COMISSÃO DO SENADO REJEITA PENA
DE PRISÃO PARA MAIORES DE 16 ANOS
Depois de muita polêmica e opiniões divididas, a Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado rejeitou, por 11 votos a 8, a
proposta de emenda à Constituição (PEC
33/ 2012), de autoria do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que
permitiria ao Judiciário condenar à prisão maiores de 16 anos de idade
responsáveis por crimes hediondos, como homicídio qualificado, sequestro e
estupro.
Apesar da rejeição, a proposta tem chance de passar por
nova apreciação na Casa. É que, como a votação foi apertada, o senador Aloysio
Nunes disse que recolherá as nove assinaturas necessárias e apresentar um
recurso para que a matéria ainda seja discutida no plenário do Senado. A
apreciação desse recurso no entanto, depende do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL). “A matéria é polêmica e muitos senadores manifestaram
desejo de continuar debatendo o tema. Acho que é uma matéria de tal importância
que merece apreciação do conjunto da Casa, e não apenas dos membros da Comissão
de Constituição e Justiça. Por isso, vou recorrer”, adiantou o parlamentar
tucano.
Para ele, a proposta não foi totalmente entendida pelos
colegas. O texto mantém a regra da maioridade penal aos 18 anos e, só em casos
excepcionais, quando o adolescente comete um crime hediondo e é reincidente, o
juiz da Vara da Criança e do Adolescente pode aplicar a lei penal, explicou.
Apesar de achar que a proposta ainda não é a ideal, Magno Malta (PR-ES) considerou o texto um passo importante. “Neste momento em que eles (os contrários à proposta) bateram palmas, pode ter sido assassinada uma mãe de família por um homem travestido de criança”, disse o senador.
Apesar de achar que a proposta ainda não é a ideal, Magno Malta (PR-ES) considerou o texto um passo importante. “Neste momento em que eles (os contrários à proposta) bateram palmas, pode ter sido assassinada uma mãe de família por um homem travestido de criança”, disse o senador.
Já Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) aplaudiu a derrota da
proposta relatada pelo peemedebista Ricardo Ferraço (ES) sofreu. “O Senado
levou em conta o clamor que viu no início deste ano com as penitenciárias
abarrotadas. O Senado levou em conta o bom senso, que considera que nós temos a
quarta maior população carcerária do país. Se reduzirmos para 16 (anos a
maioridade penal), o clamor vai exigir [em pouco tempo] que se reduza para 14, depois
para 12, para 10, para 8. Daqui a pouco vamos ter maternidade de segurança
máxima”, ironizou Randolfe, que leu um voto em separado contra a
proposta.
Durante o debate, o Conselho Federal de Serviço Social
(CFSS) distribuiu material com cinco argumentos contrários à redução da
maioridade penal e a qualquer proposta de ampliação do tempo de internação de
adolescentes no sistema socioeducativo. Um manifestante contrário à proposta
chegou a chamar o senador Aloysio Nunes de fascista, e os parlamentares
reagiram.
“Fascista
é quem grita e interrompe. Fascista é você!”, disse Nunes. Pedro Taques
(PDT-MT) lembrou que a democracia prima pela tolerância e invocou o direito
constitucional de os parlamentares expressarem livremente suas opiniões. (Karine Melo –Agência Brasil)
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