CAXIAS ESTÁ SUFOCADA PELA
FALTA DE MOBILIDADE URBANA
Nascida em torno de uma pequena estação ferroviária,
inaugurada na segunda década do Século XX, Duque de Caxias não foi premiada
como uma das sedes da Copa do Mundo e, por conta dessa exclusão, está perdendo,
de goleada, a chamada guerra pela mobilidade urbana.
Última cidade do Grande
Rio a receber o benefício das composições com tração elétrica, cortada por uma
rodovia federal (BR-040) e passagem obrigatória de automóveis, ônibus e
caminhões que chegam e partem da Capital, mesmo sendo considerada a segunda
potência econômica do Estado, Duque de Caxias está sufocada e apequenada em
matéria de mobilidade urbana.
Na última sexta-feira, e mais uma vez, a cidade parou com
o enésimo e gigantesco engarrafamento por conta de problemas na Linha Vermelha.
Essa é uma situação que se repede todos os dias, tanto pela manhã como à tarde,
causando transtornos para motoristas e passageiros de coletivos que não passam
pela Linha Vermelha, construída pelo Governo Federal para facilitar a ligação
do Centro do Rio com o Aeroporto do Galeão e, de quebra, servir como uma
vitrine para a Conferência Rio-92. Quem embarca num coletivo no ponto ao lado
da estação ferroviária, para seguir pela BR-040 em direção ao bairro Jardim
Gramacho, um percurso de pouco mais de 6km, leva, tanto pela manhã, como à
tarde, mais de uma hora.
Por omissão do Poder Público, ao longo de décadas suas
ruas continuaram estreitas, embora cercadas por arranha-céus, como a Rua Conde
de Porto Alegre, uma das primeiras vias da cidade a receber edifícios com até 10
pavimentos, como os dois da foto. Em virtude da topografia, o trânsito entre o
Centro e os bairros periféricos só é possível através de umas poucas ruas, com
apenas oito metros de largura, insuficientes para receber milhares de veículos
entrando e saindo da cidade. O fato é que, em suas construções, os proprietários de
ambos os prédios desobedeceram o Plano de Alinhamento estabelecido pela
legislação municipal, inviabilizam, hoje, que a rua seja alargada para atender
ao fluxo crescente de veículos. Esse é só um dos chocantes exemplos da ausência
do Poder Público na fiscalização da chamada ocupação do solo.
Outro exemplo é o de um outro prédio, de caráter
residencial, construído na década de 60 na faixa de domínio da antiga Estrada
Rio-Petrópolis, ao lado do viaduto do Centenário. Apesar de sua construção
irregular, o DER-RJ, que herdou a antiga ligação da capital com a cidade
serrana, já indenizou os antigos ocupantes mas, por displicência do setor
jurídico do órgão, o prédio voltou a ser ocupado, o que está retardando a
conclusão da duplicação do trecho da atual Avenida Governador Leonel Brizola
entre o bairro Centenário e a entrada de Campos Elíseos, obra iniciada em 2005
(Governo Rosinha Garotinho).
O Plano Diretor do Desenvolvimento Econômico do
município, elaborado no primeiro governo do prefeito Moacyr do Carmo, no final
dos anos 60, fixava metas a serem cumpridas nos governo seguintes para preparar
Duque de Caias para o Século XXI. O plano envelheceu e não foi integralmente
executado.
Hoje, o desenvolvimento econômico, do ponto de vista de
nossos governantes, é baseado na atração via incentivos fiscais, de novas
indústrias, que criam milhares de empregos na fase da construção (pedreiros,
carpinteiros, operadores de máquinas de terraplanagem), cujos empregos pós
inauguração, mas de alto nível tecnológico e de remuneração, acabam sendo
preenchidos por técnicos importados, como ocorreu na implantação da Companhia Siderúrgica
do Atlântico (CSA), no distrito industrial de Santa Cruz, Zona Oeste da
Capital, que importou centenas de técnicos da Europa e da China, o mesmo
ocorrendo com as empresas que estão se instalando no polo petroquímico de
Campos Elíseos, a começar pela Refinaria Duque de Caxias, em que, entre
milhares de empregados efetivos e terceirizados, o número dos que moram no
município fica muito distante dos 10% do total.
No segundo governo do ex prefeito Zito, a prefeitura
encaminhou ao Palácio do Planalto um projeto para a recuperação do manguezal da
Baía da Guanabara, elaborado por uma Universidade pública da Capital. Além de
recuperação do ecossistema da região, o projeto prevista a implantação de um
laboratório de pesquisas no campo da biologia marinha, bem como de uma rodovia
que ligaria a Linha Vermelha a Magé, desafogando as rodovias Rio-Petrópolis e Rio-Teresópolis.
À época, o custo foi estimado em R$ 90 milhões, que seriam financiados pela
Petrobrás, como compensação pelos prejuízos ambientais causados por repedidos
acidentes em torno da Reduc, principalmente o vazamento de petróleo e
derivados. As chamadas “forças ocultas”
interceptaram o projeto, que hoje está perdido em alguma espaçosas gavetas,
limbo onde são colocados projetos de relevante interesse público, mas prejudiciais a
interesses privados, a começar pelas construtoras que controlam as rodovias pedagiadas
no RJ, entre outros lobbies ativos no Congresso Nacional, como o “imbróglio”
envolvendo a Petrobrás está revelando, inclusive com a suspeita investigada
pela Polícia Federal de desvio de dinheiro da estatal para financiar o tráfico
internacional de drogas através do doleiro Alberto Youssef, preso no Parná a pedido da Polícia Federal.
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