AUDITORIA
DO TCU ADMITE A
POSSIBILIDADE
DE APAGÃO
O
Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou fortes indícios de que a capacidade
de geração de energia elétrica do Brasil é estruturalmente insuficiente para garantir
a segurança energética. O critério segurança pressupõe o atendimento
satisfatório da demanda nacional com qualidade e continuidade, respeitando-se
os riscos de déficit definidos pelo Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE).
Esse é
mais um órgão técnico que já admite o elevado risco de ocorrer um apagão até
novembro, quando começam a nova temporada de chuvas no Sul-Sudeste, capaz de
recompor, pelo menos em parte, o nível das represas que abastecem as
hidroelétricas e respondem por 70% da energia elétrica consumida na região.
A
auditoria realizada pelo TCU apontou como causas da insuficiência falhas no
planejamento da expansão da capacidade de geração, com atrasos e suspensões por
problemas ambientais nessas obras, como Santo Antônio e Girau. Além disso, a
superavaliação da “garantia física” das usinas também está entre as falhas
apontadas pela Corte. A deficiência implica na possibilidade de estar
efetivamente disponível menor capacidade média de geração de energia do que
aquela nominalmente indicada por usina, diferença que pode ser significativa no
total do sistema.
Outro
ponto destacado foi a possível indisponibilidade de parte do parque de geração
termelétrica convencional, o que faz com que a capacidade de geração total do
sistema e a capacidade de substituir parcialmente as hidrelétricas em períodos
de seca sejam menores do que as nominalmente indicadas.
Por
fim, o estudo destacou o atraso nas obras de geração e transmissão de energia
já contratadas, o que não permite que a capacidade de geração atinja os
patamares indicados pelos sistemas de planejamento.
“Conforme
analisado, o efeito cumulativo de tais causas pode atingir montantes
expressivos, superiores a 10% da capacidade estrutural total de geração de
energia elétrica”, aponta o ministro do TCU e relator do processo, Augusto
Sherman Cavalcanti.
De
acordo com Cavalcanti, uma questão de extrema relevância tratada no presente
processo de monitoramento diz respeito à ausência de estudos de custo/benefício
econômico e socioambiental relativamente à utilização das tecnologias de
geração de energia elétrica. Para ele, isso impede que tais critérios sejam
adequadamente utilizados no planejamento da expansão do parque gerador de
energia elétrica, de maneira que há o risco de essa expansão estar ocorrendo
fora dos pontos ótimos de economicidade, segurança e preservação do meio
ambiente.
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