candidato à Presidência, e
o partido tem se aliado aos vencedores de ocasião desde Fernando Henrique
Cardoso.
Atualmente, o partido controla as duas Casas do Congresso e
a Vice-Presidência, com poder para acelerar ou barrar a tramitação de projetos
de lei.
O PMDB assumiu também a articulação política no segundo
mandato de Dilma e controla ministérios importantes, como o da Agricultura e
das Minas e Energia. No momento, o apoio do partido é fundamental para a
aprovação do ajuste fiscal, proposto pela presidente para restaurar a confiança
do mercado no país.
Até hoje, o PMDB só elegeu um presidente, Tancredo Neves,
em uma eleição indireta em 1985 na transição para a democracia. Mas Tancredo
morreu antes de tomar posse, dando lugar a José Sarney, que apoiou o regime
militar e só havia aderido ao PMDB para aquela eleição.
O protagonismo atual do partido e os planos para ter candidato
próprio em 2018 já influenciam a pauta no Congresso. Um candidato do PMDB
também poderia diminuir a chance de outras alternativas à polarização entre PT
e PSDB.
"Queremos nos preparar para os próximos 10 anos. O que
vamos fazer? A primeira providência é buscar unificar o partido, formar uma
grande maioria, em torno de uma ideia-força", disse Moreira Franco à
Reuters.
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