JANOT EXAMINA LIGAÇÕES ENTRE
DOIS MINISTROS E UM EX DA OAS
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no
Supremo Tribunal Federal (STF), enviou para o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, o relatório da Polícia Federal com mensagens telefônicas que
mostram a proximidade dos ministros Dias Toffoli, do STF, e Benedito Gonçalves,
do Superior Tribunal de Justiça (STJ), com o empreiteiro Léo Pinheiro,
ex-presidente da OAS e réu do petrolão. Léo Pinheiro estava preso até a semana
retrasada. Foi solto por uma decisão apertada da 2ª Turma do STF - e, para
isso, contou com o voto decisivo de Dias Toffoli. De acordo com a Procuradoria
Geral da República, Janot vai decidir até a semana que vem quais providências
vai adotar no caso.
Reveladas por VEJA, as mensagens descobertas pela Polícia
Federal nos telefones celulares de Léo Pinheiro mostram que o empreiteiro
frequentava a residência de Dias Toffoli. Léo Pinheiro era convidado para as
festas de aniversário de Toffoli, e aparece pedindo a um funcionário que
providenciasse um presente para o ministro. Os arquivos coletados nos celulares
de Léo Pinheiro foram reunidos em um relatório de 26 páginas, enviado sob
sigilo a Teori Zavascki. Na semana retrasada, Zavascki encaminhou o documento
para que Rodrigo Janot se manifeste sobre as providências a serem adotadas
tanto em relação a Dias Toffoli quanto a Benedito Gonçalves.
Segundo a Secretaria de Comunicação da Procuradoria Geral,
Janot está analisando o material. "A resposta deve ser encaminhada ao STF
em até 15 dias", informou a Procuradoria-Geral da República em nota. O
procurador-geral pode, por exemplo, questionar a participação de Dias Toffoli
nos julgamentos relacionados à Lava Jato. Também cabe a ele solicitar a
abertura de investigação sobre as relações tanto de Toffoli quanto de Benedito
Gonçalves com o ex-presidente da OAS. Outra opção de Janot é engavetar o
relatório: ele pode simplesmente sugerir o arquivamento do material.
No caso de Benedito Gonçalves, Janot pode sugerir a remessa
do material ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro do STJ trocava
mensagens diretamente com Léo Pinheiro e costumava pedir favores diversos,
inclusive para parentes. Benedito estava em campanha para ocupar a vaga deixada
por Joaquim Barbosa no STF e, para realizar o que chama de "projeto
pessoal", chegou a pedir a "ajuda valiosa" do empreiteiro, amigo
do peito de Lula. Gonçalves era um dos preferidos do ex-presidente para o
posto.
A VEJA, Dias Toffoli afirmou por meio de nota que conhece
Léo Pinheiro, mas que "não tem relação de intimidade e não se recorda de
ter recebido presente institucional dele ou da empresa OAS". O ministro
não respondeu à pergunta sobre as visitas do empreiteiro a sua residência.
Benedito Gonçalves, por sua vez, não se pronunciou.
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