CORRUPÇÃO COM
DINHEIRO DA
EDUCAÇÃO PROVOCA CLAMOR
A notícia de que prefeitos, ex-prefeitos, vereadores e
servidores públicos de 20 cidades baianas são suspeitos de participar do desvio
de pelo menos R$ 70 milhões dos cofres públicos causou a indignação de
representantes de entidades da sociedade civil que trabalham com educação.
Segundo a Polícia Federal (PF), boa parte do dinheiro foi desviado do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb),
entre 2009 e 2014. A PF, no entanto, diz ter encontrado indicíos de que a
quadrilha operava, pelo menos, desde 2001. Entre outras coisas, o grupo
desviava parte do dinheiro que deveria ser pago a professores do ensino
fundamental a título de gratificações.
“Isso é quase um homicídio coletivo, pois tira de
milhares de crianças a possibilidade de receber uma educação de qualidade, única
forma delas romperem o ciclo de exclusão e de pobreza”, declarou a
diretora-executiva do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, chamando a
atenção para o fato de que os municípios baianos apresentam alguns dos piores
indicadores em termos de qualidade da educação.Leia também:
“Em geral, os
resultados alcançados pelos estudantes baianos são baixíssimos. Apenas 16% dos
alunos do 3º ano do ensino fundamental apresentam o nível de domínio da escrita
que se espera da sua faixa etária. Além disso, as taxas de matrícula são baixas
e há pouca oferta de educação integral. Esses R$ 70 milhões poderiam muito bem
ser investidos na formação de professores”, acrescentou Priscila Cruz.
Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação,
Daniel Cara lembrou que a construção de uma creche para atender a 240 crianças
em período parcial custa, em média, R$ 1,5 milhão – mesmo valor do custo
estimado para a manutenção mensal.
“E a falta de vagas em creches é um problema sério na
Bahia e em outros estados”, comentou Cara, destacando que o desvio de dinheiro
público é algo sempre muito grave, sobretudo quando ocorre em áreas sensíveis
como a educação. “Porque o recurso já é insuficiente. E a falta de verba
inviabiliza o pagamento de um salário adequado aos professores e nas escolas”,
um problema que pode ser verificado em outros estados, completou.
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